Capítulo 35 - No meio de um bar?

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No meio de um bar?

Isabela

Meus olhos varreram de novo a ação que eu estava escrevendo e estiquei meus dedos, sentindo que eles estavam meio duros de tanto que eu os bati contra o teclado enquanto deixava a irritação do dia transbordar por mim.

Chequei meu celular de novo. Ainda faltavam dois minutos para as cinco da tarde e eu me controlei para não mandar mais uma mensagem perguntando o status do Golden-pet — quero dizer, eu poderia até mandar, mas tinha completa noção de que a paciência do Gav tinha limite e eu a excedi em alguns níveis quando liguei três vezes para ele em dez minutos. Mas, em minha defesa, ele demorou para responder.

Enchi meus pulmões de ar e segurei a xícara de café que eu tinha certeza de que não estava tão cheia e tão quentinha da última vez que eu a havia tomado, então ergui meu olhar na mesa de Adriel e notei que ele estava propositalmente evasivo, então eu apenas peguei o elástico que estava preso em meu pulso e o atirei na sua direção.

— Isabela! — ele resmungou, esfregando a testa, que foi o lugar que eu acertei sem querer, porque eu jurava que iria apenas alcançar o seu livro e não o seu terceiro olho.

— Desculpa, obrigada! — levantei o café com um sorriso e ele abanou aquilo com a mão, mas era notável que usava toda a sua força para matar o sorriso que mal havia conseguido nascer ali.

Meu gótico fofinho preferido.

— Bela, tá pronto? — Mau colocou a cabeça dentro da minha sala. Seu rosto estava rosado e os cabelos ainda não perdiam o topete, por isso eu apenas inferi que ele estava correndo para chegar no escritório a tempo de protocolar todas as suas réplicas dentro do prazo.

— Muitas coisas podem ter ficado prontas na última hora — apoiei meu cotovelo na mesa e tombei o rosto para o lado — tem que ser mais específico.

Rolou os olhos com força e eu escutei a risada de Patrício em outro lugar, mas ele não era lá muito discreto, então eu deixei meus lábios acompanharem o som da sua voz.

— A ação de indenização por danos morais? Precisamos mandar para os Matarazzo ainda hoje — explicou, mas eu sabia que ele estava falando disso, porque era seu caso e eu acabei cobrindo quando explodiu uma bomba extraordinária no seu colo, vide ter corrido sete quarteirões até o fórum — e obrigado por ter falado com o Rodrigo. Acho que eles teriam me barrado por aparecer na audiência sem gravata se ele não tivesse me emprestado a dele.

— Sem problemas — tomei um gole da minha xícara e apoiei minhas costas na cadeira, anotando mentalmente que eu tinha que agradecer por aquilo, mesmo que eu soubesse que o Rodrigo tinha uma gaveta de gravatas no gabinete para emergências. Qual o tipo de emergência ele estava esperando? Eu não sabia, mas ele estava preparado — e a ação está no seu e-mail para dar uma validada.

— Você é o amor da minha vida, Isabela Casagrande — Maurício se debruçou em cima da minha mesa para me dar um beijo na bochecha quando escutei passos apressados caindo na nossa direção.

— Ei! Talaricagem na caruda! — Patrício apontou para nós dois quando Mau estava se afastando e eu ria dos dois.

Era assim que os casos de escritório acabavam? Porque o deles era o meu preferido e eu queria ajudar a mantê-los juntinhos.

— Escreve uma réplica em duas horas para mim que eu te beijo na boca, Patrício — desafiou Maurício e eu não soube quem ficou mais chocado com aquilo: Adriel ou eu, porque Pat parecia inclinadíssimo a aceitar aquela proposta.

— Mas é injusto, a Bela tem um modo turbo nas mãos que ela desacopla da Terra quando está escrevendo — Patrício apontou para mim e eu mantive meus dedos ao redor da xícara, porque ela estava quentinha e minhas articulações estavam derretendo depois de uma tarde que eu tinha a leve impressão de que havia escrito mais ou menos cinquenta mil palavras e contando.

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora