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Eu encarava o portão da escola já fazia quase dez minutos. Eu já podia imaginar todos os olhares que iriam fazer assim que eu entrasse. Eu estava com medo.
— Oi, Sabi.
— Achei que você já tinha entrado.
— Demorei demais para sair de casa por falta de coragem, eu preferia ter faltando.
Ri.
— Você quer ajuda?
— Você se incomoda?
— Não. Posso?
Assenti.
Quando entramos, todos os olhares possíveis foram direcionados para a gente. Eu queria morrer. Eu nunca queria ter voltado.
— Só ignora. Só ignora.
— Eu 'tô ignorando. Fica tranquilo.
— Sabi! — ouço Sina correr até mim e me abraçar.
Meu Deus. Por que ela precisou falar tão alto?
— Oi, Sina..
— Meu Deus, como você está? Está tudo bem?
— Ei, fica calma. Eu estou bem. Eu estou ótima.
Era mentira. Mas ela não precisava saber nesse momento.
— Valeu por ter cuidado dela por mim e não ter feito bullying com ela, May.
Ele nunca tinha feito bullying comigo. Era o único que nunca fez isso.
— Eu nunca fiz, então vou dizer "de nada" só pela primeira parte.
— Sina, pode parar? Ele é meu amigo.
Ela sempre odiou o pessoal do time de hóquei, principalmente ele. E eu nunca entendi o motivo.
— Posso pegar carona com você para voltar para casa? — me viro para May — Não quero ter que ouvir as perguntas da minha mãe.
— Claro. Te vejo depois.
Sina me ajudou a ir para a sala. E cada vez que os minutos passavam, as coisas ficavam horríveis. Eu odiava tudo.
Assim que todas as aulas acabaram, eu e o Bay fomos para o carro da mãe dele. Eu nunca tinha falado com ela. Foi bem estranho.
— Vai querer ajuda para entrar na sua casa?
— Hm.. pode ser.
— Sua mãe está em casa?
— Acho que sim.
Assim que o carro foi estacionado, descemos do automóvel e eu abri a porta de casa. Minha mãe não estava na sala.
— Mãe, eu cheguei.
Olhei para os papeis que estavam na bancada. A primeira coisa que eu pensei é que seria algo da escola falando da segurança ou que sentem muito pelo o que aconteceu.
— O que é isso? — peguei o papel e li.
Puta merda.
— Será.. que você pode chamar sua mãe? Acho que ela precisa explicar uma coisa para a gente.
— O que está escrito?
— É que.. meio que aqui diz que a gente é... bom, irmãos. Gêmeos.
— Como é?
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