Capítulo XII

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Mãe Lucy E Mamãe Scarlet
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     O sol da tarde quase o cegou e a inesperada ventania tirou lágrimas dos seus olhos, lufando o seu cabelo dourado para todos os lados. Ainda assim, Dio esperou pouco tempo para se acostumar com a claridade e continuar andando pela calçada, cruzando os braços sobre o peito sem conceber a gravidade dessa convergência de eventos tão repentina em sua vida.

Uma dor terrível no estômago o lembrou da fome. Checou os bolsos da calça e não encontrou qualquer trocado que tivesse sobrado para comprar um bom café, mas o seu estômago não o perdoaria por isso.

Quando se deu conta do quanto andou e de onde estava, um rapaz de cabelo loiro e bem cacheado, com roupas de estampas florestal com aura psicodélica, apareceu na sua frente.

— Dio!? Finalmente apareceu... – Speedwagon se anunciou assim que viu aquela criatura no meio do campus da universidade. — Você está... horrível, cara, o que aconteceu?! – A voz denunciava o quão horrorizado com a aparência decadente do baterista ele estava.

As olheiras profundas davam o aspecto cadavérico ao rosto magro e empalidecido, o cabelo todo desgrenhado parecia que não tomava banho e sequer se alimentava há dias. As clavículas sobressaíam pela gola da camisa folgada e que a blusa de capuz falhou em esconder, inclusive as manchas indecentes no pescoço, realçando o estado desleixado em que Dio Brando se encontrava, chamavam a atenção.

Os olhares questionadores dos outros alunos que passavam por eles pareciam prontos para ferir a sua pele alva, os julgamentos que ainda permeavam em pensamentos já pesavam sobre os seus ombros com a intenção de esmagar o que era considerado desprezível.

"Você tá desprezível, Dio... Não, você É desprezível! Se comporte, seu promíscuo!", conseguia ouvi-los.

Tinha noção de como se parecia, mas não tinha forças para mudar qualquer impressão que os outros tinham de si.

O sol estava envergonhado entre as nuvens naquele momento, sendo a única testemunha do que aconteceu a Dio, que não queria se lembrar de nada, apenas dormir.

— Não enche, Speedy... – disse com evidente fraqueza, sentindo os batimentos cardíacos dentro da sua cabeça, criando pontos luminosos em seu campo de visão.

— Vamos pra minha casa. Se entrar no dormitório desse jeito vai sofrer um interrogatório do inspetor. – Speedy tinha razão, afinal, a sua cara gritava que estivera com um alfa. Logo, o outro acrescentou enquanto enrolava a barra da calça boca de sino da perna esquerda até o joelho. — De lá, ligo pra Erina ir também.

Não precisou pensar muito a respeito, sentiria-se mais seguro longe da vista de todos, portanto, Dio aceitou a carona de Speedy em completo silêncio, embora quase se arrependeu quando a bicicleta, tão cheia de adornos no guidão e cartas de baralho presas no meio do aro das rodas, dando a ilusão de que era uma bike motorizada, sequer tinha uma garupa.

— Prometo que darei um jeito nisso – disse Speedy assim que viu o olhar desolador de Dio, que teve de ficar sentado sobre o ferro da frente a viagem toda.

Durante o trajeto, Speedy até tentou puxar assunto sobre bandas novas que estavam fazendo sucesso e de quando eles deviam voltar a tocar em shows, mas Dio preferiu permanecer calado.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora