Capítulo IX

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Alguém Com Potencial Para Progressivo
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—— P-por que você d-diz isso? – indagou Jonathan ainda se sentindo pressionado com a afirmação tão incisiva da Dra. Pendleton.

Ela suspirou ante ao olhar de cão amedrontado do paciente.

— Duas coisas – disse ela: — A primeira é que você disse não ser um viciado em calmantes e, bem, acredito em você... Na verdade, o resultado dos seus exames não condiz com o de um viciado. E seu irmão afirmou que você também não é hipocondríaco. Por isso, acredito que você foi o único preocupado em não causar qualquer mal ao ômega quando descobriu que ele estava no cio, tomando essa quantidade absurda de remédio num ato desesperado. Do contrário, não era você que estaria aqui e, sim, o ômega.

Jonathan, que até então sentia os seus músculos tensionados, com dores sobre os ombros e receio de uma possível consequência de seu relato, embora sem muito detalhes, se deu ao luxo de relaxar por um momento. Não sabia bem o porquê, mas a jovem doutora não parecia que denunciaria o caso à diretoria da universidade e ele tratou de acreditar em seu instinto.

— E a... segunda coisa? – indagou. Sequer tentou antecipar o que viria.

Desta vez, Dra. Pendleton sorriu discretamente.

— Bem, seu irmão me contou o que você disse pra ele.

Jonathan arregalou os olhos.

— Espera! O quê!? – Quase se amaldiçoou por seus relapsos.

— Jonathan... – Dra. Pendleton sentou-se na beirada da cama com um olhar relutante sobre ele, que pôde notar com mais clareza a hesitação dela. — Como você mesmo parcialmente presumiu, o ômega não entrou no dormitório de propósito, não com o intuito de provocar os alfas ou qualquer absurdo que possam acusá-lo. Ele só estava...

— Entregando panfletos. Eu sei... – Jonathan a interrompeu ao sussurrar, finalmente se dando conta que a doutora sabia muito mais sobre o ocorrido do que ela demonstrava. — Ele deixou alguns caírem no chão quando fugiu.

— Sou amiga dele – revelou ela.

Jonathan assentiu com a cabeça em compreensão.

— E... como ele está? – indagou, inseguro se devia mesmo perguntar.

Dra. Pendleton repousou a sua pequena mão sobre a mão de Jonathan, livre da agulha coberta de esparadrapos que o medicava com o soro, dando leves tamboriladas com os dedos.

— Fico feliz que esteja preocupado, de verdade. Ele está bem. Quero dizer, se eu soubesse pra onde ele foi, seria mais fácil afirmar...

— Como assim? O que aconteceu? – Deixou escapar inquietação em seu tom de voz, não sem compunção.

— Nada, ele só... – A doutora ergueu as sobrancelhas, tomando certos cuidados com as palavras. — Está assustado, apesar de que ele nunca vai admitir isso... Eu queria que ele tomasse um block mais forte, que pudesse ajudá-lo nesse período... – Suspirou, resignada, como se lembrasse de algo e preferindo seguir por outro rumo na conversa. — Bom, estou aqui porque quis me certificar que você não fosse um alfa babaca e, devo te tranquilizar, estou satisfeita. Mas, preciso te alertar que o ômega que você despertou é muito mais complicado do que possa imaginar...

Jonathan engoliu em seco, a julgar pela escolha de palavras da doutora, era evidente que ela sabia o que esse fenômeno natural significava para os envolvidos.

Tratava-se dos despertos; quando mesmo com os esforços de inibidores e calmantes, um alfa engatilha o cio de um ômega, assegurando-se assim a ligação inquestionável do casal. Algo que poderia valer mais que qualquer casamento arranjado, era uma garantia de prole saudável e união estável e duradoura das ditas almas gêmeas.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora