Capítulo 36

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Quinn Fabray

O doutor Philipe me perguntou se gostaria de visitar minha filha na UTI neonatal e não pensei duas vezes antes de aceitar, não tive tempo de ver o rostinho da minha pequena já que as enfermeiras precisaram sair às pressas da sala e estou no mínimo curiosa. Queria que meus pais e os pais de Rachel me acompanhassem, mas, eles foram até a cantina para comerem alguma coisa e a Santana que insistiu em ficar no hospital para me fazer companhia, sumiu a alguns minutos.

Caminhar pelo corredor foi uma tarefa um tanto quando difícil, pois minhas pernas estavam moles e meu coração errava as próprias batidas, não estou indo ver minha menina em um berço normal, estou indo vê-la em um casulo artificial. O doutor me acompanhou até a ala da maternidade e sorriu quando paramos em frente ao vidro.

—Ela está bem ali. -Apontou para a incubadora um pouco mais afastada do vidro e dei um sorriso bobo ao ver a minha menina.

Bethany não era a única que estava naquele ambiente, ela parecia acordada e um pouco agitada, provavelmente estranhando o ambiente. Minha filha tem os cabelos clarinhos, tudo indicando que seriam loiros como os meus, sua pele é branca como neve, infelizmente não consigo ver a cor dos seus olhinhos, mas tenho quase certeza que serão verdes. Ela é perfeita, um pedaço físico do amor que sinto pela Rachel e que ela sente por mim.

—Vou dar um pouco de privacidade. -Disse o doutor.

Encostei no vidro e foquei os olhos na pessoinha do outro lado. Minha pequena deve estar assustada, pois, umas horas atrás ela estava em um lugar quentinho, seguro e agora está nesse mundo frio e tão perigoso.

—Deus, por favor, permita que minha menina saia desse hospital com vida. -Pedi olhando para cima. —Nós a amamos muito.

—Quer entrar para ficar um pouco mais perto? -Uma enfermeira perguntou.

—Eu posso? -Perguntei boba e meus olhos brilharam com a ideia.

—Claro, só precisa higienizar as mãos e colocar uma máscara. –Explicou e corri para lavar as mãos na pia que fica no corredor. Passei sabonete neutro umas seis vezes para higienizar bem, utilizei uma quantidade razoável de álcool em gel também e quando voltei a enfermeira me esticou uma máscara para que colocasse antes de entrar no berçário.

Me aproximei da incubadora, mas não tive coragem de colocar as mãos no vidro dessa vezes. Estar perto dessa garotinha é uma sensação única. A Beth focou seus olhinhos em mim e de momento pensei que ela havia erguido uma sobrancelha, mas tenho certeza que estou apenas vendo coisas, ela ainda é muito pequena para pegar minhas manias, não?

—Será que ela sabe que sou a sua mãe? -Perguntei baixinho.

—Eu gosto de pensar que os bebês sentem quem são seus pais. -A enfermeira disse com um sorriso acolhedor.

—Por que ela está com todos esses tubos? -Perguntei.

—Terapia de reposição de surfactante e ventilador. -Respondeu.

—O que é isso? -Perguntei com as sobrancelhas unidas em confusão.

—A terapia de reposição dá ao recém-nascido o surfactante que falta. O surfactante é administrado através de um tubo de respiração. Isso garante que ele entre nos pulmões. O objetivo da utilização da terapia é reverter os efeitos ocasionados por sua disfunção endógena no sistema respiratório do prematuro. -Explicou. —Depois de receber o surfactante, o médico conectará a criança a um ventilador. Isso fornece suporte respiratório extra. -Ela continuou. —Ela pode precisar desse procedimento várias vezes, dependendo da gravidade. -Meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir tais palavras.

—Isso machuca? -Perguntei.

—É mais como um desconforto. -Justificou. —Você pode colocar suas mãos por esses círculos e tocar nela. -Comentou.

—Não vou machuca-la se fizer isso? -Perguntei com certo receio.

—Não. -Respondeu com um sorriso. —Inclusive faz bem para o bebê ter contato com a mãe nesses primeiros momentos.

Coloquei minhas mãos dentro da incubadora e sorri quando a menininha segurou meu dedo com suas pequenas mãozinhas.

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Santana Lopez

Estava andando pelo hospital para tentar me distrair um pouco e quando voltei a recepção não encontrei a Barbie, o que me deixou com medo, já que alguma coisa poderia ter acontecido com minha amiga ou minha sobrinha. Então, decidi invadir algumas alas do hospital para procurar pela loiro e quando me perguntavam o que estava fazendo naquele lugar, só inventava uma mentira qualquer, geralmente dizia que estava procurando o banheiro e que acabei me perdendo, eles sempre acreditam.

—Não sabia que um hospital tinha tantos banheiros. -Resmunguei enquanto revirava os olhos. Estou na ala da maternidade agora, pois é muito provável que ela esteja vagando por aqui como um fantasma loiro. —Nunca pensei que um lugar cheiraria tanto a talco de bebê e ao mesmo tempo teria tanto cheiro de hospital ao mesmo tempo. -Passei pelo berçário, mas não encarei os bebês ou começaria a chorar, quando estava passando pela UTI neonatal vi uma cabeleira loira bem falsificada do lado de dentro. —Achei... -Parei de falar ao ver a incubadora com minha sobrinha dentro. —Beth! -Me aproximei do vidro com rapidez.

A menininha é uma cópia exata da Gaybray e isso seria assustador se a garotinha não fosse a coisa mais linda do mundo todo. Havia um tubo em sua boquinha e aquilo me quebrou de uma maneira que nunca pensei ser possível. Uma lágrima solitária caiu dos meus olhos e foi escorrendo até cair sobre o chão. Claro que amava a Beth, mas nunca pensei que fosse sentir tanto amor e tanta vontade de proteger e amar uma coisinha tão pequenina e inocente.

Mi pequeño angel! -Sussurrei. Quinn não me viu ali, ela estava distraída acariciando os cabelinhos claros da minha sobrinha com uma mão e Beth segurava seu dedo da outra mão. —My pequenã sobrina!­ -Eu decidi sair dali antes que alguém me visse.

Voltei para a recepção com um sorriso bobo nos lábios e me sentei em uma cadeira um pouco mais afastada para mandar uma mensagem a minha namorada, ela ficaria feliz em saber da perfeição que é nossa sobrinha. Peguei meu celular e comecei a digitar para Brittany.

[Santana: Acabei de ver a Beth!]

[Santana: Ela é perfeita, mas está ligada a um tubo...]

[Santana: Estou com tanto medo dela não sair desse hospital, Britt...]

[Brittany: Sammy a nossa sobrinha vai ficar bem!]

[Brittany: Ela é um pequeno unicórnio, esqueceu?]

[Brittany: A Beth vai sair desse hospital e criar muitos arco-íris para a gente!]

[Santana: Eu amo tanto você! ❤]

[Brittany: Eu te amo também, minha chatinha! 🦄🦄🦄]

[Continua...]

consequências: FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora