Sejam feitas as nossas vontades.

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Passava da meia noite quando eles terminaram. Joshua ainda se sentia enojado. Pelo sangue com cheiro forte que escorria do ferimento da cabeça da esposa? Não. Era o láudano. Desde criança ele era intolerante ao remédio, o que dificultava muito o alívios de seus males.

Hales estava visivelmente exausto, mas Joshua tinha que admitir que ficou surpreso com o homem, seriam poucos os médicos que entregariam tanto em um trabalho.

- Então, tudo certo não é mesmo?! - Edward perguntou.

O médico ainda limpava as mãos depois de cobrir o local do ferimento com tecidos limpos.

- Espero que sim, só saberemos quando ela acordar.

- Espere um pouco. - Joshua foi da beira da cama até onde Hales estava. - Está dizendo que mesmo depois de tudo isso. - Ele gesticulou para os tecidos e águas sujas e para a mulher na cama. - ainda não tem certeza de que ela vai ficar bem?

- O senhor, realmente, acredita que eu posso prevê o futuro?

Edward sabia que o duque estava nos seus extremos desde mais cedo, então se aproximou de onde os dois homens se encaravam. Mesmo sem ver, Joshua se deixou mexer pela mulher e não aceitaria menos que ela de volta, ela pertencia a ele e mesmo que ela não tivesse orquestrado tudo no passado ainda era dele.

- Eu tenho certeza de que você pode prevê o seu futuro próximo, Hales. -Ele avançou para pegá-lo , mas foi impedido por Edward.

- Acalme-se Josh, não há nada que ele possa fazer.

- Largue-me Edward. - O homem esbravejava no aperto do amigo. - Não sou um menino.

- Que bom ouvir isso. - Com um empurrão Edward o largou. - Então não haja como se fosse.

Eles se entreolharam, mas o duque foi incapaz de contradizer o que ouviu de seu amigo. Ele realmente havia se comportado como uma criança contrariada, então organizando suas roupas desalinhadas e colocando sua máscara no canto certo se recompôs.

Não pediu desculpas ao outro, mas o lançou um olhar que dizia: não vou agredi-lo, fisicamente.

- O senhor acha que vai surtir efeito, todo esse trabalho? - Edward foi mais cavalheiro ao perguntar a opinião do homem.

- Não posso afirmar nada, mas o que poderia ser feito, já foi.

- Deixe-me adivinhar então... - Joshua voltou a falar. - Vamos ter que esperar?

Já farto de aturar os melindres de um projeto de duque em treinamento e rude Hales rebateu as palavras dele.

- Menos de sete anos, na minha humilde opinião.

Aquilo deveria ter sido como gás nas veias de Joshua, ouvir alguém que mal sabia seu nome o julgar de maneira tão rápida, sem nem ao menos ouvir toda a história, mas não foi. Ele ouviu aquilo e sentiu algo apertar, não era irá nem nada que fosse dirigido a Hales, era apenas a velha e conhecida culpa. Ele não poderia se ofender com a verdade, era o que seu pai sempre dizia.

- Não há nada mais que me prenda aqui. - Hales começou a se despedir dos lordes.

- Há um quarto preparado para o senhor. - Joshua foi breve.

Hales agradeceu, mas não aceitou pois devia estar no vilarejo. Havia duas mulheres gravidas e mesmo que isso fosse lhe dar dores de cabeça depois, caso elas precisassem dele naquela madrugada ele deveria ir até elas.

Médico e duque pararam antes da saída do quarto e se olharam.

- Sinto pelo meu comportamento. - Joshua começou e usando todo a sua humildade, que ele mesmo admitia, ser pouquíssima, para se desculpar com o outro homem. - Acredito que vá entende os meus motivos, dado as relações que parece manter com minha família.

O Regresso Do Duque Onde histórias criam vida. Descubra agora