Proposta

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Cidade de Tóquio, Tóquio, Japão

10 de fevereiro de 2008


Lá fora, o asfalto estava completamente coberto pela neve. Os flocos ainda caíam, um por um, e a dor lhe dilacerava o peito. A moça não conseguiu dormir nada durante toda a noite. Se permitiu chorar, por horas a fio. Seus olhos ardiam quando os primeiro sinais que houvera amanhecido apareceu. Não conseguia acreditar que ele simplesmente estava ali, após a enganar daquela forma. Sentia o ódio crescer dentro de si de maneira avassaladora. Na madrugada anterior, após o acertar no rosto, pegou o elevador e correu até o carro, em meio a neve. Ele não a seguiu e ela agradeceu mentalmente. Queria ter tempo o suficiente para assimilar tudo aquilo. Deslizando a mão para alcançar o celular, já pela manhã, percebera que haviam centenas de ligações e mensagens do número desconhecido. Ela jogou o aparelho para longe e suspirou. Ainda tinha isso, para piorar. Realmente, tudo estava um verdadeiro caos. Depois de tomar um remédio para ressaca, tomar um banho rápido, escovar os dentes e trocar de roupa, ouviu batidas na porta. Esperando ser Ozu Emily, abriu, mas se surpreendeu ao ver Mizoroge Hayato ali. E ele não estava sozinho.

Assim como o mais velho, Hatake Kakashi usava um terno bem cortado, combinando com um casaco longo. Os cabelos prateados estavam soltos, caindo sobre os olhos, no ponto exato de cobrir o Sharingan. Usava uma máscara descartável. Estava a alguns passos atrás de Hayato, que sem pedir, foi adentrando o quarto como uma metralhadora de palavras. Kakashi o seguiu, fechando a porta contra si e o seguindo. A moça ia abrir a boca para protestar, mas não ouve tempo. Hayato estava furioso.

— Está agindo como uma criança mimada, Suyen. — Reclamou, andando de um lado para o outro. — Sabe como coloquei minha vida carreira em risco para emitir documentos falsos para o Kakashi?

— Eu já disse que o meu nome é Sayuri.

— Não me interessa o que você disse ou deixou de dizer. — Hayato retrucou. — O seu nome é Yoshikawa Suyen e é por isso que o Kakashi está aqui. Agora pare de agir dessa maneira e escute o que ele tem a dizer.

Ela olhou de Hayato para Kakashi, se demorando mais no ninja.

— O que você quer? — Perguntou, irritada. Apenas olhar para ele fazia com que se sentisse uma pilha de nervos. — Você tem cinco minutos. Preciso trabalhar.

— Não seja por isso. — Hayato disse.— Está dispensada hoje.

— Como?

— O que eu tenho a dizer é mais importante. — Hatake Kakashi falou, pela primeira vez naquela situação. — Te garanto.

— Bom, como vocês tem muito o que conversar, estou indo nessa...

— Onde você vai? — Ela questionou, se sentindo petrificada. Não esperava ter que ficar sozinha com Hatake Kakashi.

— Você está dispensada do trabalho. — O mais velho do recinto a lembrou. — Eu, infelizmente não. — E então, bufando, caminhou até a porta pela qual entrara minutos antes. — Te vejo mais tarde.

— Tio Hayato, eu... — Mas antes de terminar de falar, o homem bateu a porta e seus passos puderam ser ouvidos sumindo no corredor. Naquele momento, os dois estavam ali, cara a cara, mais uma vez. O único barulho presente no recinto sendo do barulho do aquecedor e da pequena nevasca que se iniciava lá fora, mais uma vez.

— O quanto você bebeu ontem? — Perguntou, olhando para algumas garrafas espalhadas pelo quarto, que ela havia pedido na recepção durante toda a madrugada.

A Joia Flamejante  • kakashi hatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora