Capítulo 21

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(...)

Maraisa ruborizou.

— Não no sentido figurado, claro — acrescentou Marília.

A morena rolou os olhos.

— Só não entorne nada, por favor.

Mas a loira já havia ido e voltado com copos e travessas na mão; quando a outra mulher se sentou na cama, a mesa estava posta diante dela – só que sobre o colchão.

— É. Porque se cair um farelinho no colchão, milhões de vermes subirão nessa cama e te comerão viva — disse Marília, tenebrosamente, se sentando ao lado de Maraisa.

— Engraçadinha. Eu nunca como na minha cama — acrescentou, pensativa.

— Eu gosto de fazer isso. Prato?

Maraisa passou o prato para ela, que a serviu.

— Hum! Está quente — exclamou a morena, pegando o prato por baixo.

Marília soltou a colher com que se servia e pegou rapidamente uma almofada, a colocando no colo da morena que colocou o prato sobre a almofada.

— Obrigada.

— Salvei sua vida. Se fossemos romanas, você me deveria servidão eterna.

— Bem vinda à França, então.

Marília deu de ombros como quem lamenta, terminando de se servir.

Maraisa serviu um pouco da torta no próprio garfo e levava até a boca da loira.

.— Espera — disse a morena, parando no meio do caminho.

— Hum?

E Maraisa assoprou delicadamente, para esfriar. Qualquer coisa se aqueceu dentro de Marília. E isso não tinha nada a ver com o prato quente sobre a almofada em seu colo. Não totalmente, pelo menos.

— Está quente? — Perguntou, depois de servi-la.

— Não — respondeu a loira, sorrindo. — Mas sabe qual é a melhor parte?

— Não faço idéia.

— Você esfriou minha comida. Você está cuidando de mim.

E Marília parecia genuinamente satisfeita com isso. A outra mulher arqueou as sobrancelhas, um pouquinho ruborizada.

— E daí?

— E daí que você não quer minha língua queimada, no fim das contas.

— Lembra do item mais constrangedor do roteiro de hoje?

— Humm... o coração na areia? — Mas Maraisa semicerrou os olhos para Marília, que deu de ombros. — Certo, o beijo.

— Exatamente. Eu não quero uma língua queimada na minha boca — e voltou a servi-la.

— Isso não mudaria nada. Eu consigo te dar o melhor beijo da sua vida com a língua queimada ou não — acrescentou, sorrindo de forma convencida, se encostando folgadamente sobre os travesseiros.

— Seu ego... Me comove.

— Só fale quando eu lhe permitir, serva — a loira afundou nas almofadas tal qual uma poderosa rainha faria. — Sirva meu vinho e me dê comida.

— E o que mais, te chamo de "majestade"? — Perguntou cética.

— Sem dúvida — respondeu Marília, suntuosamente. — Onde está minha comida, serva?

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora