— Vem, vamos procurar um lugar legal — Marília disse e avançou na direção em que elas haviam caminhado no outro dia.
— Para quê? — Perguntou Maraisa, a seguindo.
— Para o nosso romântico coração.
— Ah. E qual seria a localização correta de um coração na areia da praia?
— Bom, tem que ser um lugar plano — a loira pulou um emaranhado de folhas de coqueiro. — E a areia não pode ser seca ou molhada demais.
— Já fez muitos? — Perguntou involuntariamente.
— Nenhum, na verdade – respondeu Marília, enquanto Maraisa a alcançava e andava ao seu lado. — Minha ex não gostava muito de praia.
— Hum. Acho que encontrei um bom lugar.
— Nem andamos muito — observou a loira para si mesma, vendo a morena correr até o lugar, seus cabelos ficavam brilhantes ao Sol.
Marília a seguiu.
— Parece bom — avaliou, procurando por algo no chão. — Ache alguma coisa para escrever.
— Eu sou sua escrava agora?
— É uma oferta?
— Não, idiota.
Marília achou um graveto um tanto comprido e o estendeu a Maraisa.
— Eu não vou desenhar o coração. Faça você.
— Você não se acha? Deve desenhar melhor do que eu.
— Me elogiar não vai me convencer.
— Não foi um elogio. Não diretamente, pelo menos.
A morena suspirou, pegando o graveto e olhando a areia pensativamente.
— Ok — murmurou, desenhando rapidamente um coração redondinho. — Só isso?
— Está torto.
— Não, não está.
— Está, sim. Olhe. Esse lado está maior horizontalmente que esse.
— Está chamando meu coração de gordo?
— Eu quis dizer cheinho.
— Put... — Murmurou Maraisa, apagando com o pé o tal lado cheinho e o refazendo. — E agora?
— Está perguntando a minha opinião?
— Você vai dá-la de qualquer jeito.
— Err... Parece bom — respondeu Marília.
— Então faça melhor.
— Como é?
— Você me fez desenhar isso para me dizer que parece bom? Qualquer um consegue desenhar um coração que parece bom! — E estendeu o graveto para a loira.
— Você ficou ofendida... Porque eu disse que o coração que você desenhou na areia parecia bom — disse Marília, pausadamente, tentando acreditar nas próprias palavras.
A frase pareceu chamar Maraisa para a realidade.
— Talvez.
A loira suspirou.
— É o coração mais lindo do mundo. Pronto?
— Não. Você consegue fazer melhor que isso.
— É um coração digno do diário da... Sei lá... Paris Hilton.
Maraisa pensou por alguns segundos.
— Certo. Obrigada.
Marília rolou os olhos.
— Escreva seu nome aí — pediu.
— Por quê?
— Porque é um coração romântico escrito na areia. E corações assim têm nomes dentro.
— Você mesmo disse que nunca fez um.
— Você é uma puritana mesmo...
Maraisa ruborizou, ela suspirou, mas escreveu em letras finas e delicadas seu nome dentro do coração.
— Devo escrever o meu agora?
— Não é você a especialista em corações de areia?
— Deixa de ser dramática.
Em letras de imprensa, Marília escreveu rapidamente seu nome abaixo do de Maraisa.
— Acho que o meu deveria ficar por cima — observou.
— Depois sou eu quem se acha — respondeu Maraisa, ainda olhando pensativamente o desenho. — E isso é estranho.
— Não é isso! É que Marília e Maraisa combinam mais do que Maraisa e Marília, pense, se fossemos famosas Marilisa (n/a:??) seria melhor que Malila.
— Não se faça de idiota. E eu acho que prefiro Malila, alías de onde vem o Lila?
— É meu apelido — sorriu. — Acho fofo. E então você assume que eu não sou idiota?
— Se você quiser assim, vai ter que assumir que se faz de idiota às vezes.
— Deixa para lá — respondeu Marília, dando de ombros. — Vamos voltar.
— Ansiosa para fazer o almoço?
— Vou te envenenar.
— Vou pedir para você provar primeiro — respondeu Maraisa, andando do lado da loira no caminho de volta.
— Posso colocar veneno só no seu prato.
— E eu vou pedir para trocarmos de prato.
— Então vou colocar no meu prato, achando que você vai pedir para trocarmos de prato.
— E eu vou te enganar e não vou trocar de prato.
— Aí vou ter que ir até a cozinha e jogar minha comida no lixo.
— Você não faria isso.
— Por que não?
— Porque há pessoas passando fome no mundo.
— Se eu comer elas vão continuar passando fome.
— Sua consciência é algo fantástico.
Chegaram à porta da cozinha.
— Vou tomar banho enquanto você faz o almoço.
— Não se esqueça de arrumar a mesa depois.
— Eu sei. O que você vai fazer pro almoço?
— Depende. Que roupa você vai colocar?
— Não sei — respondeu Maraisa, confusa.
— Se colocar o vestido preto que eu te dei, pode escolher o prato.
— Qualquer um?
— Qualquer um.
— E se você não souber fazer?
— Eu invento.
— Humm... certo. Vou colocar o vestido preto e você vai fazer espaguete com molho vermelho.
— Só isso? Que fácil. Vou achar que você está doida para usar o vestido.
— Ele realmente vestiu bem — respondeu Maraisa, dando de ombros. — Como qualquer coisa que eu uso — acrescentou, satisfeita.
— Você n...
— Vamos continuar essa animada discussão no almoço — cortou Marília. — Me deixe tomar banho e — ela abriu um sorriso. — Se divirta empregada.
E saiu saltitando, deixando uma Marília aparvalhada para trás.
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The Experiment | Malila
ChickLitUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...