Capítulo 25

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— Há muito tempo eu não faço um piquenique — disse Maraisa, parecendo pensativa.

— Hum. Onde estão as rosquinhas? — Perguntou Marília.

— Naquela sacola, acho — apontou para a única sacola fechada.

— Ah, Certo. Obrigada. — Murmurou, mordendo um pedaço de uma rosquinha macia, a cobertura doce e melada escorreu por entre seus lábios.

Maraisa se flagrou querendo beijá-la repentinamente.

— O que foi?

— Hum?

— Você está me olhando de um jeito estranho.

— Ah nada. Roteiro? – Disse Maraisa, pegando o roteiro. Deu uma olhada rápida para o papelzinho repugnante. — Hum, essa é nossa última parada em Paris — comentou, mordiscando de forma distraída um pãozinho.

As duas continuaram comendo em silêncio.

— Entediante — comentou Maraisa, se espreguiçando e se aninhando na árvore.

— Não durma — pediu Marília. — Você vai perder o sono depois e vai ficar acordada na viagem

— E?

— E é meio tenso conversar com você em viagens.

— Ah. Certo.

Marília escorou ao lado de Maraisa, encostando seus ombros. Quando ia se permitir passar um braço por trás da morena, ela se afastou, como se a loira tivesse uma doença contagiosa.

— Vamos sair daqui. — Disse Marília, se levantando, um tanto mal-humorada.

— Eu... Ah... Tudo bem — concordou Maraisa, um tanto surpresa com a brusquidão da loira.

Marília pegou as coisas rapidamente enquanto Maraisa se levantava.

— Qual é o problema?

— Problema? Por que haveria um problema? — Perguntou a loira, indo até o poste de luz no meio do bosque.

— Por que você se levantou tão rápido? — Perguntou seguindo-a. — E está tão... Sei lá, distante de repente?

— É, sobre querer distância dos outros você parece entender.

— O que você quer dizer com isso?

— Deve ser humilhante fazer uma pergunta idiota como essa! — Retrucou Marília, andando pelas ruas que as levariam ao hotel. Por sorte, não estavam longe.

Maraisa franziu o cenho, seguindo-a. O orgulho a impedia de fazer mais perguntas, mas ao mesmo tempo algo arranhava sua garganta, o que ela fizera para a mulher ter o direito de tratá-la assim?

Marília andou o tempo todo à frente de Maraisa, que não se esforçou para acompanhá-la. Ela parecia decididamente furiosa e a morena não pretendia provocá-la.

Por outro lado, a falta de reação de Maraisa a irritava ainda mais, Marília queria descarregar sua raiva, gritar com a morena e sabe-se lá mais o quê. Mas a mesma se mantinha quieta, andando em passos rápidos atrás da loira

Quando chegaram ao hotel, Marília foi até a recepção pegar a chave enquanto Maraisa a esperava na porta do elevador.

— Você é uma jovem muito bonita — disse Marília à recepcionista, certa de que Maraisa a ouviria.

— Enchanté — respondeu a moça, surpresa.

Não fora a mesma que a recepcionara no dia anterior, então se permitiu uns segundos de contemplação.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora