Maraisa rolou os olhos.
— Me dê isso — e pegou a folhinha. — 7º Fazer um coração na areia da praia de novo.
— Dayane está ficando sem criatividade, não acha? — Comentou Marília.
— Melhor assim — opinou Maraisa.
A loira riu, se levantando.
— Vamos logo.
Maraisa a seguiu, ela percebeu que os cabelos loiros de Marília pareciam perfeitamente macios, se lembrou da sensação de enroscar os dedos ali e estremeceu. Lá fora, o Sol brilhava intensamente.
— Que horas são?
— Não sei. Talvez três ou quatro.
— Hum — fez Maraisa. — O tempo está passando rápido hoje.
Marília sorriu, semicerrando os olhos contra o Sol.
— Isso é uma forma indireta de mostrar que gosta da minha companhia?
— Ei. Você disse isso pra mim outro dia.
— E eu gosto da sua companhia — explicou a loira, com simplicidade.
Maraisa deu de ombros, desconfortável.
— E eu consigo sobreviver a sua.
— Você é péssima em inventar desculpas — riu.
— Não sou não — defendeu-se, sem pensar.
— Ah, é? — Perguntou Marília, rindo.
— Argh, Marília, poupe-me de você. Será que o coração que fizemos anteontem vai estar aqui ainda?
— Provavelmente não. Deve ter ventado, chovido... Não sei. Podem ter pisado em cima dele.
— Ai, que horror.
— Vem — chamou rindo. — Vamos fazer um aqui. Ou melhor... Você vai — pegou um pauzinho e estendeu para Maraisa que rolou os olhos.
— Você ainda não aprendeu a fazer um coração?
— Não – retrucou Marília. — Por favor, venerada mestra, mostre-me.
Maraisa ameaçou bater na loira com o pauzinho; a mesma riu. Num gesto lento e preciso, calculado, a morena desenhou um coração. Perfeito.
— Está vendo? minhas críticas são construtivas. Esse aqui não ficou com um lado maior que o outro.
— Cale a boca e escreva seu nome.
Marília o fez sorrindo.
— Essa é uma coisa tão idiota para se fazer — comentou Maraisa, escrevendo o próprio nome embaixo do de Marília.
— Por quê? — Perguntou a loira, se sentando na areia.
— Aah... Talvez porque a areia é algo muito fácil de se desfazer — disse se sentando à esquerda da mulher ali sentada e abraçando os próprios joelhos.
— Então, tudo bem escrever o nome em uma árvore, porque ela é sólida e firme, o que significa confiança e segurança — disse Marília, compreendendo o que Maraisa queria dizer.
— Exatamente. Já na areia, qualquer ventinho se desfaz.
— E é muito mais fácil escrever o nome na areia.
— Sim. Na árvore, é preciso escolher o lugar certo, onde a madeira se permite ser cortada. É preciso ter uma faca, ou um canivete.
— A não ser que se tenha unhas compridas demais — sugeriu Marília, fazendo a garota rir.
— É, a não ser que se tenha unhas compridas demais – suspirou Maraisa..
O Sol estava brilhando, não havia nenhuma nuvem no céu e soprava uma brisa marítima deliciosa. Maraisa mordeu o lábio.
— Não parece o cenário perfeito?
— Sim. O tipo de lugar que se vê nos filmes, quando os protagonistas estão se beijando.
— Isso foi uma indireta? — Perguntou Maraisa, rindo.
Marília riu também, passando o braço ao redor dos ombros dela, que enrijeceu.
— Só vou te abraçar — disse tranquilizando-a. — O próximo item é caminhar, podemos ficar alguns minutos aqui.
Maraisa suspirou.
— Só porque o cenário está perfeito.
— Continue dizendo isso para si mesma.
Maraisa rolou os olhos, rindo, mas repousou o rosto no ombro de Marília, com a mão livre, a loira pegou a mão direita da mulher e a passou ao redor da própria cintura, parecia hesitante, mas logo sentiu-a relaxar.
Marília inspirou o perfume suave do cabelo de Maraisa, fechando os olhos. Era aquela sensação perfeita, de que havia só elas no mundo, de que a morena ficaria ali com ela para sempre... De que as duas se completavam perfeitamente.
A mulher quase cedeu ao impulso de dizer isso a morena, mas se lembrou de que havia prometido a si mesma ir mais devagar. Contentou-se, então, em sorrir para si mesma e abraçá-la mais forte. Porque, naquele momento, Marília sentia que o tempo parara.
Eram só Marília e Maraisa. E nada poderia ser mais certo.
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The Experiment | Malila
ChickLitUm milhão de dólares, esse era o valor do prêmio que a maior rede de cientistas do mundo estava oferecendo para duas pessoas que fossem escolhidas para fazer parte de um experimento social. Esse experimento se baseava em colocar duas pessoas de pers...