Capítulo XXXII

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"Ficar De Bem"
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     Ao chegarem no prédio designado para o dormitório ômega, Dio e Jonathan pararam na entrada para tirar o excesso de água acumulada nas roupas e nos cabelos sobre o grande capacho.

A ensopada camisa branca de Jonathan estava completamente transparente e grudava no corpo, valorizando os contornos e os músculos que ali haviam.

Dio, por diversas vezes, tentou evitar de espiar o tórax definido e se deixar levar pela curiosidade juvenil de "como seria ter com o alfa sem estarem no cio", só pelo afrontamento, mas quando Jonathan resolveu retirar a camisa e torcer o pano com o torso nu, o ômega só conseguiu admirar aquela visão, deixando fluir os pensamentos mais estimulantes adubados por sua mente fértil... até que dois omegas, que passavam naquele instante pelo hall em direção à saída, esperaram o casal sair da frente enquanto também comiam com os olhos o alfa que torcia a camisa, entre risinhos contidos e comentários sussurrados.

Se perguntado, Dio certamente diria que a culpa fora totalmente do alfa por aquela exposição desnecessária. Fingindo que a sua tentativa de cobri-lo com a própria blusa – embora molhada por cima, lhe manteve aquecido e seco por dentro – não fosse uma mensagem clara para os "vadios" de que o alfa já lhe pertencia.

Mas quando a advertência não surtiu o efeito desejado, Dio apelou, sádico:

— Querem ter suas cabeças viradas pra trás? Posso trocar a cabeça de um pela do outro, também, o que acham disso?

Jonathan, claro, desaprovou aquela atitude, mas não desbancou Dio na frente daqueles omegas. O que ele fez... na opinião de Dio, foi tão prazeroso quanto ameaçá-los; Dio teve certeza que a sua alma estava prestes a sair do corpo quando Jonathan passou o braço em sua cintura e o puxou para um beijo lascivo e quase vulgar por ele ter logrado em arrancar um gemidinho gutural seu ao pressionar devagar o seu baixo ventre com a coxa.

Dio conseguiu se segurar, enlaçando o pescoço de Jonathan com os braços e, enquanto se perdia naquele contato quente, acarinhou a nuca e deu leves puxões nos fios de cabelo do alfa para intensificar o beijo.

Era como entrar em combustão instantânea.

A sensação que dominava o corpo de Dio, tendo origem em seu próprio âmago, era acompanhada da certeza de que, estar junto de Jonathan, o seu JoJo, era o que se desejava antes mesmo de conhecê-lo.

Até mesmo as bocas, grudadas como estavam, confirmavam o encaixe que os corpos demonstravam ter, com orgulho. E as respirações irregulares e os corações descompassados... era uma completa bagunça, mas dentro do caos também havia um equilíbrio perfeito.

E quando se deram conta, os omegas nem estavam mais presentes.

Dio mordiscava o lábio inferior e não tirava mais os olhos da boca do alfa, que sorria com tanta honestidade que, apesar de uma atitude inusitada – diante de outras pessoas – vinda dele, não se via em Jonathan uma malícia maldosa. Muito pelo contrário.

Era um desejo, que transbordava também – embora por influência do alfa – no peito de Dio, de que tudo pudesse se resolver entre eles; que Dio pudesse ver em Jonathan a segurança e o conforto que não tivera antes de conhecê-lo.

Jonathan, durante o beijo, transmitia os seus pensamentos mais profundos, do quanto desejava ser o alfa que não só o supriria em épocas críticas, quando o período arrancaria a racionalidade dos dois, mas queria estar presente em todos os momentos significativos, nos bons e ruins, como também nos entediantes.

Se Jonathan estivesse deitado na cama, olhando para o teto, sem ter nada para fazer, mas com Dio ao seu lado, mesmo emburrado como provavelmente estaria, ele seria capaz de irradiar felicidade como se tivesse ganho uma barra de chocolate ou um boquete; era como Dio imaginava e deixou o pensamento fluir, arrancando pigarros e bochechas coradas do alfa.

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora