Capítulo XXVIII - 1974

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NOTAS DA AUTORA
Olá, pessoal! Como estão? *u*

Vamos ao que interessa: Como está no enunciado do Capítulo, voltamos para 1974, agora com o Dio. Esse disclaim é só pra não causar ainda mais dúvidas do que já deixei com esses saltos temporais, kkkkkk, certo? Veremos, a partir desse ponto, Dio e Jonathan no mesmo período.

No mais, boa leitura!

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Pensei Que Veria Você Na Bateria
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     Sob a luz da lâmpada, a aparência da marca não passava de uma cicatriz em formato circular na região da nuca; esbranquiçada como uma estria e levemente sobressalente ao toque, muitas vezes apresentava febre sem motivo aparente, tornando a coloração no entorno um pouco mais rosada, deixando-a mais em evidência.

Chegava, inclusive, a sentir coceira quando ficava morna, e depois da discussão mental que tivera mais cedo, por Jonathan ter contato à Erina que perdera alguém no passado – assunto particular que Dio não permitiu que o alfa falasse sobre – algo mudou repentinamente.

Sentado de lado num banquinho de madeira, à frente de um enorme espelho bem no meio do cômodo, Dio analisava com certa preocupação a quietude do símbolo de sua ruína; a marca não estava mais quente, não causava mais qualquer incômodo e ficou semitransparente como se a qualquer momento fosse sumir da nuca.

Não foi a única coisa que o deixou intrigado àquela tarde; Jonathan não estava mais em seus pensamentos. Ou melhor dizendo, a presença do alfa não era mais perceptível, os sentimentos que invadiam o seu peito desde o dia em que saíra da mansão não irradiavam mais, como se alguém tivesse apenas fechado a torneira das emoções que esqueceram aberta e resolvido o problema.

Jonathan morreu?

Foi a primeira coisa que pensou, descartando-a um segundo depois por saber o que acontece com quem perde o parceiro vinculado. Dio se considerava um sujeito sortudo na maioria das vezes, mas não a ponto de simplesmente ser o único ômega na face da Terra a não sentir dor na marca com a morte do alfa.

Porém, a sensação de perturbação de antes dera lugar à solidão. Dio se deu conta pela primeira vez que estava sozinho naquele apartamento, do qual recebera abrigo de Vanilla Ice e era dividido com mais dois amigos, os irmãos D'Arby.

Daniel J. era um alfa trambiqueiro da pior estirpe e gostava de apostar tudo por tudo. Seu irmão mais novo, Telence T., um ômega, não era tão diferente, mas o seu vício em desafios era equiparado apenas a do seu irmão mais velho. E, por algum motivo que Dio não se interessava realmente, ninguém estava presente àquela hora da tarde.

E quanto ao Jonathan, Dio desconfiava que ele havia logrado em lhe expulsar da mente dele, mas não só isso; de algum maneira, foi bloqueado todos os acessos aos pensamentos que a ligação entre eles criou.

Após a tormenta de fúria que direcionou ao alfa, nunca sentiu algo semelhante antes; Dio sobressaltou logo depois da expulsão, como se tivesse sido jogado de volta ao próprio corpo numa experiência extra-corpórea que chegara abruptamente ao fim e, então, veio o silêncio.

Como o alfa foi capaz de fazer aquilo, era a questão.

A porta da frente foi aberta e Vanilla adentrou surpreendendo-se com Dio diante do enorme espelho como um artista prestes a pintar um autorretrato. Dio olhou pelo reflexo à chegada de Vanilla por breves instantes, voltando a alisar a marca em sua nuca com os dedos e fixar-se em seus próprios olhos intrigantes.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora