Backfire [L.S]

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Harry Styles //
Algumas semanas depois.

Estou doente.

Aquele tipo de doença silenciosa que não demonstra os sintomas, mas que você sente que há algo de errado.

Não tenho sintomas físicos, mas é como se eu tivesse. Meu corpo já não me comanda mais, meus pensamentos não parecem mais meus, e meu coração... bem, meu coração dói.

Não é uma dor excruciante, mas é aquele tipo de incômodo pequeno, porém persistente, que fica martelando e te lembrando a todo instante que está ali.

Não há remédio para esse tipo de doença. Sei disso porque já testei todos que estavam ao meu alcance.

Sinto como se eu estivesse em queda livre. Sabendo que eu mesmo me coloquei nessa posição. Eu subi na beira de um penhasco. Eu não ponderei, eu não questionei as possibilidades... eu simplesmente pulei ㅡ por medo. Mas no exato momento em que meus pés deslizaram sobre a pedra, eu me arrependi.

Eu não quero cair. Eu não quero sentir o impacto. No entanto, é em vão se arrepender quando já se está em queda livre.

Eu fui cruel, e isso talvez seja o que está me remoendo. Disparei minhas palavras como balas de canhão. Balas essas que não eram para Louis. Não deveriam ser para ele.

Eu poderia ter sido mais cauteloso, eu poderia ter dito de outra forma, eu poderia ter me arriscado um pouco, eu poderia ter sido honesto... mas não há como voltar atrás no que eu disse. Não há como voltar quando já se tem as mãos sujas de pólvora. Não há como desfazer um ferimento que já está jorrando sangue.

Eu sempre estive ciente das minhas convicções, mas agora, elas parecem não passar de fragmentos de poeira. E pela primeira vez em anos eu me pergunto: e se?

E se ele tivesse me dado mais tempo? E se eu tivesse menos medo? E se tentar não fosse tão ruim assim? E se eu tivesse nos dado uma chance? E se ele for capaz de mudar tudo aquilo que eu acredito? E se não for tão perigoso quanto eu penso? E se valesse a pena? E se compensasse o risco? E se... e se...

... E eu só espero.

Espero até que a ferida que eu abri nele estanque em mim; porque no momento exato que eu atirei, a bala ricocheteou... me acertando em cheio.

Tenho estado distante, a ponto das minhas clientes perceberem. Não penso em muitas coisas já que a minha cabeça parece um vazio eterno. Eu até pintei o cabelo da Roberta de vermelho, depois que ela insistiu nisso por semanas a fio. Não pensei, apenas fiz, no automático. Sei que terei que reparar esse erro nos próximos dias, mas é exatamente isso que eu tenho feito toda a minha vida: tenho tentado reparar os meus erros.

Não me sinto culpado por Louis ter se apaixonado. Eu fui honesto, eu fui claro, eu disse exatamente o que nós seríamos.

Mas eu me arrependo de não ter tentado.

Eu sinto falta dele.

Sinto falta dos seus beijos preguiçosos, das suas mãos ágeis, dos seus toques precisos. Sinto falta da sua risada, do seu humor ㅡque ficou ainda pior quando me conheceuㅡ, da maneira como ele traga os cigarros. Sinto falta de sua respiração batendo em meu pescoço, de como ele me aperta em seus braços, de como gosta de que eu o arranhe. Sinto falta do quanto era natural estar ao lado dele, de como ele entendia o meu jeito, de como ele me chamava de anjo. Sinto falta das mensagens, dos flertes, de como sua boca procurava pela minha. Sinto falta do sexo, das provocações, do cheiro.

Eu realmente sinto falta dele.

E eu só preciso de um tempo para me acostumar com a ausência, e é por isso que estou de cama. Não tenho saído, não tenho feito sexo, não tenho beijado na boca, não tenho bebido, não tenho respondido as mensagens.