Âmbar No Azul-Celeste [✓]

Capítulo XLVI

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Papel De Idiota
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Estou fazendo papel de idiota de merda aqui, isso sim!, Dio se deu conta, ainda parado na frente do alfa que acabara de lhe pedir que fizesse a cirurgia, obrigando-se a engolir o próprio ódio perante aquela situação para evitar que o laço que os unia se rompesse de uma vez. Droga, Jonathan! Não vê que estou te pedindo mais uma chance, cacete?!

Não, porque Jonathan não via dessa forma e porque não era assim que se parecia.

— Não! – respondeu quase como um grito assim que Jonathan desviou de seu corpo para seguir às escadas. Não podia deixá-lo ir. Não sem antes de dizer o que tinha que dizer. E não era nada daquilo que falara antes. Não devia ter concordado com o irmão caçula do alfa. Ele não tinha como saber dos seus sentimentos por Jonathan.

Ninguém na verdade precisaria saber a não ser o próprio Jonathan, que se virou com a testa franzida, cansado e abatido, mas não menos furioso.

— O que você quer dizer com "não"? – indagou ele. Fez uma pausa e quando não teve uma resposta, acrescentou: — O que quer de mim, Dio? – retorquiu, tentando não deixar a raiva transparecer em seus dizeres, que ecoaram na mente do ômega com força.

Dio arregalou os olhos dourados, umedecidos por lágrimas intrusas, como se tivesse sido pego de surpresa.

Eu quero tudo de você, Jonathan! Você! É você que eu quero! Viu? Pronto, ficaremos bem de novo... Por que me olha desse jeito? Não está me ouvindo? O quê? Preciso dizer em voz alta?! Não, não, não, não, não, não! Já estou me sentindo um tremendo panaca aqui, eu não consigo... Por favor, me ouça quando eu não conseguir dizer, JoJo... volte a perturbar minha mente, cara... eu quero tudo e não apenas no sentido material... Droga! Responde logo a pergunta dele, seu ômega imbecil!!! Responda logo o que quer!!! RESPONDA!!!

— Quero tudo! – disse com pressa antes que Jonathan lhe virasse as costas, de novo. Sentia-se tenso, com as mãos tão fechadas que doíam e a boca do estômago estava gelada.

Mas Jonathan ficou rígido ante a sua resposta e Dio, tardiamente, entendeu como ela fora interpretada. A essa altura, o alfa fechou a cara como se fosse um portão de ferro maciço.

— Pensei que já tivesse dado tudo de mim pra você, mas não ficará satisfeito até ter a minha parte da herança nas mãos, não é? Foi por isso que aceitou vir pra cá. Não estava sendo gentil... como pude ser tão idiota? – A repugnância expressada naquele rosto fez Dio quase perder o chão. Assistiu apenas ao alfa lhe dar as costas e subir a escadaria para os quartos.

Dio permaneceu ali, parado por alguns minutos, congelado.

Por que ele não me escuta?

A resposta, cujo a qual chegava, não era das mais animadoras.

Por culpa minha. Tudo isso é por culpa minha... Sentiu os seus olhos pinicarem. Piscou as pálpebras e as lágrimas despencaram de seu rosto, outra vez.

Passou a se abraçar diante daquela solidão cruel que o apossou, tendo que lutar contra a fúria que sentia que chegava a deixá-lo enjoado.

Tô me rebaixando diante dele, tentando não deixá-lo ir, mas... por que ele não vê isso?! Por que ele não vê meus esforços pra tê-lo comigo? Eu nunca fui fácil, admito isso, mas não estava desistindo como ele supôs, caralho... eu... não entendo por que persiste nessa história de cirurgia! Por quê?! E eu não preciso da grana dele, como ele pode ter esquecido quem eu sou agora!?