Capítulo 43 - Boyfriend panic

700 41 100
                                    

Boyfriend panic

Lucas  

Sinceramente, não sei como eu tinha me permitido chegar naquela situação, considerando que era uma quinta-feira útil e a profissão assinalada na minha carteira não era herdeiro, então eu tinha que ser um ser humano funcional na manhã seguinte e isso parecia uma realidade muito, muito distante naquele momento em que eu parecia estranhamente consciente de que o planeta vivia em movimentos de rotação e translação e pudesse ver isso acontecendo — embora fosse apenas o resultado prático de uma noite de drinks preparados por Breno, uma banda de rock nacional que fez vários covers das minhas músicas favoritas e do fato de que Giovanna e eu começamos a beber um shot cada vez que Breno falava alguma coisa fofa sobre Adriel.

E se ele já falava o quanto adorava emo-poeta normalmente, Breno bêbado era um perigo para si mesmo e para nós também, tanto que fomos forçados a parar antes que alguém terminasse tomando glicose na veia em um pronto socorro.

Alice só tinha ficado sóbria porque era a motorista da rodada e a gente só não estava pior porque ela tinha nos obrigado a beber algumas garrafas d'água até se distrair demais dando uns beijos em um carinha chamado Paulo (ou era Pedro? Podia ser Pedro. Ou Pablo. Ok, eu não fazia ideia) que tinha conquistado definitivamente seu coração ao mencionar as botas cor-de-rosa com estrelinhas dela, porque o lado it girl da minha amiga tinha ficado lisonjeado.

Então, talvez eu soubesse, na verdade, como eu tinha chegado naquela situação degradante. Não em detalhes, porque não sei os motivos pelos quais eu não conseguia parar de pensar no sutiã turquesa de Isabela, nem porque isso me fazia sorrir e nem porque ela estava na minha cabeça durante aquela noite e não só com relação às mensagens que a gente tinha trocado falando sobre dormir em vários colchões e ir juntos na formatura de Breno — ele nem pareceu surpreso com essa informação, considerando que ele já tinha listado Bela como meu mais um há muito tempo.

Eu apostava que as lacunas de memória iam voltar para o lugar em algum ponto, quando as minhas sinapses não estivessem prejudicadas e o mundo não estivesse girando tanto — e foi tentando cortar um pouco da última parte que eu apoiei a testa no espelho do elevador, notando que a Ventura mais nova fez a mesma coisa, e Breno, que tinha entrado no nosso encalço, estava nos olhando com curiosidade.

— Parem de ser esquisitos, vocês dois — falou ele, ao erguer uma sobrancelha. Nós não nos mexemos, eu porque assim o mundo não girava e eu não fazia ideia de quais eram as motivações de Giovanna. — Tem que ser irmãos mesmo, dividem o mesmo neurônio.

— Para de ser ciumento, Breninho — eu disse e estiquei meu braço para trás, tentando tateá-lo às cegas, mas só encontrei um monte de nada e desisti, como um brasileiro às avessas, porque naquele momento eu desistia sempre.

Giovanna estava cantarolando uma música bem baixinho e batia as sandálias, que estavam nas mãos, no metal do elevador num ritmo completamente diferente da melodia.

— Alguém sabe como foi que eu trinquei a minha tela? — perguntou Breno e eu finalmente me virei, mas mantive as costas apoiadas na parede espelhada porque não estava no meu melhor momento para desafiar as leis da gravidade.

Para evidenciar sua pergunta, Breno me mostrou a tela do celular, onde um trincado ia de um lado ao outro, na diagonal.

Tentei pescar a informação que ele pedia na minha cabeça, mas eu simplesmente me lembrei que estava falando com Bela sobre comprar uma gravata turquesa e sorri lembrando do sutiã, que eu tinha certeza que tinha uma calcinha combinando e que deveria ser um pecado nela.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 31, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Bela e o GoldenOnde histórias criam vida. Descubra agora