Capítulo 11 - E você ainda tem?

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E você ainda tem?

Isabela

— Onde vocês almoçaram hoje? — perguntei, depois de um tempo que estávamos no trânsito até onde o Lucas estava hospedado.

— Marcela me levou em um lugar que tinha um nome meio jurídico? Tipo o Fórum — respondeu, prendendo o cinto de segurança no corpo enquanto ligava o rádio.

— A Tribuna? É um barzinho que serve um PF super honesto — lembrei, porque na minha época de faculdade ali era o local que a gente gostava de comer quando estava cansado da comida do refeitório.

— No caso, eu comi moqueca — revelou e eu fiz uma careta discreta — como você consegue me falar que não gosta disso? É tipo uma explosão de sabores na boca de tão bem temperada com uma pimenta delicinha.

— Eu só... não sou muito fã — dei de ombros, pegando uma rua para fazer o contorno, porque o hotel dele era na direção oposta da que estávamos.

— Você é uma vergonha para sua nação capixaba — estalou a língua no céu da sua boca e eu rolei meus olhos — vai dizer que não gosta de praia também.

— Na verdade, eu gosto muito. Se você fosse ficar mais tempo até ia te chamar, porque a previsão do tempo está falando que amanhã vai ficar só nublado, então daria para tentar curtir um pouco — olhei para o retrovisor e troquei de faixa — quem é que vem a trabalho e volta em plena sexta? Deveria voltar só domingo, né, Golden.

— Digamos que não fui exatamente eu quem decidiu isso — pontuou e eu soltei uma risada debochada — o que foi?

— A Marcela volta só domingo, ou seja, tinha possibilidade — revelei e ele arqueou as sobrancelhas em surpresa.

— Como sabe? — indagou, curioso.

— Patrício, o cunhado dela que trabalha comigo, me contou que vai ter um jantar esse final de semana, porque, pelo jeito, é a última vez que a Má vem para cá antes do M4 nascer — expliquei com um sorriso — achei justiça poética que o irmão dela ter um filho começando com a letra M. E meu coração achou uma fofura que é Marcel, para combinar com Marcela, Marcele e Marcelo. O Adriel, primo dela, disse que estão com um bolão de qual vai ser o horário que vai nascer e tudo.

— A família dela aposta tanto assim? — perguntou e eu sorri, roubando uma olhada na sua direção antes de parar no Ibis.

— Muito. O tempo todo se deixarem. Patrício quase precisou vender o carro para pagar as dívidas do começo do namoro, porque ele não sabia dizer não. Até hoje tem dificuldade, acho — tombei o rosto para o lado e liguei o pisca-alerta para que as pessoas soubessem que eu precisava de cinco minutinhos — te espero aqui, ok?

— Valeu, Bela — desprendeu o seu cinto de segurança e me deu um beijo no rosto ao sair do carro.

Peguei meu celular e conectei meu Spotify com o carro, deixando na música que já estava tocando e eu estranhei, porque não costumava escutar Melim, então troquei para a próxima. Anavitória, próxima. Nando Reis, próxima. Tiago Iorc... ok, esse eu até gostava mais.

Será que o Gav tinha usado de novo meu Spotify que estava conectado com a televisão da sala? Porque eu sabia que ele era o único que escutava esse tipo de música em casa (Amélia preferia pop internacional e Lola gostava de rock. Eu era meio eclética e curtia também um MPB).

A porta do banco de trás se abriu e Lucas colocou sua mala ali, fechando-a em um baque antes de abrir a do carona. Assim que sentou no banco, abaixou o vidro antes mesmo de colocar o cinto de segurança e eu franzi o cenho

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora