Capítulo 13 - Não te amo

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Não te amo

Isabela

Esfreguei meus olhos com força, propositalmente ignorando que eu estava de rímel, enquanto minha boca se abria no maior e mais delicioso dos bocejos.

Eu estava exausta, e estava difícil me manter acordada e operando depois da noite anterior — minha cabeça pulsou no mesmo instante, como se concordasse.

O que aconteceu foi o seguinte: Lola e eu ajudamos Lia a gravar uma publicidade de uma marca de lingeries que ela havia es-que-ci-do que tinha que fazer e ir para o ar no dia de hoje (Gav estava ocupado ao atender um plantão de um Chow-Chow que havia engolido uma Polly Pocket e ele não sabia se consolava o cachorro, a garotinha ou a mãe), então fomos nós duas improvisar um estúdio de gravação no apartamento para ajudar nossa influencer preferida.

Como meus talentos com a câmera não eram muito grandes, eu havia ficado encarregada de mirar o ventilador na direção dela para fingir que havia uma brisa passando pela nossa casa no meio da madrugada — poderia ser um fantasma, mas era apenas eu me pendurando em uma escada e tentando desafiar as leis da gravidade — e em tentar jogar uma luz natural com a minha luminária para dar a sensação de aconchego sexy e não com a luz da lanterna do celular que seria vulgaridade descarada (palavras da Lorena, não minhas).

No final, acho que ela conseguiu o resultado desejado, mas 99% do sucesso das fotos era mérito de Amélia Albuquerque, porque quando ela olhava para a lente da câmera era como se transformasse a sua personalidade intangível em algo que conseguia ser transmitido e transferido com um olhar. Ela tinha essa confiança e auto-estima maravilhosa, onde não importava se estava com um body azul turquesa ou um baby doll verde-limão, sempre exalava seu amor por suas curvas, suas estrias e todos os pequenos detalhes que as pessoas quiseram mascarar no começo da sua carreira, mas que ela nunca deixou.

E era até entendível que nós abríssemos uma (ou três) garrafas de vinho para acompanhar a sessão de fotos, porque lingerie e vinho, aparentemente, era uma combinação que vendia horrores e Ami estava fazendo uma publicidade cruzada de duas marcas.

Até aí tudo bem, só que, de repente, nós três estávamos dentro da banheira da suíte da Amélia, que com certeza não havia sido feita para caber três mulheres adultas, mas de alguma forma deu certo, mesmo que minha perna estivesse em cima do ombro da Lola e o cotovelo da Ami tivesse criado um buraco nas costas da Lô. E a Lorena, vocês devem estar se perguntando? Aparentemente ela não conseguia sentir nada de tanto que estava rindo da situação.

Então eu estava em um estado de pura e plena sobrevivência enquanto esperava o relógio das dezoito horas redondinhas, mesmo que ainda fossem onze e meia da manhã.

Será que eu já poderia tomar mais uma aspirina ou um café? Será que se eu tomasse os dois, as coisas melhorariam?

Meu telefone tocou e eu fechei os olhos, sentindo como alguém estivesse andando de Louboutin em cima da minha cabeça e eu respirei fundo antes de atender.

— Maurício Rodrigues e Advogados, Isabela falando — atendi, sem o meu bom humor tradicional para me ajudar a lidar com o dia.

Tenho certeza de que Zhang Bao estava se saindo super bem no português, mas eu estava, novamente, tentando sobreviver.

Beber em dia de semana deveria ser proibido.

Por que eu cometia sempre os mesmos erros?

— Claro, Sr. Zhang, temos muito interesse em darmos auxílio e consultoria jurídica para a XinaTech — sorri, porque eu havia lido em algum lugar que quando você sorria, sua voz saía mais suave e alegre — entendo pelas nossas conversas anteriores que vocês possuem algumas ações delicadas em aberto, correto? Podemos marcar uma conversa nas próximas semanas para nos aprofundarmos no assunto e entendermos as necessidades de vocês?

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora