Rechaçar

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Três malditos longos dias...

Até aquele momento em que Désirée ouvia a voz quase cálida do duque falando quão bom seria tê-la na família, onde a jovem segurava sua xícara de chá,  já fria, em mãos geladas e trêmulas. 

Estava acontecendo e por mais que Désirée implorasse ao destino aquilo se realizaria. Os seus medos estavam agora em um processo contínuo de realização. Com as próximas palavras do duque sua vida, a vida a qual estava habituada conheceria um fim, como se ela apenas assistisse a tudo como uma encenação dramaturga.

-Entendo que o que estou prestes a oferecer... – Dizia o duque, olhando diretamente para o pai de Désirée, então pensou e continuou a falar. - Propor, soa como algo prematuro, arranjado até.

Sim soava, e sim, era. 

Na mente da jovem não era assim que casamentos eram realizados. Tudo seguia uma linha de acontecimentos: o rapaz conhecia a mocinha, em um baile ou em uma caminhada, então havia a troca de olhares, não se apaixonariam de pronto, mas aos poucos o sorriso dela ganharia o coração dela e o jovem rapaz veria que não iria conseguir viver sem o amor eterno da jovem por quem estava enamorado. Nem em seus piores pesadelos imaginou que seria assim. A jovem lady implorava, em pensamentos, a seu pai para que o barão não permitisse que isso acontecesse. 

Mas claro, com a oferta certa, o barão fazia tudo. O pai da jovem não era um mal homem, só era um mal pai.

-Quando vim para esta cidade estava pensando em como solucionar os problemas que meu filho insiste em me trazer.

Ótimo, ela seria a babá de um projeto de duque.

-Não sabíamos que tinha filho,  Vossa Graça. -Disse a madrasta da jovem com os olhos brilhando de empolgação. -Tenho certeza de que ele irá amar Désirée, nossa menina é um doce.

Se Désirée já não estivesse sem palavras teria ficado com a forma como a mulher fazia parecer que eram mais que duas estranhas morando na mesma casa há muito tempo.

Fosse o que fosse que tivesse tirado as palavras da jovem, também havia passado pela mente de seu pai, o homem estava apático, parecia tolerar a presença do duque apenas por educação.

-Conto com isso lady Lovecraft, tendo em vista que espero que a srta. Lovecraft o aceite em matrimonio. 

Pronto.

Havia sido dito todos os absurdos que existiam. O homem a queria enlouquecer, como não? 

-Perdão...? – Foi a primeira vez que o barão falava algo depois da proposta do duque. 

-Você como chefe de família deve saber, mesmo que não tenha um, da importância de um herdeiro... quando se é um duque essa importância é imensurável.

-Mas se Vossa Graça já tem um herdeiro, por que...

-Porque ele não estar interessado em manter a linhagem da família lady Lovecraft, então preciso eu mesmo me certificar que um Falstron esteja a frente do ducado.

Isso não era real.

-Por que seu filho não busca uma noiva, Vossa Graça? -Era uma das poucas perguntas que a jovem conseguiu fazer. - Sendo o herdeiro de um ducado não lhe faltaria boas opções. 

-Meu filho tem planos menos nobres.

-Como?

-Ele é apegado a sua vida de solteiro Désirée. - Foi seu pai quem lhe explicou. 

O Regresso Do Duque Onde histórias criam vida. Descubra agora