Capítulo 5

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Marília foi até a praia. Sentou-se na areia, bem próxima ao mar. Não sentia saudades de sua casa.

A decisão de morar sozinha foi feita depois de muitas discussões com seus pais, na maioria das vezes o motivo era o preconceito dos dois com sua orientação sexual, sempre destratando as garotas que ela levava para casa.

Quando se mudou Marília achava bom, tinha tempo para si mesma, podia levar suas namoradas para casa, acordar quando quisesse, mas com o passar do tempo, começou a se sentir sozinha, estar sozinha naquela casa enorme era algo com o que ela não sabia lidar. Talvez, sussurrou algo em sua cabeça, seja por isso que você tenha aceitado essa ideia descabida. Sim, assumiu para si mesma. Provavelmente. Passar algum tempo com alguém a divertia.

Para ela flertar era algo tão comum quanto comer ou dormir, era acostumada a ter dezenas de garotas choramingando por um pingo de sua atenção, mas Maraisa era estranha, quando Marília a conheceu naquele avião tentou se mostrar o mais simpática que conseguiu, mas Maraisa foi fria, Marília a odiou, pensou milhares de vezes em voltar para casa, pois Maraisa ia além de ser indiferente – ela era opressora. Marília sentia que Maraisa sempre a olhava desafiadoramente, como quem diz: "Está vendo? Só nos seus sonhos você estará a minha altura".

E agora... Ela admitia para si mesma que estava sendo interessante. E quando Maraisa sorria... Ela iluminaria tudo se sorrisse assim mais vezes;

Isso, pensou ela, é só um atrativo físico. Maraisa continua sendo tudo de ruim em uma mulher.

Marília olhou para trás. A luz da copa continuava acesa, mas a garrafa de vinho já sumira. Ela olhou para cima. Sim, a luz da biblioteca estava acesa.

Aaaah... pensou ela, se espreguiçando. Vamos sobreviver, e isso basta.

*

Como o tempo passou tão rápido?

Maraisa havia tomado seu banho e estava sentada na cama, um livro aberto nas mãos e sua atenção longe de Marília.

Ela podia ouvir o barulho da água caindo no banheiro, e isso a tranquilizava, Marília ainda estava no banho. Hum, ela poderia ficar lá pelo resto da eternidade. Oh, sim.

Primeiro: porque a camisola que haviam a enviado era curta demais. E isso era constrangedor, porque ela só ia até o meio das coxas, um palmo acima do joelho! Ela se comunicara através das câmeras para pedir aos cientistas que a enviassem outra, mas eles se recusaram taxativamente (e sorrindo! Cínicos!). Não havia mais a quem recorrer. Então, ela estava muito incomodada. Se algum pedaço íntimo de sua pele roçasse na de Marília, sem dúvida ela explodiria.

Segundo: porque tinha aquela ideia desgraçada de "beijo de boa-noite". Maraisa enrubescia só de pensar.

Esses cientistas realmente não tinham noção de nada, elas mal se conheciam.

Sob todos os efeitos, Maraisa estava coberta da cintura para baixo, já havia abandonado o livro e se concentrava em olhar a praia pela sacada, parecendo muito concentrada. Tudo para evitar olhar Marília quando ela saísse. E como seria o pijama dela?

Droga! Ela havia ficado vermelha só de pensar nisso. Apoiou os cotovelos nos joelhos e afundou o rosto nas mãos. Eu não sou normal, refletiu. Estou começando a pegar a praga de Marília, um tipo novo de doença. Só pode.

Foi nesse exato momento que a dita cuja saiu do banheiro, e Maraisa espiou-a através de dois dedos parcialmente juntos. Seu pijama consistia em um short curto e preto um tanto leve e uma camiseta branca igualmente leve. Em termos normais, Marília dormia só de roupas intimas, mas ela achou que Maraisa poderia ter um treco se ela aparecesse "semi-nua" na frente dela.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora