A Joia Flamejante • kakashi hatake

As novidades que a neve trouxe

Região de Shibuya, Tóquio, Japão

09 de fevereiro de 2008

Qualquer um que observasse a única herdeira da Han'ei por mais de cinco segundos, perceberia que ela não era mesmo mais a pessoa de alguns anos antes. A maneira como caminhava entre as lojas da Avenida Omotesandō, de cabeça erguida, sem olhar aos arredores ou curva-se, mostrava uma postura diferente. Observando as vitrines, retirou os óculos escuros que escondiam metade de seu rosto e os pendurou no longo casaco azul marinho que a protegia do frio, sentindo os seus olhos brilharem ao se deparar com o vestido perfeito para a confraternização da empresa, que aconteceria dali a algumas horas. Era por esse motivo que estava em Tóquio, afinal. A peça era diferente, com um fundo branco e flores amarelas de tamanho médio percorrendo todo o tecido. As suas mangas eram mais cheias, imitando as bufantes, mas um pouco mais contidas e iam até os punhos. Toda a extensão do vestido ia até os pés, e a sua gola, era alta, cobrindo todo o pescoço do manequim.

— Esse é o escolhido. — Disse ela, passando os olhos por cada detalhe. — E aquela bolsa também. — Indicou a bolsa amarelo queimado, que repousava em um canto ao lado do manequim.

— Fico feliz que esteja saindo da ditadura do preto. — Emily comentou, sorrindo com a escolha.

Após entrarem na loja, experimentarem o vestido e mais algumas roupas, ambas se encontravam esgotadas. A vendedora trouxera uma taça de champanhe, que Sayuri (como era conhecida naquele mundo) aceitou de bom grado, mesmo que Emily insistisse que estava muito cedo. Ultimamente, nunca era uma hora ruim para beber, ao menos não para ela. Enquanto bebericava a bebida borbulhante, encarou as roupas e os sapatos que havia comprado. A loja estava tranquila, fazendo com que tudo parecesse o seu recanto particular e mesmo depois de tantas escolhas belíssimas, a moça sentia como se houvesse um buraco enorme em seu coração. Aquele buraco que a acompanhava dia e noite... Desde aquela última noite na Aldeia da Folha que fazia tudo para não se recordar.

— Você não acha que está pegando firme na bebida ultimamente?

A mais nova bufou.

— Acho que ter confiscado minhas garrafas de vinho fosse o suficiente para esse assunto morrer.

— Deveria ter sido, se eu não soubesse que você pede álcool na recepção em todas as oportunidades possíveis. — Emily sussurrou, colocando as mãos levemente nas costas da amiga. Seus olhos tinham um tom de preocupação.

— Os últimos dias foram muito estressantes, e por isso, eu passei a beber mais.

— Mas você tem bebido muito a mais ou menos um ano.

— Digamos que minha vida, na realidade, é muito estressante.— Argumentou, de brincadeira, mas Emily não riu. Parecia genuinamente muito preocupada.

— Eu não contei isso a Hayato, como prometi a você, mas temo que não consiga segurar isso por mais tempo. Ele chega hoje para a confraternização e com certeza irá perceber seus péssimos hábitos.

— Sabe, eu vou usar esse vestido hoje a noite e estarei linda demais para você me dar esporros. — Ela brincou, passando os dedos nos detalhes do vestido, que estavam dentro da sacola de papel. — Mas, amanhã, quando acordar com uma ressaca terrível, prometo que vou maneirar. — Garantiu, mesmo sabendo dentro de sua cabeça que aquela era apenas mais uma desculpa.— Terei que encarar a mulher que se diz minha "mãe" e aquele desgraçado do Itao de qualquer forma. Que seja bêbada, então.

Emily pareceu ainda mais preocupada nesse momento.

— Sei que odeia falar sobre isso, mas você é uma ninja. — Sussurrou para a amiga. — Mesmo que disfarçada nesse mundo. Não tenho dúvidas que consegue se defender, mas mesmo assim, tenho medo. Acha que é seguro estar em um espaço tão pequeno como um salão com pais tão tóxicos e um ex noivo que tentou te matar?