Capítulo 13

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Maraisa estava no banheiro, nervosa. Ela deveria trocar de roupa, colocar a camisola... Só que era aquela camisola, sabe? Ela não estava exatamente à vontade.

Foi então que ela se decidiu pela maior invenção do mundo: o roupão de chiffon. Leve, lindo e não deixaria ninguém suspeitar que ela estivesse – em suas próprias palavras – seminua. Saiu do banheiro, encontrando Marília sentada na cama, provavelmente a esperando, ela já estava de pijama.

— Eu acho que tenho um creme em algum lugar — disse Maraisa, abrindo seu lado do armário.

— Aqueles perfumados, de patricinha?

— É, idiota.

— Eu vou ficar cheirando a rosas ou algo parecido?

— Humm — leu o rótulo do potinho. — Romã e frutas vermelhas.

— Romã não é uma fruta vermelha?

— Não, por quê?

— Porque a romã é vermelha — respondeu Marília, enquanto Maraisa se sentava na cama.

— E daí? Framboesa é roxa e é uma fruta vermelha.

— Framboesa não é roxa, é azul marinho.

— De onde tirou isso?

— Sempre foi assim.

— Tanto faz, você prefere ficar deitada de costas ou sentada?

— Deitada.

— Então está fazendo o quê sentada?

— Quer que eu coloque uma roupa de médica também?

— Uma vez eu tive um sonho assim.

Maraisa ficou vermelha, roxa, ela teve a bizarra sensação de que se podia fritar um ovo no seu rosto, de tão quente.

— Aah, desculpa, escapou — Marília disse, e Maraisa ficou ainda mais vermelha. A loira riu – estou brincando.

— Idiota.

— Precisava ver o seu rosto. Estava muito vermelho.

— Com razão, você ainda não tirou a camisa? — Perguntou ansiosa por mudar de assunto.

Marília riu, tirando a camisa e colocando-a sobre o criado-mudo.

— Você é uma peste — resmungou Maraisa, colocando creme nas próprias mãos.

A mulher loira não a ouviu, cruzando os braços sob o travesseiro e relaxando os ombros.

E a morena se sentou sobre os próprios joelhos, respirando fundo, como se estivesse prestes a realizar uma cirurgia, ou criar o próximo Frankstein.

Apoiou as palmas das mãos sobre seus ombros, acariciando – massageando obrigatoriamente, corrigiu seu cérebro – seu pescoço em movimentos suaves com os polegares. Percorreu seus ombros em movimentos circulares, chegando ao meio de suas costas.

Maraisa se concentrava nos movimentos, totalmente alheia ao mundo exterior, como se fosse só ela e Marília ali. A pele da mulher ali era bem macia e um tanto rígida ao toque.

Marília fechou os olhos.

Era bom, muito bom, fazia tempo que alguém não a acariciava assim. (O que é a massagem? Sucessão de carícias que proporciona bem estar. Ou seja, é carinho, refletiu mais tarde).

E era tão... Cuidadosa? Carinhosa? Suave? Ela quase não usava força. Extraordinariamente bom.

Maraisa voltou a massagear seus ombros e seu pescoço, seus dedos roçando às vezes em seu cabelo.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora