Capítulo 25 - Top 5 coisas esquisitas

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Top 5 coisas esquisitas

Lucas

Era como uma antítese: em uma noite, eu estava rindo com Isabela, dormindo abraçado com ela enquanto ganhava carinho, abrindo meu coração e sentindo que ela não se assustou quando eu mostrei o lado feio que eu sempre soube que tinha, mas ela não; e aí, na noite seguinte, estava sozinho, minha cama parecia enorme e fria demais enquanto meus pensamentos iam por caminhos que normalmente eu tentava evitar, mas era impossível não sentir mais as coisas que eu sempre sentia porque o dia seguinte era aquela data em que a ausência pesava mais do que o normal e fazia ser um pouco mais difícil lidar com ela.

Claro que eu sabia que quando eu me fechava naquele casulo, acabava deixando meus avós e minha tia — pessoas que efetivamente se importavam com o fato de que eu existia — preocupados comigo, mas era isso. Tinha dias que eram piores que os outros e era melhor não ficar perto de ninguém.

Eu só precisava de um tempinho.

Só que eu não conseguia dormir.

Não encontrava uma posição.

Se me cobria, ficava com calor; se tirava a coberta, ficava com frio, e nem a técnica de deixar só um pé para fora estava resolvendo o meu problema — no fundo porque o problema de verdade não era a temperatura, por mais que eu quisesse negar.

Por volta das três da manhã, quando eu não aguentava mais rolar de um lado para o outro na cama, me levantei e fui para a cozinha preparar um chá, pegando um dos sachês de Giovanna, um blend de maracujá e maçã que a ajudava a dormir quando ela tinha insônia.

Levei a xícara para o quarto, assoprando por todo o caminho porque estava mesmo quente, e depois de toda uma manobra para me sentar e puxar a coberta sem tomar um banho de água fervente, peguei o celular, notando que havia algumas mensagens ali esperando resposta, mas sem necessariamente me interessar por nenhuma delas já que eu já tinha me despedido de Isabela para supostamente dormir, Breno e Giovanna tinham avisado mais cedo que iam ficar na casa da mãe e iriam para a casa do Sandro de manhã, então abri a conversa com Alice.

Alice: Ei, Golden

Alice: Se precisar de mim, tô aqui, ok?

Claro que ela sabia de tudo, porque ela me conhecia quase da vida toda e nós dois entendíamos a sensação, então, era isso. Por mais que ela ainda tivesse seu pai, a ausência da mãe sempre pesava, então ela tinha ciência de como eu me sentia.

Lucas: Idem para você, Alicinha

Não me surpreendi quando vi que ela estava online.

Alice: Tá foda para dormir, né?

Lucas: Para um caralho

Alice: Tá usando qual técnica para ajudar o sono?

Lucas: Chá e rolar na cama

Lucas: E você?

Alice: Estou tentando tomar um tombo de vinho, mas acho que tenho que estar sóbria para amanhã

Lucas: Não encontrar seu pai de ressaca é sempre uma boa ideia

Alice: Vai falar com o seu?

Talvez ela achasse que eu deveria tentar? Talvez, porque meu pai estava vivo, então tecnicamente não era inalcançável, dava para consertar, enquanto a mãe dela não.

Quando era mais novo, eu até tentava falar com Davi, tentava ser um bom filho para que ele me quisesse, e era sempre um motivo para me frustar, porque não importava o que eu fizesse era simplesmente em vão — até que em um ano meu avô me disse que tudo bem se eu não quisesse mais tentar.

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora