Capítulo 17

1.1K 144 38
                                    

— Vem, vamos procurar um lugar legal — Marília disse e avançou na direção em que elas haviam caminhado no outro dia.

— Para quê? — Perguntou Maraisa, a seguindo.

— Para o nosso romântico coração.

— Ah. E qual seria a localização correta de um coração na areia da praia?

— Bom, tem que ser um lugar plano — a loira pulou um emaranhado de folhas de coqueiro. — E a areia não pode ser seca ou molhada demais.

— Já fez muitos? — Perguntou involuntariamente.

— Nenhum, na verdade – respondeu Marília, enquanto Maraisa a alcançava e andava ao seu lado. — Minha ex não gostava muito de praia.

— Hum. Acho que encontrei um bom lugar.

— Nem andamos muito — observou a loira para si mesma, vendo a morena correr até o lugar, seus cabelos ficavam brilhantes ao Sol.

Marília a seguiu.

— Parece bom — avaliou, procurando por algo no chão. — Ache alguma coisa para escrever.

— Eu sou sua escrava agora?

— É uma oferta?

— Não, idiota.

Marília achou um graveto um tanto comprido e o estendeu a Maraisa.

— Eu não vou desenhar o coração. Faça você.

— Você não se acha? Deve desenhar melhor do que eu.

— Me elogiar não vai me convencer.

— Não foi um elogio. Não diretamente, pelo menos.

A morena suspirou, pegando o graveto e olhando a areia pensativamente.

— Ok — murmurou, desenhando rapidamente um coração redondinho. — Só isso?

— Está torto.

— Não, não está.

— Está, sim. Olhe. Esse lado está maior horizontalmente que esse.

— Está chamando meu coração de gordo?

— Eu quis dizer cheinho.

— Put... — Murmurou Maraisa, apagando com o pé o tal lado cheinho e o refazendo. — E agora?

— Está perguntando a minha opinião?

— Você vai dá-la de qualquer jeito.

— Err... Parece bom — respondeu Marília.

— Então faça melhor.

— Como é?

— Você me fez desenhar isso para me dizer que parece bom? Qualquer um consegue desenhar um coração que parece bom! — E estendeu o graveto para a loira.

— Você ficou ofendida... Porque eu disse que o coração que você desenhou na areia parecia bom — disse Marília, pausadamente, tentando acreditar nas próprias palavras.

A frase pareceu chamar Maraisa para a realidade.

— Talvez.

A loira suspirou.

— É o coração mais lindo do mundo. Pronto?

— Não. Você consegue fazer melhor que isso.

— É um coração digno do diário da... Sei lá... Paris Hilton.

Maraisa pensou por alguns segundos.

— Certo. Obrigada.

Marília rolou os olhos.

— Escreva seu nome aí — pediu.

— Por quê?

— Porque é um coração romântico escrito na areia. E corações assim têm nomes dentro.

— Você mesmo disse que nunca fez um.

— Você é uma puritana mesmo...

Maraisa ruborizou, ela suspirou, mas escreveu em letras finas e delicadas seu nome dentro do coração.

— Devo escrever o meu agora?

— Não é você a especialista em corações de areia?

— Deixa de ser dramática.

Em letras de imprensa, Marília escreveu rapidamente seu nome abaixo do de Maraisa.

— Acho que o meu deveria ficar por cima — observou.

— Depois sou eu quem se acha — respondeu Maraisa, ainda olhando pensativamente o desenho. — E isso é estranho.

— Não é isso! É que Marília e Maraisa combinam mais do que Maraisa e Marília, pense, se fossemos famosas Marilisa (n/a:??) seria melhor que Malila.

— Não se faça de idiota. E eu acho que prefiro Malila, alías de onde vem o Lila?

— É meu apelido — sorriu. — Acho fofo. E então você assume que eu não sou idiota?

— Se você quiser assim, vai ter que assumir que se faz de idiota às vezes.

— Deixa para lá — respondeu Marília, dando de ombros. — Vamos voltar.

— Ansiosa para fazer o almoço?

— Vou te envenenar.

— Vou pedir para você provar primeiro — respondeu Maraisa, andando do lado da loira no caminho de volta.

— Posso colocar veneno só no seu prato.

— E eu vou pedir para trocarmos de prato.

— Então vou colocar no meu prato, achando que você vai pedir para trocarmos de prato.

— E eu vou te enganar e não vou trocar de prato.

— Aí vou ter que ir até a cozinha e jogar minha comida no lixo.

— Você não faria isso.

— Por que não?

— Porque há pessoas passando fome no mundo.

— Se eu comer elas vão continuar passando fome.

— Sua consciência é algo fantástico.

Chegaram à porta da cozinha.

— Vou tomar banho enquanto você faz o almoço.

— Não se esqueça de arrumar a mesa depois.

— Eu sei. O que você vai fazer pro almoço?

— Depende. Que roupa você vai colocar?

— Não sei — respondeu Maraisa, confusa.

— Se colocar o vestido preto que eu te dei, pode escolher o prato.

— Qualquer um?

— Qualquer um.

— E se você não souber fazer?

— Eu invento.

— Humm... certo. Vou colocar o vestido preto e você vai fazer espaguete com molho vermelho.

— Só isso? Que fácil. Vou achar que você está doida para usar o vestido.

— Ele realmente vestiu bem — respondeu Maraisa, dando de ombros. — Como qualquer coisa que eu uso — acrescentou, satisfeita.

— Você n...

— Vamos continuar essa animada discussão no almoço — cortou Marília. — Me deixe tomar banho e — ela abriu um sorriso. — Se divirta empregada.

E saiu saltitando, deixando uma Marília aparvalhada para trás.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora