— Vamos? — Chamou Marília, baixinho, após alguns minutos. — O sol vai se pôr e ele fica mais bonito se olharmos dali.— Vamos — concordou Maraisa e a soltou.
Marília levantou e estendeu a mão para Maraisa, as duas desceram para mais perto do mar, a morena afundando os pés na areia molhada. O silêncio estava confortável, porque nenhuma delas estava com a mente longe, estavam de corpo e alma ali, aproveitando cada segundo juntas, andando em direção ao nada de forma completamente segura.
E foi nesse ritmo casual e impreciso que Maraisa procurou a mão de Marília e a segurou ao redor da sua. Sentiu primeiro a surpresa da mesma, depois a compreensão e, enfim, o momento em que a mulher entrelaçou seus dedos nos dela, acariciando-a com o polegar.
— Você sente falta disso? — Perguntou a morena, olhando para o mar e adorando sentir a espuma da água molhar seus pés enquanto andava.
— Do quê?
— De... Não, de... Alguém para...
— Segurar a mão?
Maraisa assentiu.
— Na maioria das vezes. — Marília suspirou. — Você não sente como as coisas deveriam ser? Foi o que você sentiu mais cedo, olhando o mar, era o cenário perfeito. Se você estivesse sozinha, esse momento teria se perdido, e são esses momentos que eu lamento ter que perder se estou sozinha. Como se uma parte da vida estivesse acontecendo e eu não percebesse.
Maraisa olhou pensativamente para frente, diminuindo o passo.
— Eu nunca havia pensado desse modo.
Marília apertou sua mão mais forte.
— Mas você já sentiu isso antes, não foi? Como se de repente ficar sozinha mais um minuto fosse te asfixiar.
Maraisa assentiu, olhando para ela.
— Muitas vezes eu olhava pela janela e pensava o que estava faltando, o que eu não conseguia ver. Porque de repente tudo se torna monótono. Quente, abafado e sem vida.
— Porque você precisava de alguém que atrapalhasse a sua vida meticulosamente organizada.
Maraisa riu, dando de ombros. Os raios já alaranjados do Sol batendo em seu rosto a faziam sentir viva e leve.
— Talvez.
— Você fica bem quando está feliz — disse, diminuindo o passo.
As bochechas da morena ficaram vermelhas.
— Obrigada.
— Gostaria de deixá-la assim para sempre — disse Marília, fazendo-a sorrir.
— Você consegue ser encantadora quando quer.
A loira sorri.
— Vamos parar por aqui, o sol já vai se pôr.
Maraisa se virou para o horizonte, de fato, o sol estava começando a se fundir com o mar, o céu repleto de manchas que iam do rosado ao alaranjado. Marília a colocou na sua frente, a abraçando por trás e estremecendo ao senti-la aninhar-se em seus braços, era um sensação completamente nova, aquele calor humano, os sorrisos, as pegadas lado a lado na areia. Era incrível, imprevisível e totalmente correto e natural.
Marília a abraçou mais forte e Maraisa fechou os olhos.
*
Por alguns minutos, tudo parecia perfeito para Maraisa, como se finalmente estivesse bem, tranquila, aceita, confortada, querida, ninguém nunca havia dito o quão perfeito um abraço de Marília poderia ser, o quão a respiração da mulher em seu cabelo poderia soar natural, o quão ela ficaria bem só por estar perto da loira e, por alguns minutos, realmente sentiu tudo o que tantas músicas diziam, se sentiu amada, e essa constatação, forte e imutável, a fez abrir os olhos e descobrir que o Sol já se fora, que só restavam alguns raios alaranjados e tardios no horizonte.
Maraisa mordeu o lábio. Estaria sentindo isso mesmo? Estaria realmente... Mas seus pensamentos se interromperam quando sentiu seus pés na água gelada.
— Vamos para o mar? — Perguntou Marília com uma expressão pidona.
A morena não respondeu, mas sorria de forma tranquila e segura, ela se virou para a mulher a acompanhando em direção ao mar.
— A água está gelada — disse Maraisa, uma onda quebrou não muito distante de onde elas estavam e a espuma foi até a cintura dela, a fazendo tremer de frio.
Marília andou mais alguns passos, segurando uma das mãos de Maraisa. O vento do começo da noite soprou, fazendo a morena se retesar sob a água, as mãos da loira que estavam em sua cintura, a segurando contra si. As mãos da morena estavam apoiadas em seus ombros e suas roupas molhadas estavam grudadas.
Marília se aproximou de Maraisa, que mordeu o lábio inferior, seus narizes estavam a milímetros de se encontrarem e a loira podia ver em seus olhos que a mulher estava passando por um furacão de sensações e pensamentos e, em um movimento suave, se aproximou mais, seus lábios roçando nos dela.
— Não percebeu? Esse é mais um momento perfeito.
Maraisa estremeceu quando Marília a beijou, não foi programado nem previsto pelo roteiro. Foi como deveria ser, impetuoso, calmo, quente, morno, carinhoso e possessivo, uma confusão de sentimentos que a entorpecia. Se permitiu acariciar sua nuca, seu corpo tremendo, ela nunca havia sentido aquilo antes; nada havia sido tão intenso, tão mágico. Elas se separam no momento em que as primeiras estrelas surgiram, como se elas estivessem se escondendo para dar-lhes privacidade.
— Agora eu percebi — sussurrou, sorrindo.
O coração de Marília se acelerou como se sob uma droga alucinógena e ela a abraçou mais forte e beijou seu nariz.
— Eu amo você.
O tempo parou para Maraisa, tudo entrou em câmera lenta, todas as sensações deixaram seu corpo. Foi só quando compreendeu, como se uma gota de água gelada houvesse caído no vazio.
— Isso estava no roteiro — murmurou.
— Eu teria dito mesmo que não estivesse — respondeu Marília, segura, beijando sua bochecha.
— Eu...
Maraisa enterrou o rosto na curva do pescoço de Marília, a abraçando, o coração descompassado.
— Maraisa? O que foi? — Perguntou surpresa.
— Eu... — Murmurou Maraisa. — Eu não posso, Marília.
O mundo de Marília saiu de foco.
— Maraisa...
— Eu estou confusa. Eu... — Mordeu o lábio, amaldiçoando-se por falar isso ao mesmo tempo em que o pescoço da loira era tão confortável.
Marília olhou para o mar por alguns segundos, depois fechou os olhos.
— Tudo bem — sussurrou, surpreendendo-a. — Vamos voltar para casa. Não me diga nada agora. Faça o que você sempre fez: Pense primeiro...
*
(1/2) atualização dupla.
Venho novamente convidar a quem curte fanfic Mailila, a ir no meu perfil e ler a fic que eu estou escrevendo <3
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The Experiment | Malila
Chick-LitUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...