Acatar

715 43 5
                                    

Naquela noite a jovem não dormiu bem, as duas horas de sono não lhe deixariam com uma boa aparência no dia seguinte, mas os pensamentos e teorias giravam em torno de sua mente, ela quase podia tocá-los com a mão.

Mas todos eles cessariam no dia seguinte.

Ela não mais estaria no escuro com relação a família e ao noivo. Também conversaria com Liz, levaria a irmã com ela. Após o jantar enquanto a irmã lhe ajudava a se trocar combinaram de sair na primeira luz do dia. Elas iriam à casa de campo do duque. Ele deixara bem claro que sabia de coisas que a jovem não sabia. Désirée teria que lhe arrancar a verdade. Como? não sabia, mas sabia que precisava.

Ele teria que lhe contar tudo que o barão disse a ele e não à ela. Que irônico era toda história: sua vida, seu futuro, sendo compartilhado com um estranho enquanto para ela as informações mais crucias, como a existência de um noivo, eram mantidas em segredo. Na verdade, não era tão estranho, o pai nunca foi comunicativo com ela. Era sempre Suzzy e se ela se esforçasse, bem pouco até, acreditaria que o pai entregaria a ela, e não sua irmã caçula, em matrimonio a um lunático cheirando a ouro.

Ter tantas dúvidas e tão poucas respostas enlouquecia a jovem.

Mas logo ela estaria livre de tudo, apesar de temer onde essas respostas podiam levá-la, queria tê-las, odiou ser passiva nesse momento.

No dia seguinte tudo teria um fim. Mas e se o fim fosse apenas o começo? O que de tão greve o pai poderia estar enfrentando que poderia fazê-lo mandar a filha em direção a um casamento com um estranho? 

O sono tomou conta do, ainda, pequeno ser de Désirée, a jovem dormiu um sono agitado e perturbado com tantos medos. A noite passada seria sua última noite próxima da tranquilidade, em muitas, ela sentiu o corpo gelar ao pensar nisso e só conseguia pensar: Por quê?

Na manhã seguinte a jovem se viu sendo sacodida pela irmã.

— Acorde Day. — A ruiva estava usando um vestido leve de passeio. — Devemos partir. Rápido. 

Em pouco mais de trinta minutos as jovens saiam da casa, caminhando em direção aos estábulos, o sol ainda não havia nascido completamente, ainda havia um pouco da penumbra e do frio da noite passada.

— Convenci Edgar a nos levar a casa do Duque. — Contou Liz. — Mas antes do Barão acordar, caso precise de Edgar ele deve estar aqui.

— Como o convenceu?               

A irmã sempre foi muito próxima de todos os criados e isso podia ser uma boa resposta para o “como o convenceu?”, mas a verdade era que Liz muitas vezes era oportunista no que dizia respeito as pessoas, nunca usou essa habilidade para o mal, mas aprendeu e obteve muitas coisas fazendo uso dela. Se Liz fosse um homem seria um excelente advogado, ou administrador. 

— Ele é casado. 

Disse a jovem, como se todo homem casado tivesse que levar jovens para a casa de campos de homens estranhos às escondidas. 

— E? 

— E precisa nos levar até o Duque para que sua jovem, rechonchuda e agressiva esposa não saiba, acidentalmente, que ele estava beijando Kate.

Désirée esperou a informação se assentar em sua mente para seguir fazendo perguntas.

— Kate? A preceptora de Suzzy?

— Sim.

A irmã lhe respondeu, como quem fala do tempo e não de um adultério. 

— Você viu? 

O Regresso Do Duque Onde histórias criam vida. Descubra agora