Capítulo 1 - Vai viralizar

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Vai viralizar

Isabela

— Você está mesmo bem? Sabe que pode passar o final de semana comigo quando quiser — minha mãe, Renata, comentou enquanto eu terminava de pintar minhas unhas de vermelho Oh My God!, da linha de Friends da Risqué, assoprando para tentar acelerar o processo de secagem.

— Eu sei, fica tranquila, eu estou bem — comentei com pouco caso, porque era o que eu estava dizendo o dia inteirinho.

Estou bem!

Eu? Imagina, estou ótima!

Maravilhosa!

Resplandecendo felicidade!

E eu realmente queria dizer aquilo, só que era estranho, afinal era o primeiro dia dos namorados que eu estava sozinha depois de quase nove anos. Sem chocolates, flores, presentes, jantares, surpresas ou Rodrigo.

Eu tinha consciência de classe e sabia que não tinha direito de ficar triste ou abatida com isso quando fui eu quem rompi com ele, mas mesmo assim, era estranho. Meio vazio. Como se faltasse algo, ou alguém, porque quando se está há tanto tempo em um relacionamento, você acaba se acostumando com ele no seu dia a dia.

Esse era o problema, não era?, uma vozinha irritante parecida com a minha tia Ofélia sussurrou no meu ouvido e eu olhei para minhas unhas perfeitamente borradas na borda, mas que em um banho sairiam e ficariam lindas. Por que era tão difícil terminar um relacionamento? Deveria ser tão simples quanto limpar a bordinha da unha: uma palitada e o negócio estava resolvido.

Mas nãaaaaaaaaaao, claro que não.

Rodrigo Antônio Mafra, também conhecido como juizão, tinha que ser uma pessoa incrível, um amigo sensacional, e um ex-namorado ainda mais perfeito por não ter me odiado para sempre. Isso facilitava superar? Nenhum pouco, dificultava ainda mais, mas eu não poderia dizer isso para ele. Nem queria. Acho que eu ainda não queria ter que dizer adeus para sempre quando... bem, quando eu achava que ele um dia fora o meu para sempre.

Enfim, ninguém disse que tinha que fazer sentido, né?

— Tudo bem, Belinha — sua voz continha sorrisos, mesmo que seus olhos não refletissem aquela animação. Eu sabia o que ela pensava e não queria entrar naquele caminho de autopiedade de Renata Alvarez, contudo antes que eu conseguisse falar algo, ela prosseguiu — eu só quero te lembrar que não é só porque eu e seu pai não funcionamos, que todos os relacionamentos não vão funcionar.

Ah, não, de novo isso não...

— Mãe...

— Eu só quero ter certeza de que você terminou com o Rorô porque era o que você queria e não porque em algum lugar da sua mente, você achou que vocês dois terminariam como eu e o seu pai. Meu coração de mãe se preocupa que eu estraguei seu lado romântico para sempre — esclareceu aquilo que não precisava e eu rolei meus olhos.

— Você sabe que eu sou a maior fã de romances da história, né? Tenho caixas de livros espalhadas no apartamento para comprovar isso, então não se culpe por eu ter terminado com o Rodrigo — foi pela rotina, pelo limbo que nos enfiamos sem nem ao menos notarmos quando a chama havia apagado entre nós. Não havia nem ao menos uma brasa para tentar reacender aquilo que eu achava que me queimaria eternamente. Só que, de repente, um dia durante um jantar, eu notei que ela não estava mais ali. E eu reparei isso olhando para um pimentão. Ou era um tomate? Enfim... — e eu estou bem, só não vou te visitar porque o Maurício colocou uns dois casos complicados sob meus cuidados e os prazos estão chegando.

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora