Capítulo XL - 1974-5

56 6 73
                                    

━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
Veja Com Seus Próprios Olhos
━━━━━━━━━━

Dio reprimiu um súbito ataque de nervos. Crispou os lábios e caminhou alguns passos. Contudo, agora, não havia mais volta. O que tinha feito, estava feito. Mas a sua frustração contida estava evidente nas narinas dilatadas e nas mãos cerradas em punhos.

Não tinha como saber se havia conseguido o que queria com o Senhor Joestar, não de imediato, mas a sua própria intuição dizia de que tudo ainda seria posto a perder só por causa dele...

— Jonathan... Se veio aqui me impedir, está atrasado – falou tentando manter a voz o mais firme que conseguia. Pensou nas inúmeras vezes que desejou que o alfa simplesmente sumisse da sua vida, mas não encontrou a centelha que inflamaria o seu peito com essa certeza. Pois, agora, embora fosse difícil admitir para si mesmo, não desejava mais que ele sumisse... mas a raiva ainda era forte; a raiva de que tudo seria feito do jeito dele... e não do seu.

Os pensamentos fluíram de repente para que palavras não fossem desperdiçadas para que o óbvio fosse dito. Jonathan estava furioso e Dio sabia que o alfa precisou se conter para não perder o controle. Ainda assim, o ômega acreditava que não abriria mão dos seus direitos, não se importando se o outro estivesse na razão de estar furioso.

— Não pensei que chegaria a esse ponto pra conseguir o que quer... – Jonathan parecia rosnar e cada palavra chegou aos ouvidos de Dio como alerta de perigo. — Coagir, esperando que isso fizesse meu pai agir em seu favor... é melhor do que esperar que eu consiga pelos meus esforços?

— S-Se você... não fosse tão... burro e orgulhoso... – Sua voz falhou, saía quase em sussurros e completamente sem a firmeza que tentou se postar. Mas o alfa se manteve distante e Dio pôde respirar enquanto a sua voz foi ganhando força. — Jonathan... eu não... Olhe, Jonathan, eu teria feito isso de qualquer jeito. Você se gaba que é o único que me conhece agora, mas nem você quer enxergar o óbvio. Este sou eu! Usei o seu irmãozinho desvirtuado como chantagem, sim, por vingança! Sabia que ele é um maldito contrabandista? Que me negou a porra do... – Dio parou com as acusações quando os pensamentos de Jonathan afirmaram toda a história sobre Joseph/Fuga, porque Speedy contara. Diante disso, o ômega suspirou e repousou uma das mãos sobre a cintura. — E tá decepcionado comigo só porque exijo o que é meu por direito enquanto tá tudo bem seu irmão ser um criminoso ordinário que causou o pior pesadelo da minha vida?

Desta vez, Jonathan se moveu e caminhou em sua direção, o seu coração acelerou com a aproximação do alfa. O seu instinto ômega dizia para correr, ainda que a mente afirmava que não devia sentir medo dele, afinal era o Jonathan. Mas o pensamento de maior terror resvalou de sua mente para a do outro.

Ele vai usar a voz em mim! Por favor... não usa a voz... em mim...

Então, Jonathan parou bem na sua frente – continuava com a carranca de pura decepção e transtorno, embora mais nenhum pensamento dele fosse captado para que o ômega pudesse agir com antecedência –, mas lhe tomou pelos braços num abraço quase sufocante. Dio teve certeza de que seria esmagado, que talvez essa fosse a intenção do alfa. Matá-lo num abraço de urso.

Mas ao sentir os feromônios dele dominar as suas narinas, nada mais passou na sua mente perturbada. Nenhum mísero pensamento mesquinho ou amedrontado sequer. Fechou os olhos e, inconscientemente, passou a depositar beijos no pescoço de Jonathan como retribuição por aquela sensação gostosa de segurança.

Quando Jonathan falou, a voz dele ressoava de dentro do peito. Profunda, densa e poderosa. Dio apoiou o queixo sobre o ombro do alfa e o ouviu.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora