Capítulo XLIX

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Um Café Seria Bem-Vindo
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     Jonathan estava ali, diante de Speedy, sem saber como começar a falar.

Sentia-se atormentado por tantos sentimentos acumulados em seu peito, que a sua mente não parecia funcionar como deveria, o que o fez pensar na falta que também sentia de Erina Pendleton. Há tempos não falava com a antiga amiga, mas ficou sabendo que ela viajava pela África como doutora, numa ajuda humanitária com os Médicos Sem Fronteiras, deixando para atrás a sua carreira musical.

Jonathan não se perguntava por que razão ela trocara a fama pelo trabalho duro, como Dio zombara certa vez, porque sempre acreditou que o importante era seguir o próprio coração, assim como Erina fizera ao sair do conforto do seu país para fazer a diferença em um lugar desconhecido; assim como Speedy, que herdara a Fundação Speedwagon e encabeçou inúmeras pesquisas em prol da melhoria de vida das pessoas que fazem uso de remédios não só para controlar os períodos reprodutivos como também em tratamento para diversas doenças que acometem o ser humano.

Foi então que Jonathan se viu ali, de certa maneira, fazendo o mesmo naquele momento: seguindo o próprio coração e se encontrando com Speedy.

— Algumas horas atrás, enterrei o corpo de meu pai... – falou e viu a expressão do amigo mudar drasticamente, o ouvindo dizer em murmúrio um "sinto muito". — Tem mais... Dio teve uma overdose assim que me traiu com Enrico, saiu em todos os jornais. Então, não precisa fingir que não sabe de nada pra me poupar... Eu só não sei mais como aliviar essa pressão do meu peito. – Fez uma pausa abrupta, e soube que o silêncio de Speedy era devido ao choque daquelas informações.

Ficou parado no lado de fora, como um cativo da incerteza que crescia em sua mente, se perguntando se devia mesmo estar ali. Astuciosamente, Speedy não deixou que a semente da insegurança se plantasse naquele solo fértil.

— Tá tudo bem, Jonathan. Eu não te mandaria embora depois de bater na minha porta... Então, vem, entre e seja bem-vindo – ele disse como se tivesse lido a sua mente, largando o taco de baseball de lado e dando passagem para o alfa entrar.

Speedy usava um roupão colorido por cima de uma vestimenta que Jonathan acreditou ser um pijama – uma regata e um shorts brancos –, com o cabelo loiro ainda maior e mais volumoso sobre a cabeça, caindo solto em cascata nas costas.

Jonathan entrou, sentindo os sapatos empapados nos pés enquanto passava uma das mãos sobre o próprio cabelo molhado e, sem perceber que Speedy havia saído de perto e voltado com uma toalha nas mãos, agradeceu com surpresa quando ele lhe a ofereceu.

— Quer tomar café? – perguntou a Jonathan. — Só não ofereço vinho, porque não bebo mais.

— Um café seria bem-vindo...

Speedy sorriu e caminhou pela casa, indo até a cozinha, deixando a visita se secando no meio da sala.

Jonathan olhou o interior daquela residência e achou muito modesta para alguém que ocupava um cargo de importância na principal empresa de pesquisa e tecnologia do país, embora se parecesse como uma casinha de bonecas em tamanho real.

Moveis de madeiras foram pintados de cores mais pastéis numa sala de paredes rosa mais forte. A mesa principal era de ferro com pintura branca e com o topo de vidro. O sofá, de um azul bem clarinho, estava lotado de almofadas coloridas que se destacavam no ambiente. Mas tudo era muito delicado e aconchegante de certa maneira.

Foi quando os seus olhos se fixaram num porta-retrato na estante que continha uma polaroid dos quatro, quando ainda eram membros da banda. A data escrita à caneta confirmava a ideia de que aquele tempo não voltaria mais.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora