Capítulo 14

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Eles voltaram para casa em uma conversa animada, mas Cecília logo deu boa noite para os dois já que pela manhã voltaria cedo para Ribeirão Preto. O filho perguntou se a mãe não queria ficar mais um pouco, mas a mulher tinha aulas para planejar e provas para corrigir. Angélica abraçou Cecília, e observou a mulher subir as escadas e sumir no corredor.

Miguel se voltou para Angélica e sorriu.

— Vai dormir também? — ele perguntou.

— Vou sim, estou exausta.

— Foi um dia com fortes emoções, você merece descansar.

— Sim... bom, boa noite, Miguel. E obrigada mais uma vez. — Angélica respondeu sorrindo, se virando para ir para o quarto.

— Ei, não está esquecendo de nada? — ele perguntou.

Ela se virou para ele confusa.

— O que?

Meu beijo de boa noite, ele pensou. Mas apenas sorriu e deixou ela ir.

— Nada não, vai... boa noite, Angélica.

O nome dela saia da sua boca como se ele já estivesse acostumado, como se a vida toda tivesse o falado. Mas a verdade era que parecia que sua alma se sentia aliviada de poder falar esse nome. Tinha a impressão que já conhecia, mas nunca pôde o dizer.

Miguel se ajeitou no sofá depois de um tempo. Os olhos no dedo, a mão no peito. Sua mente a mil por hora. Se perguntava como era possível ter se envolvido tanto em tão pouco tempo? Como uma pessoa podia ter virado sua vida de cabeça para baixo da noite para o dia por simplesmente existir, por ele simplesmente ter olhado para ela.

Aquela inquietação que ele sentia na há uma semana ia embora aos poucos, dando lugar a uma calmaria conflitante no convívio com essa mulher. Desde que a conheceu sua vida nunca esteve tão agitada, e ao mesmo tempo...

O agrônomo resolveu virar e dormir, se começasse a pensar demais ficaria louco.

No dia seguinte, Cecília se preparava para entrar no táxi, Angélica e Miguel estavam lado a lado para se despedir. Aquela imagem lhe deu paz, ficava feliz em saber que Miguel não ficaria sozinho no sítio e muito menos mal acompanhado. A senhora se aproximou de Angélica primeiro, a abraçando e lhe dando um beijo no rosto.

— Não esquece do que te falei aquele dia, sobre como quero te encontrar da próxima vez que eu vier. — Cecília falou com um sorriso.

— Não vou esquecer. — ela responder.

Miguel abraçou a mãe e a guiou até o carro, dizendo para ela lhe ligar quando chegasse em casa. Os dois observaram o carro se afastar devagar, pegando a estradinha para fora da propriedade. O homem se virou para a ruiva e sorriu.

— E então? O que quer fazer? — ele pergunta com um sorriso.

— Acho que a gente pode entrar, não é? Tem uma coisa que quero falar com você.

Miguel entrou logo atrás dela, estava curioso para saber o que ela queria falar. Algo dentro dele sentia que não era muito bom.

— Estava pensando que podemos sentar e dividir as contas que eu vou começar.

Ele, que havia se sentado na mesa com ela, já se arrependeu e teve vontade de levantar e cortar o assunto. Miguel não aceitaria dinheiro dela.

— Esquece isso, de verdade. — ele falou com um sorriso nervoso.

— Claro que não, Miguel... eu quero ajudar. — ela sorriu animada. — Estava pensando que talvez eu pudesse ajudar com a conta de água e luz, metade das compras de mercado e gasolina... essas coisas, o que acha?

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