Um novo antigo luto

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Joshua acordou com um peso em seu peito, mas bastou um segundo para saber quem era. Ela tinha tirado a fita do cabelo e ele estava espalhado pelas costas da esposa e pelo peito dele, a respiração dela era lenta e constante. 

Ainda estava dormindo.

Olhando pela janela Joshua percebeu que já não era tão cedo. Ele precisava sair da cama, fazer algo da vida, mesmo que a pele e o cheiro de Desirée o fizessem querer ficar.

Sua esposa era o tipo de mulher que o prenderia por dias na cama, quando finalmente se entregasse a ele, tinha certeza, mas por ora, respeitando a decisão dela, ele sairia do quarto.

Com muito cuidado para não acorda-la ele arrancou ela de seu peito e colocou um travesseiro no lugar onde estava, Desirée deu um leve gemido de sono e se aninhou no travesseiro. Joshua se levantou e foi ao quarto de vestir.

Seu corpo ainda implorava pelo alívio que só a esposa poderia dar, mas ele não se tocaria. Tinha ideias magnificas do que fazer com Desirée e só se deixaria derramar nela, talvez até mesmo tivessem outros filhos, adoraria ver ela grávida.

Depois de colocar sua roupa, ele saiu do quarto  mas antes apanhou sua máscara e as roupas de Desirée que ainda estavam no chão. Ela, definitivamente, não usaria aquela roupa fora do quarto dele. Passou pela cama e se abaixou para dar um leve beijo na testa da esposa. Ela estava quente, a temperatura ideal.

Se obrigando a sair do quarto e dar a ela o espaço e tempo que pedia, ele colocou a máscara no rosto, desceu as escadas e foi para a sala tomar o café da manhã.

- Não achei que estaria tão inteiro. - Edward, o traidor, estava sentado a mesa. - Esperava algo mais fatídico.

Segurando a língua para falar que o único dano físico que tinha eram os arranhões em suas costas e a dor de cabeça pela bebedeira, Joshua foi ao aparador e serviu seu prato.

- Eu sempre desconfiei que queria para mim uma morte lenta. - Disse ao sentar-se a mesa.

Edward colocou a mão no peito, como se tivesse levado um tiro, uma cena digna de teatro.

- Fere-me gravemente com suas palavras, Vossa Graça.

- Você ainda vai pagar por suas chacotas.

Edward não respondeu àquilo, o que era um tanto suspeito, mas como logo entrou em um outro assunto as idéias de Joshua sobre isso se perderam.

- Viu que as criadas estão trocando as cortinas? - Edward perguntou a Joshua, como quem não quer nada. - Acabou o luto.

Trocar as cores escuras, tanto na casa como nas vestimentas, era o último adeus a Fitzwilliam, o duque de Falstron. Joshua não havia pensando em como se sentia com isso, mas sabia que o luto era para a consolação dos vivos. Talvez ele precisasse do pai, mas não precisava de um costume e uma regra social para aceitar o fim de todas as coisas.

- Acabou o luto. - Ele usou as mesmas palavras do amigo, pois não tinha o que falar sobre o assunto.

O breve silêncio se instalou no lugar. Edward também havia perdido o pai enquanto estava a serviço da coroa, diferente de Joshua, ele recebeu a notícia com júbilo, mas não havia sido apenas o pai que ele tinha perdido, a mulher que conseguiu prender seu coração também havia se ido, no parto do sobrinho.

- Quando foi no vilarejo, viu alguma casa de jogos?

Josgua tinha visto, nada tão grandioso como na Grande Londres, mas parecia aceitável.

- Vi, mas não entrei.

- Pelos céus, preciso sair dessa paz.

Eles realmente não tinham muito em comum, Joshua Falstron era um homem da ordem e Edward Hutlander era um homem caótico, mas talvez fosse isso que os ligava. Um trazia o que a vida do outro precisava.

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