A Joia Flamejante • kakashi hatake

A vida depois da aventura

Alguns anos depois...

Cidade de Osaka, Osaka, Japão

14 de maio de 2006

Mizoroge Hayato dera duas pequenas batidas na porta, fazendo com que Ueno Sayuri olhasse em sua direção e fizesse um pequeno sinal para que entrasse. O homem sentou-se em sua frente. Seus cabelos, que começavam aos poucos ficarem grisalhos eram iluminados pela luz artifical do escritório. Naquele ângulo, Sayuri sentia quase uma pequena nostalgia surgir em seu estômago. De todos os seus tios, aquele era o que mais lembrava o avô, a pessoa a quem ela mais amou em toda a vida. Eles tinham o mesmo sorriso, e a medida que o homem ia envelhecendo, a semelhança ficava ainda maior.

— Você está sentada aí a horas. — O homem constatou, empurrando um copo médio de café em direção a ela. — Sei que está trabalhando demais quando nem a maquiagem é capaz de esconder essas olheiras roxas ao redor dos seus olhos.

— Obrigada pela delicadeza, tio.— Ueno Sayuri riu, bebendo um gole de café. — E pela bebida também.

— Eu trouxe biscoitos para acompanhar. — Ozu Emily dissera, entrando com uma pequena sacola de papel na sala. — Que tal uma pausa? Aqui estão os seus favoritos, de morango e pera. — Bradou, balançando a embalagem na frente de Ueno Sayuri, que já houvera voltado os olhos para o computador novamente.

Ozu Emily era a assistente pessoal da única mulher entre os herdeiros da Han'ei. Todos eles possuíam uma – entretanto, Sayuri era a única que era tão próxima da sua. Ela e Emily tornaram-se verdadeiramente amigas. A assistente, metade japonesa e metade inglesa, ajudava Ueno Sayuri a organizar sua agenda profissional e pessoal. Era quase como uma extensão de seu próprio corpo – essa era a ordem que havia recebido de Mizoroge Hayato, que a contratou, desde que Sayuri voltara de seu "surto", ao passar um mês sumida no outono de 2002.

Essa era a única maneira que Sayuri achou para explicar a família o seu sumiço do mapa por um mês. Em sua estadia na Aldeia da Folha, tinha se tornado perita em desculpas e usou todo o seu talento para inventar que havia tido uma grande crise de estresse após descobrir a traição de Matsuno Itao, e por esse motivo, pegara o primeiro ônibus para o litoral e alugara uma casa, sem ninguém saber. Os parentes não pareciam tão convencidos, entretanto, se Sayuri dissesse onde realmente esteve, sabia que seria ainda pior e correria o risco de parar uma clínica psiquiatrica. A grande mentira fez com que duas coisas incríveis acontecessem: O seu noivado com Matsuno Itao fora oficialmente cancelado e Ozu Emily havia sido contratada, para lhe auxiliar a entrar nos trilhos novamente - caso ela surtasse de novo.

Mizoroge Hayato sempre estava extremamente preocupado com a sobrinha. O homem vivera boa parte da sua vida estudando na Inglaterra e vivendo uma vida boêmia, e fora lá que conhecera Ozu Emily, onde se tornaram bons amigos. A princípio, a mestiça fora para o Japão para ser assistente de Hayato, mas houve uma mudança de percurso no caminho: E essa mudança se chamava Sayuri. Dessa maneira, faziam pouco mais de três anos que as duas não se desgrudavam. Por vezes, Ueno Sayuri até cogitou dizer a Emily tudo o que havia acontecido na sua vida, começando pelo tele transporte até a Aldeia da Folha e terminando onde todos os seus pensamentos acabavam: Hatake Kakashi. 

Desde aquela última vez que ela o vira pessoalmente, não havia um só dia em que não pensasse nele. Sem sombra de dúvidas, o homem era a pessoa mais peculiar que tinha conhecido em toda a sua vida. Tudo havia piorado quando Sayuri descobriu que frequentemente havia uma animação, o qual ele era um personagem, sendo exibida na televisão. Isso a deixava confusa. Como aquilo era possível? O nome do programa chamava-se "Naruto" e contava sobre acontecimentos na Aldeia da Folha. A mesma Aldeia que ela havia pisado seus dois pés, a três anos atrás. Isso a inquietou por dias. Quando se deparou com um episódio aleatório, três semanas depois de ter voltado, passando em sua Tv, sentiu arrepios em todo o corpo. Ali estava a confirmação de que nada fora fruto da sua imaginação: Ela realmente tinha visto o garoto loiro estampado na televisão da casa de Matsuno Itao, um dia antes de acabar por acidente no País do Fogo.