Capítulo XXIX

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Do Que Vocês Ainda Têm
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     Senhor Joestar, diferente do seu inicial desinteresse fingido para com Joseph, agora estava claramente transtornado, com o rosto inchado e vermelho.

Jonathan só podia imaginar o que estaria escrito naquele dossiê montado pelo detetive particular contratado pela família Kakyoin sobre os "filhos degenerados" que causara essa reação em seu pai.

Viciado descontrolado e promíscuo vagabundo provavelmente foram títulos que seu próprio pai escolhera para anunciar aquela vergonha, pois certamente termos ainda mais chulos foram usados no documento para descrevê-los e justificar a razão da família de Noriaki não estender os convites do casório a esses irmãos devassos do noivo alfa.

E haveria de ter ainda muito mais coisas ali expostas em documentos que o seu pai, muito provavelmente, se recusava a acreditar... afinal, se souberam da overdose de calmantes, consequentemente saberiam que Jonathan despertara um ômega fora do planejamento do seu pai; que se não soubera pelo relatório, seria pelo mordomo que assistira aos pombinhos adentrarem à mansão aos beijos ávidos e da saída dramática do ômega furioso, na manhã seguinte.

E se descobriram sobre Joseph, então, sabiam com quem ele dormia, o que não só afetaria a família Joestar como a Zeppeli também... mas o silêncio do patriarca quanto aos detalhes acarretava em dúvidas do quanto ele realmente se prestou a ler e a levar em conta o dossiê condenatório.

De qualquer forma, fora a maior humilhação que um homem, como Senhor Joestar, com um nome de peso como o da sua família nunca imaginou passar no casamento do filho caçula.

Joseph, que mordera a isca e agora sentia-se constrangido e acuado, permaneceu com olhar fixo naquele homem de rosto alterado de raiva enquanto Jonathan, ainda sentado à mesa, sentia as mãos geladas sobre as próprias pernas, ouvindo ao que o pai dizia num olhar penetrante:

— Vou lembrá-los do que vocês ainda têm... – Embora estivesse sem qualquer paciência, o patriarca falou num tom abaixo, mas não menos ameaçador. — Joestar; é o nome da minha família, é o legado que deixarei pra vocês quando eu me for, e passarão adiante para os seus filhos. Olho pra trás e vejo que tivemos gerações de alfas fortes e meu desejo sempre foi que a minha prole não fosse diferente disso... e não deve ser. Não à toa somos, desde então, uma das famílias mais respeitadas da Europa e não vou deixar que desonras arruinem a história desta família. Portanto, essa libertinagem acaba agora, vocês se casarão com omegas que lhes darão bons filhos e que honrarão o legado. E enquanto eu estiver aqui, a minha palavra é lei. Então, vocês, ainda como meus filhos, me devem obediência. Porque, sem este nome, o que vocês acham que vão conseguir? – A pausa foi calculada, Jonathan imaginou que o seu pai estivesse preparado para algum protesto. E, por mais que tivesse perguntado, Senhor Joestar não queria ouvir uma resposta verbal. O silêncio seria muito mais condizente e simbólico como uma afirmação de sua autoridade ante aos filhos.

Jonathan sabia que era só mais uma armadilha de oratória e esperava que Joseph permanecesse quieto...

— Paz de espírito – Joseph respondeu com a voz mais grave que o normal. — Jotaro conseguiu a união depois que tirou o "Joestar" do nome. Aposto que a sensação foi como tirar o peso dos ombros agora que o sobrenome dele é outro...

Senhor Joestar crispou os lábios e mirou o filho com olhos de predador, mas isso só durou um segundo, logo, o mais velho suavizou a feição quase demonstrando indiferença.

— Você diz paz de espírito... – disse, dissimulado — quando aquele Zeppeli anormal for castrado e ninguém mais associá-lo a você, aí todos nós teremos essa paz de espírito. – A fúria transparecia naquela voz calma.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora