Capítulo XX

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Finalmente Eu Te Encontrei
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     Passaram o fim de semana até a manhã de domingo juntos, comendo besteiras – guloseimas que Erina também se permitiu degustar – com exceção da vez em que Dio fora deixado sozinho no quarto, em plena madrugada, por conta de uma emergência que aconteceu no hospital, bem na folga da beta.

E, para todos os efeitos, Dio estava à base de inibidores mais fortes, portanto, tudo ao seu redor não parecia afetá-lo como antes. A vantagem de se estar dopado é que nada pode te chatear... e nada te diverte também, mas Dio não queria pensar nas desvantagens.

Na verdade, pensar não fazia parte da lista de "tarefas divertidas" que Erina criou, que consistia em apenas comer, beber e dormir.

Deste modo, Dio se viu obrigado a permanecer deitado no colchão – que Erina conseguiu emprestado –, debaixo das cobertas e apenas acordando quando precisava se alimentar e usar o banheiro.

Claro que Erina fez o possível para fazê-lo se abrir, conversar para distraí-lo e também convencê-lo a procurar pelo alfa que o despertara, embora este último fosse o único assunto que deixava Dio febril, o que ele acreditava ser de raiva.

— Por culpa dele estou neste estado! – dizia com indignação, ainda deitado no colchão, sem qualquer intenção de sair dali. — Que merda você acha que vai acontecer? Vou te contar; o mesmo que Kars fez comigo!

Erina, a princípio, não levava em conta a indignação do amigo. E, de repente, parecia muito disposta a tocar nesse assunto com bastante insistência, o que também tirava Dio do sério.

— Quer saber? – incitou ela. Dio imaginava que Erina possuía um sorriso cretino no rosto enquanto falava. — Ele pode ser um alfa mais gentil, alguém que vai se preocupar com o seu bem estar, de verdade. Com certeza, seria muito melhor que o canalha do Kars – argumentou ela com serenidade.

Dio arqueou a sobrancelha ao se virar para olhar Erina andando pelo cômodo; um quarto com uma cama de solteiro, debaixo de uma grande janela e uma mesa média de estudos com um pilha alta de livros.

— Pare de vender o peixe dele, ninguém tá a fim de ouvir – respondeu.

Era óbvio que Erina sabia quem era o sujeito ou, ao menos, insinuava que sabia, do contrário, não estaria tão decidida a convencer-lhe a conhecê-lo. Mas um pensamento surgiu e fincou em sua mente acarretando dúvidas sobre o que realmente queria para si, ou como deveria resolver essa situação.

As ondas hormonais, desta vez, deram-lhe uma bonança para poder pensar; e se acabasse não gostando desse maldito alfa? Ou se ele fosse desagradável aos olhos? Ou um cretino pé-rapado que não teria condições de proporcionar-lhe um futuro decente? Só de pensar nos riscos que corria, o seu estômago se revirava.

Na verdade, Dio já não nutria muita empatia pelo sujeito, fosse ele quem fosse, dada a precariedade que ele lhe submeteu. Contudo, ao se lembrar da melodia que preenchera o corredor do dormitório e da chance que havia ali de finalmente completar a banda e se dedicar completamente à ela, teve a terrível impressão que o seu coração sobressaltou algumas batidas dentro do peito.

— Vai me dizer que não teve curiosidade alguma? Nunca quis saber quem ele é? – retrucou Erina enquanto trocava de roupa por um conjunto mais confortável. Ela havia acabado de chegar da rua e trouxera consigo café da manhã e lanches para passarem à tarde.

Dio se sentou no colchão, encostando as costas na parede fria. Procurou pelo frasco do block quando um formigamento nasceu entre as suas virilhas, se intensificando na parte de trás, precisamente em sua entrada já levemente umedecida.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora