Capítulo XV

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Nossos Próprios Problemas
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     Lágrimas inundaram os olhos cristalinos de Caesar, esperando uma retratação com pura indignação expressada no rosto.

Joseph estava cansado, ferido por dentro e preocupado com o que certamente iria acontecer no que diz respeito ao o que Jonathan iria dizer.

E o próprio Jonathan, ainda lesado pelo seu descontrole, sentiu o seu coração pesar ainda mais dentro do peito ao descobrir que verbalizara de maneira descabida pensamentos enraizados dos quais agora se envergonhava. Dos quais tinha medo que revelassem os seus preconceitos – até então escondidos – com o que era apenas diferente, tornando-se tabu por pura ignorância.

Quando criança, ouvira dos adultos que alfas que se deitavam com alfas eram abominações, uma vergonha imperdoável, que mereciam ser açoitados em praça pública.

Esse ódio acarretou em leis que condenavam alfas "anormais" à castração química. Assim como podia acontecer com omegas que se relacionavam com outros omegas, mas que, neste caso, ninguém parecia esperar muita coisa deles além da promiscuidade que lhes era atribuída.

Além disso, era sabido que alfas gostavam de ver dois omegas juntos na cama, só para enaltecer a própria virilidade e sanar o próprio desejo dominador de poder ter dois omegas somente para si.

Comentários desrespeitosos e sem qualquer pudor eram feitos em uma roda de conversa dentro de casa, num ambiente familiar predominantemente dominado por alfas, onde os seus respectivos omegas levavam qualquer ofensa dada a eles como piada.

Jonathan escutava essas conversas "descontraídas" e sentia-se muitas vezes terrivelmente desconfortável, porque sempre que algo do tipo era dito na frente de seu papai William, a conversa tomava rumos irreversíveis. Seus pais brigavam muito, depois.

E, por esse motivo, os amigos de George não os convidaram mais para jantares ou para essas confraternizações privadas, até a morte do esposo ômega.

Claro que Jonathan, criança curiosa e intrigada como era, inquirira ao seu papai o motivo que levava dois alfas a agirem assim já que era "tão errado".

William expressara tristeza enquanto respondia:

Não há nada de errado em amar outra pessoa, filho. O direito a felicidade não é restrito as concessões que essa sociedade quer nos empurrar goela abaixo.

Talvez fosse muito pequeno para entender o que ele quis dizer naquela época, mas Jonathan nunca se esqueceu dessa conversa.

Ainda assim, o seu pai George incutiu como "correta" a ideia de que dois alfas não podiam se relacionar, e Jonathan sabia que Joseph e Jotaro receberam a mesma doutrinação.

Então, o que mudou em Joseph para que isso acontecesse? Era algum sinal de rebeldia por parte do irmão? Ou mesmo uma fase que passaria como se costumava dizer?

Jonathan torcia para que fosse este o caso... seria melhor para todos.

— Eu... – Pigarreou enquanto se levantava do sofá. — Não tive a intenção de ser indelicado, estava fora de mim, não podem levar isso em consideração?

Ao olhos de Jonathan, Caesar estava irredutível.

— Está tudo bem, meu irmão, vamos esquecer isso. – Joseph suspirou e também se levantou do braço do sofá.

Caesar não parecia satisfeito. Muito pelo contrário, parecia com raiva.

— Esquecer? – indagou Caesar com indignação. — Não posso acreditar nisso, Joseph!

Âmbar No Azul-Celeste [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora