Capítulo 35

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Quando Maraisa saiu do banho, Marília não estava mais no quarto, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e desceu as escadas, um pouco incerta. Decidira o que iria fazer, mas quando contaria a ela?

Segundo o roteiro, ainda tinham que jantar, Marília tinha que fazer massagem nela, darem um beijo de boa noite e dormirem abraçadas. Quando contar, afinal? "Não no jantar", decidiu Maraisa, escorando-se no corrimão da escada para a sala.

"Não sei como Marília vai reagir, então é melhor esperar. Na hora da massagem? Não... Tenho que olhar para ela quando falar, ou não vou conseguir. Na hora do beijo, ou de dormir? Oh, não posso enrolá-­la todo esse tempo!"

— Você fica mais bonita de cabelo solto — disse Marília, fazendo Maraisa se sobressaltar.

Marília estava em um sofá da sala, mudando os canais distraidamente. Vestia uma camisa branca de algodão e short, o mesmo de sempre, então por que o coração de Maraisa falhara uma batida?

— Aah. Isso foi um pedido? — Perguntou incerta se a loira estava tentando fazer as coisas voltarem ao normal ou simplesmente a pressionando.

— Não. Não exatamente.

Mas ela soltou o cabelo.

— O que está assistindo? — Perguntou Maraisa, depois de alguns minutos de silêncio.

— Nada — respondeu Marília, ainda mudando de canais. — Não consigo encontrar nada interessante.

— Ah.

E não teve coragem de dizer mais nada, gostaria de ceder ao impulso de chorar como uma criança e contar tudo para Marília agora, tirar aquela expressão de naturalidade do rosto da loira. Ela não poderia ficar impassível depois de dizer que a amava, poderia? "Mas eu não respondi" fungou.

Marília se virou para ela instantaneamente, se amaldiçoando por isso.

— Eu... Eu vou arrumar a mesa — murmurou Maraisa, se levantando.

— Não precisa. Não estou com fome agora.

— Nem eu — respondeu saindo.

Marília franziu o cenho para si mesma, Maraisa estava querendo adiantar as coisas. "Mas para quê? O que ela queria fazer depois do jantar? Ou talvez'' sugeriu uma vozinha maligna na sua mente, ''Ela só queira ficar sozinha para poder pensar ainda mais, ou chorar um pouquinho".

A loira sentiu um aperto no coração, largando o controle sobre o sofá, elas estavam agindo como idiotas completas, pensou, fazendo uma retrospectiva:

Ela percebeu ontem à noite que a amava; Hoje, lançou duas ou três indiretas a Maraisa, que se irritou com isso; Tentou relaxar um pouco. Descobriu que as duas não se odiavam mutuamente como sempre disseram; Teve um momento romântico perfeito; A beijou enquanto a lua surgia; Disse que a amava; a morena não respondera; As duas sofreram com isso e estavam aqui, quase sem se falar, como duas crianças birrentas.

O pior era que Marília não tinha forças para levantar e conversar com Maraisa. A conhecia por tempo suficiente para saber que a mulher tinha tudo planejado e que, se estava agindo assim e adiantando o jantar, era porque tinha algo em mente, a loira só esperava que isso envolvesse um ''eu também''.

*

— Pode vir. Não sei quem a cozinhou, mas a torta está com um cheiro bom.

Marília assentiu, se levantando e desligando a televisão, as duas se sentaram uma à frente da outra, e a loira a serviu como se esse fosse um hábito antigo.

The Experiment | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora