A Joia Flamejante • kakashi hatake

Interrogatório

Aldeia da Folha, País do Fogo

Dias antes do início da prova Chunin

— Eu não sei quem é você e o que você faz, mas seus superiores irão adorar saber que dormiu no meio de uma missão. — Hatake Kakashi proferiu. Estava sentado em sua frente, com as pernas balançando no ar, aparentemente despreocupado. Os fios misteriosos prendiam Sayuri no caule principal da árvore e também no galho em que havia tirado um cochilo, o qual o homem diante dela também estava sentado. — Acho que você não quer falar, então, isso só pode significar uma coisa: Terei tempo para colocar a minha leitura em dia. — Kakashi retirou um livro de seu bolso, o abrindo em uma página demarcada e começando a ler as palavras, como se nada estivesse acontecendo.

Quanto mais Ueno Sayuri tentava se livrar dos fios, mais eles apertavam o seu corpo, a deixando com marcas vermelhas pelo corpo. Sob a luz da lua, apenas os grunhidos de dor e o barulho dos insetos pela floresta podiam ser ouvidos. Hatake Kakashi era estranhamente silencioso e calmo. Mesmo com a garota se debatendo em desespero ao seu lado, ele agia como se nada estivesse acontecendo.

— Acho que você me deve explicações. — Sayuri disse, desistindo de elaborar uma fuga através de movimentos bruscos. Nada que fizesse, de forma física, a tiraria dali, por isso, necessitava urgentemente tentar algo através da diplomacia.

— Então você resolveu falar? — Questionou, sem levantar o olho do livro. Um dos olhos continuavam cobertos pela bandana com emblema suspeito, e ele estava exatamente como ela o vira mais cedo. Contudo, tudo ao redor do homem de cabelos prateados aparentava ser muito mais assustador naquele exato momento.

— Eu não mereço morrer assim, presa em uma árvore no meio de uma floresta, sem saber ao menos o porquê. — Disse, evitando olhar para ele. Quando o fazia, sentia como se fosse sofrer uma parada cardíaca a qualquer momento.

— Mas não sou em quem devo explicações a você. — Garantiu, ainda entretido com o livro. — Até onde sei, não sou eu quem está andando por aí, inventando histórias e se escondendo em florestas na calada da noite.

— Então é isso? — Sayuri respirou fundo, aliviada. — Isso eu posso explicar. Mas, espera... — Ela fez uma pausa, analisando o que homem acabara de falar. — Como sabe que eu estava inventando histórias?

— Porque você é uma péssima mentirosa. — Respondeu, de forma calma, passando mais uma página do livro. Sayuri fechou os olhos com força, sentindo uma onda de frustração lhe dar um tapa na cara. Nunca fora muito bem mesmo com dissimulação. — Seja lá qual for os seus motivos para sair por aí fazendo essas coisas, não é da minha conta. — Garantiu, muito tranquilamente. — O meu papel é apenas esperar amanhecer e levar você para as autoridades.

— Autoridades? — Dessa vez, a voz de Sayuri saiu mais alta do que ela realmente gostaria. — Você só pode estar de brincadeira. Que mundo é esse que você me prende em uma árvore e eu é quem vou presa?

— Você acha que vai ser presa? — Perguntou, sem responder a pergunta anterior de Sayuri. — Se não deve nada, como disse, não deveria temer, não acha?

— Como você é insuportável. — A moça de cabelos escuros disse, suspirando alto. Toda aquela situação estava lhe deixando verdadeiramente nervosa. Sayuri conseguia sentir o seu corpo tremer inteiro.

— Você também não é exatamente o tipo de pessoa que eu gostaria de ter por perto. — Hatake Kakashi admitiu, sem parecer ofendido com o que Sayuri houvera falado. — Mas, infelizmente, eu não tenho escolha. Pelo menos não até amanhecer.