Marília saiu do banho, tomando o cuidado de não deixar a calcinha para trás. Arrumou displicentemente o cabelo com as mãos, descendo as escadas. Podia ouvir o barulho seco de páginas sendo reviradas, e não se surpreendeu ao ver Maraisa folheando o livro de receitas na cozinha, ainda com as roupas de praia.
— Escolheu alguma coisa? — Perguntou.
— Humm... Na verdade, não. Eu vou tomar meu banho e você pode ir olhando enquanto isso.
— Temos mesmo que fazer o almoço juntas?
— Se você quiser ganhar 1 milhão de...
— Ok, ok, entendi — Marília pegou o livro, enquanto Maraisa saía dali.
Páginas e páginas de nada. Muito salgado, difícil, doce demais, Eca, [pânico] frutos do mar! [/pânico], enjoativo.
— Hummm... — Fez Marília ao ler o título de uma receita. Torta de Frango. — Não pode ser tão difícil — murmurou para si mesma, decidindo fazer o frango e, quando Maraisa chegasse, ela só precisaria fazer a massa. Aí misturava tudo e assava.
Era um trabalho em equipe, certo? Perguntou a si mesma, procurando os ingredientes na geladeira. Cada uma faz uma parte e tudo mais.
A questão era... Maraisa era bonita. É, admitiu, cortando o frango. E ela tinha pernas compridas, silhueta delicada, e os seios não eram nada maus, também, e suas coxas eram durinhas.
Droga! Pensou ela, e isso não tinha nada a ver com o fato de ela ter quase se cortado com a faca em um deslize momentâneo. A palavra não é bonita. Ela é... Ok, admita, você é uma tarada da pior espécie. Você está achando a sua "acompanhante de tortura" odiável... Marília suspirou fundo, decidida a ignorar a sua mente. Ela nunca, nunca terminaria aquela frase mental com a palavra que começa com "g" e termina com "a". Nunca!
Grelhou o frango, ainda tentando bloquear o curso dos próprios pensamentos. Sem o menor sucesso.
Maraisa ficava bonita quando brava, Marília só queria entender porque ela era tão esquiva. Tudo bem, elas se odiavam, mas não é preciso se amar para passar quinze minutinhos abraçadas na água, certo? Talvez Maraisa pense que sim, refletiu, procurando sal no armário.
— O que pensa que está fazendo? — Perguntou Maraisa aparecendo de repente na cozinha, os cabelos molhados caindo sobre os ombros.
— Bom, nesse exato momento eu estou terminando o frango.
— Para quê um frango? — Perguntou, batendo o pé, como se estivesse em um interrogatório, começando a se irritar.
— Para enfeitar nossa lareira.
A morena ficou vermelha, a loira era a única pessoa que a tirava do sério daquele jeito.
— Marília, sua grande idiota, nós tínhamos que fazer o almoço JUNTAS! — Gritou Maraisa.
— Eu sei.
— Marília... — começou, querendo mais do que tudo prensar aquele rosto na frigideira quente.
— Maraisa, eu e você estamos fazendo o almoço juntas — disse, se aproximando (percebeu que ela fazia isso mais do que o necessário) e colocando as mãos em seus ombros. — Eu faço o frango, você a massa, juntamos tudo e assamos... Chama-se Torta de Frango. Devo soletrar?
Maraisa piscou, deveria ficar brava com a última frase, mas aqueles olhos a olhando de forma tão penetrante a acalmaram completamente.
— Tá. Tudo bem — se afastou e foi ler no livro as instruções abaixo de "Massa".
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The Experiment | Malila
ChickLitUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...