Capítulo 33

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— Vamos? — Chamou Marília, baixinho, após alguns minutos. — O sol vai se pôr e ele fica mais bonito se olharmos dali.

— Vamos — concordou Maraisa e a soltou.

Marília levantou e estendeu a mão para Maraisa, as duas desceram para mais perto do mar, a morena afundando os pés na areia molhada. O silêncio estava confortável, porque nenhuma delas estava com a mente longe, estavam de corpo e alma ali, aproveitando cada segundo juntas, andando em direção ao nada de forma completamente segura.

E foi nesse ritmo casual e impreciso que Maraisa procurou a mão de Marília e a segurou ao redor da sua. Sentiu primeiro a surpresa da mesma, depois a compreensão e, enfim, o momento em que a mulher entrelaçou seus dedos nos dela, acariciando-­a com o polegar.

— Você sente falta disso? — Perguntou a morena, olhando para o mar e adorando sentir a espuma da água molhar seus pés enquanto andava.

— Do quê?

— De... Não, de... Alguém para...

— Segurar a mão?

Maraisa assentiu.

— Na maioria das vezes. — Marília suspirou. — Você não sente como as coisas deveriam ser? Foi o que você sentiu mais cedo, olhando o mar, era o cenário perfeito. Se você estivesse sozinha, esse momento teria se perdido, e são esses momentos que eu lamento ter que perder se estou sozinha. Como se uma parte da vida estivesse acontecendo e eu não percebesse.

Maraisa olhou pensativamente para frente, diminuindo o passo.

— Eu nunca havia pensado desse modo.

Marília apertou sua mão mais forte.

— Mas você já sentiu isso antes, não foi? Como se de repente ficar sozinha mais um minuto fosse te asfixiar.

Maraisa assentiu, olhando para ela.

— Muitas vezes eu olhava pela janela e pensava o que estava faltando, o que eu não conseguia ver. Porque de repente tudo se torna monótono. Quente, abafado e sem vida.

— Porque você precisava de alguém que atrapalhasse a sua vida meticulosamente organizada.

Maraisa riu, dando de ombros. Os raios já alaranjados do Sol batendo em seu rosto a faziam sentir viva e leve.

— Talvez.

— Você fica bem quando está feliz — disse, diminuindo o passo.

As bochechas da morena ficaram vermelhas.

— Obrigada.

— Gostaria de deixá-la assim para sempre — disse Marília, fazendo-a sorrir.

— Você consegue ser encantadora quando quer.

A loira sorri.

— Vamos parar por aqui, o sol já vai se pôr.

Maraisa se virou para o horizonte, de fato, o sol estava começando a se fundir com o mar, o céu repleto de manchas que iam do rosado ao alaranjado. Marília a colocou na sua frente, a abraçando por trás e estremecendo ao senti-­la aninhar-­se em seus braços, era um sensação completamente nova, aquele calor humano, os sorrisos, as pegadas lado a lado na areia. Era incrível, imprevisível e totalmente correto e natural.

Marília a abraçou mais forte e Maraisa fechou os olhos.

*

Por alguns minutos, tudo parecia perfeito para Maraisa, como se finalmente estivesse bem, tranquila, aceita, confortada, querida, ninguém nunca havia dito o quão perfeito um abraço de Marília poderia ser, o quão a respiração da mulher em seu cabelo poderia soar natural, o quão ela ficaria bem só por estar perto da loira e, por alguns minutos, realmente sentiu tudo o que tantas músicas diziam, se sentiu amada, e essa constatação, forte e imutável, a fez abrir os olhos e descobrir que o Sol já se fora, que só restavam alguns raios alaranjados e tardios no horizonte.

Maraisa mordeu o lábio. Estaria sentindo isso mesmo? Estaria realmente... Mas seus pensamentos se interromperam quando sentiu seus pés na água gelada.

— Vamos para o mar? — Perguntou Marília com uma expressão pidona.

A morena não respondeu, mas sorria de forma tranquila e segura, ela se virou para a mulher a acompanhando em direção ao mar.

— A água está gelada — disse Maraisa, uma onda quebrou não muito distante de onde elas estavam e a espuma foi até a cintura dela, a fazendo tremer de frio.

Marília andou mais alguns passos, segurando uma das mãos de Maraisa. O vento do começo da noite soprou, fazendo a morena se retesar sob a água, as mãos da loira que estavam em sua cintura, a segurando contra si. As mãos da morena estavam apoiadas em seus ombros e suas roupas molhadas estavam grudadas.

Marília se aproximou de Maraisa, que mordeu o lábio inferior, seus narizes estavam a milímetros de se encontrarem e a loira podia ver em seus olhos que a mulher estava passando por um furacão de sensações e pensamentos e, em um movimento suave, se aproximou mais, seus lábios roçando nos dela.

— Não percebeu? Esse é mais um momento perfeito.

Maraisa estremeceu quando Marília a beijou, não foi programado nem previsto pelo roteiro. Foi como deveria ser, impetuoso, calmo, quente, morno, carinhoso e possessivo, uma confusão de sentimentos que a entorpecia. Se permitiu acariciar sua nuca, seu corpo tremendo, ela nunca havia sentido aquilo antes; nada havia sido tão intenso, tão mágico. Elas se separam no momento em que as primeiras estrelas surgiram, como se elas estivessem se escondendo para dar-lhes privacidade.

— Agora eu percebi — sussurrou, sorrindo.

O coração de Marília se acelerou como se sob uma droga alucinógena e ela a abraçou mais forte e beijou seu nariz.

— Eu amo você.

O tempo parou para Maraisa, tudo entrou em câmera lenta, todas as sensações deixaram seu corpo. Foi só quando compreendeu, como se uma gota de água gelada houvesse caído no vazio.

— Isso estava no roteiro — murmurou.

— Eu teria dito mesmo que não estivesse — respondeu Marília, segura, beijando sua bochecha.

— Eu...

Maraisa enterrou o rosto na curva do pescoço de Marília, a abraçando, o coração descompassado.

— Maraisa? O que foi? — Perguntou surpresa.

— Eu... — Murmurou Maraisa. — Eu não posso, Marília.

O mundo de Marília saiu de foco.

— Maraisa...

— Eu estou confusa. Eu... — Mordeu o lábio, amaldiçoando-se por falar isso ao mesmo tempo em que o pescoço da loira era tão confortável.

Marília olhou para o mar por alguns segundos, depois fechou os olhos.

— Tudo bem — sussurrou, surpreendendo-­a. — Vamos voltar para casa. Não me diga nada agora. Faça o que você sempre fez: Pense primeiro...


*

(1/2) atualização dupla.

Venho novamente convidar a quem curte fanfic Mailila, a ir no meu perfil e ler a fic que eu estou escrevendo <3

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora