epílogo

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Harry entra em meu apartamento com o celular no ouvido segurando-o com o ombro e nas mãos várias sacolas que eu não faço ideia do que seja. Seu pé empurra a porta e ele me olha piscando os olhos e sorrindo enquanto posiciona as sacolas em cima da mesa. Mal consigo ver o seu corpo por debaixo da blusa grande de frio. O fim do inverno é sempre mais rigoroso.

ㅡ Eu já falei para ele. Na verdade, eu avisei. Semana que vem estaremos aí. Louis vai tirar férias e eu vou tentar tirar uma semana do salão. ㅡ Ele diz ao telefone e me encara no sofá, tampando o alto falante. ㅡ É a sua mãe.

Claro que é.

Desde que fomos a Doncaster pela terceira vez nos últimos meses, eles se falam ao telefone todos os dias.

Minha mãe e Harry praticamente formaram um complô contra mim e se juntam para fofocar sobre coisas aleatórias ㅡ me incluindo nessas coisas.

Dou um sorriso e nego com a cabeça enquanto ele continua a tagarelar com ela, retirando a blusa de frio e as botas. Ele fica à vontade com essa aproximação que aconteceu de forma gradativa e genuína e fico feliz por eles terem ficado tão próximos. Não consigo me conter em pensar que de certa forma, eles criaram uma relação quase maternal sem que essa fosse realmente a intenção.

Harry inclusive tem citado menos os pais, e as raras vezes que presenciei sua mãe ligar, presenciei ele também rejeitando a chamada.

Acho que no fundo ele compreendeu que não é necessário manter laços pelo simples fato de ter traços sanguíneos.

Se não te faz bem, se não te agrega em nada, se te causa danos, você simplesmente aniquila ㅡ e é isso que tenho observado ele fazer.

Também não me importo nem um pouco em dividir minha mãe com o meu amor, mesmo sabendo que nessa repartição, eu sempre fico com a menor parte. Às vezes fico perplexo em saber que fui eu que saí dela, não ele.

ㅡ Hoje vou fazer abóbora. Ele disse que não come abóbora, quero ver ele não comer. ㅡ Harry me lança um sorriso e eu nego com a cabeça.

ㅡ Abóbora não, amor. ㅡ Choramingo contido no sofá.

ㅡ Está ouvindo, Jay? A pirraça dele? ㅡ Ele tira o telefone do ouvido e clica na tela colocando no viva voz se aproximando. ㅡ Fala com ele.

Vai comer abóbora sim, Louis. ㅡ Minha mãe praticamente ordena com sutileza na linha, e eu reviro os olhos.

ㅡ Nossa, eu odeio vocês dois.

Harry solta uma gargalhada alta e gostosa e se senta em meu colo, passando as pernas sobre as minhas coxas e voltando com o telefone para a orelha.

ㅡ Preciso desligar, Jay. Tenho que mimar o meu benzinho para ele comer a abóbora mais tarde. ㅡ Ele diz de forma sensual e flexiona os quadris em um vai e vem em meu colo, me arrancando um suspiro baixo.

Aperto a sua cintura com a ponta dos dedos mordendo os lábios e ele me lança uma piscadela.

Tenho a impressão que ele não está falando da abóbora.

Fico encarando seus olhos e nego com a cabeça sorrindo. Não me canso nunca de admirá-lo. Harry é lindo em todas as formas, em todos os jeitos, em todos os sentidos. Eu nunca me senti tão eufórico em toda a minha vida.

Eu quero essa turbulência que ele causa em meu coração para sempre.

ㅡ Tá bem. Nos falamos depois. Beijos. Amém! Se cuida também. ㅡ Ele diz pausadamente e logo desliga, jogando o celular do meu lado no sofá e passando os braços em torno do meu pescoço, olhando em meus olhos com um sorriso no rosto. ㅡ Oi, benzinho. Estava com saudades.

Backfire [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora