Capítulo 20

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Desceram as escadas enquanto o céu, de forma poética, já mudava de alaranjado para azul.

— Não vai segurar minha mão? — Perguntou Marília, quando voltaram a andar tranquilamente a caminho do hotel.

— Depende. O que você me dá em troca?

— Eu não estou pedindo, estou fazendo uma observação magoada.

— Você pode ficar magoada duzentas vezes por dia.

A loira pensou por alguns minutos.

— Devo supor que você não vai me consolar?

Maraisa mais uma vez rolou os olhos.

— Por incrível que possa parecer, você não é o assunto mais interessante do mundo.

Marília arqueou as sobrancelhas.

— Qual vai ser nossa próxima tragédia, mesmo? — Perguntou a morena, fazendo a loira sorrir.

— Roteiro — e pegou o papelzinho. A mulher mais alta franziu o cenho ao lê-lo.

— O quê? O que foi? — Perguntou Maraisa, se aproximando dela para ler.

"9º Voltar ao hotel e ter um jantar romântico na sacada do quarto"

— Argh — fez a morena, pondo em uma palavra tudo o que a loira estava pensando. — Outra porcaria dessa? Eu havia me esquecido.

— Eu também — respondeu, guardando o papel dentro do bolso.

As luzes da cidade começaram a se acender.

— Quando será que iremos embora amanhã? — Perguntou Maraisa, desviando de uma garota com uma bicicleta.

— Isso é pressa?

— Não — pensou por alguns minutos. — Pressa para esse Roteiro acabar logo, claro, mas eu estava falando daqui.

— Gosta de Paris, então?

— Essa cidade é linda — respondeu olhando em volta. Grandes casarões altos e imponentes, sacadas, ferro torcido formando arabescos e grandes janelas.

— O que mais gostaria de fazer aqui, então?

— Gostaria de ver o rio Sena.

— Sério? — Perguntou Marília, surpresa. — Poderíamos ter ido lá hoje, se você houvesse falado.

— Não, gostaria de vê-lo pela manhã, mais vazio. De tardezinha fica cheio de gente.

— Ah. Vamos amanhã pela manhã, então — diz com firmeza. — Duvido que viajemos de madrugada, mesmo.

— Certo.

Passaram em frente a uma padaria, e o cheiro das mui famosas baguetes francesas as distraiu por alguns minutos, enquanto elas continuavam andando.

— É o hotel? — Perguntou a loira, ao se aproximarem do imponente prédio.

— Onde está seu senso de direção? Peça uma informação — e Maraisa fez um gesto para um homem que ia passando.

— Acabei de pedir, para você.

A mulher deu de ombros.

— Sim, é o hotel.

— Só sabe porque deve ter lido em algum lugar.

— Neon rosa não é exatamente discreto, sabe.

Marília suspirou, derrotada.

— Eu odeio...

— ... Discutir comigo, eu sei — completou Maraisa.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora