Capítulo XXXIV

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Pensando Por Mim Mesmo
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     Não tardou para Dio ter os tímpanos agraciados outra vez com a melodia criada por Jonathan no violão. Foi no campus, debaixo da bétula de onde se abrigaram da chuva, dias atrás, que eles se encontraram após a convocação da diretoria da universidade.

E enquanto esperava por Jonathan voltar com o violão, Dio pensou no verdadeiro teor daquela reunião com o diretor Rudolph von Stroheim, que não mantivera o casal na sala por muito tempo.

Está grávido, Sr. Brando? – Sr. Von Stroheim perguntara antes mesmo dos convocados se sentarem à mesa, sendo a única vez que se dirigira à palavra a Dio.

Não! – respondera como se tivesse sido acusado de cometer um crime e precisasse defender a sua honra.

Jonathan, ao seu lado, segurava a sua mão para dar-lhe apoio moral, embora não precisasse disso, mas Dio se sentira menos afetado pela ofensa mascarada de preocupação vinda do diretor sobre o relacionamento dos dois.

Todos – inclusive o próprio diretor como fizera questão de demonstrar – achavam que os omegas só serviam para o aumento populacional do planeta, sendo estes incapazes de prevenir uma gravidez caso estivessem com um alfa.

Afinal, essa seria a única função de um ômega, pois não se espera muito além disso dessa classe. E deve-se aproveitar a juventude para que a prole não corra riscos, já que a cada ano que passa, o ômega se torna cada vez mais inútil.

Mas uma gravidez (planejada ou não) poderia manchar a reputação da universidade. Principalmente se ela acontecesse dentro dos dormitórios da instituição.

Aqui está o endereço da clínica que deverão ir, farão exames e terão acompanhamento médico. A família Joestar foi a única informada sobre o caso, porque o remanescente da família Brando é o seu ômega, Sr. Joestar. – Dio sentira que, naquela hora, a mão de Jonathan apertara a sua de leve. Sr. Von Stroheim continuara: — E seu pai, Senhor Joestar I, diz não concordar com essa relação.

A opinião dele não mudará o fato de que Dio e eu estamos marcados, senhor diretor. – Jonathan tivera êxito em controlar a firmeza na voz e Dio se empertigara na cadeira. O timbre do alfa havia alcançado os seus ouvidos de maneira diferente, mas Dio não sabia explicar, até aquele momento em que estava com Jonathan no campus o ouvindo tocar, o que era aquela sensação.

Sr. Von Stroheim erguera o olhar das folhas de papel espalhadas sobre a mesa e concluíra:

O que me cabe dentro das obrigações dessa instituição será feito independente da opinião da família. Mas vocês foram muito precipitados se me permite dizer.

Visto que não haveria mais nada a ser dito, Jonathan se levantara da cadeira, pegando o papel que continha o endereço da clínica e, ainda segurando a mão de Dio, fizera o ômega o acompanhar, respondendo ao diretor:

Não, senhor diretor, não permitimos que diga sobre algo que não lhe diz respeito.

Saíram da sala e Jonathan pedira para Dio que o encontrasse na bétula do dia da chuva, porque queria ansiosamente lhe mostrar a melodia que compusera. Dera um selinho em seus lábios após a saída do prédio principal e seguira ao dormitório alfa, voltando com o violão em mãos um tempo depois.

Agora, debaixo da bétula, embalado pela melodia, Dio percebeu que não ouvia mais a voz do alfa na própria cabeça desde que entraram na sala do diretor, os pensamentos de Jonathan não fluíam mais, como da última vez que o bloqueio acontecera.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora