Capítulo 35

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Angélica chega na mansão com os olhos inchados. Ramiro estava voltando da cozinha com um doce na mão, logo o larga em cima da mesa e vai até a filha.
— Querida, o que aconteceu? — ele perguntou.
— Nada, Ramiro.
— Isso tem a ver com a briga com a Berenice? — ele perguntou direto.
Angélica olhou para ele e riu. Ótimo, homens ricos tinham o poder de descobrir tudo sabe-se lá como. Olhou para o homem. Odiaria o decepcionar, mas aparentemente o rumo da sua vida seria esse pelos próximos meses. Então por que não fazer tudo de uma vez?
— Você sabe de tudo mesmo, não é? — ela perguntou com um sorriso sarcástico.
— As pessoas viram, um dos seguranças me falou porque viu você saindo chorando depois da briga.
A ruiva respirou fundo e balançou os braços em derrota.
— Então é bom eu já falar logo, antes que chegue em você através de um segurança.
— Me falar o que?
— Vou me casar, Ramiro. — ela disse simplesmente como se fosse um nada.
— Como assim se casar? Fez as pazes com Miguel?
— Não vou me casar com Miguel, vou me casar com Bernardo... Bernardo Rodrigues.
A visão de Ramiro ficou turva e ele teve que se segurar em Angélica para não cair. A ruiva o olhou preocupada, mas assim que o olhar o homem veio sobre ela, a preocupação foi embora e ela foi tomada por uma camada de proteção para se proteger do que viria.
— Como é? — ele perguntou baixo.
— É o que ouviu.
— Você está louca, Angélica? — ele gritou. — Louca? Nem por cima do meu cadáver você se casa com aquele canalha, de onde você tirou essa ideia? De onde vocês se conhecem!
— Trabalhei na empresa dele há um tempo... nos conhecemos daí e agora vamos casar.
— Até ontem você estava namorando o Miguel, garota, o que tem na cabeça? É uma brincadeira? — Ramiro disso furioso.
— Não é uma brincadeira, eu sempre gostei dele. — Angélica sentiu o vômito subindo novamente.
— Não vai se casar com Bernardo.
— Que história é essa? — eles ouviram a voz de Fernanda vindo da cozinha.

A loira tinha saído do jogo teste quando um dos segurança disse que Angélica tinha saído com pressa do local. De longe ela viu Berenice chorando, e foi tomada por uma preocupação. Saiu deixando Beto cuidando de tudo.
— Sua irmã caiu e bateu a cabeça, só pode.
— Que história é essa de casamento, Angélica?
— Vou me casar com Bernardo Rodrigues.
Fernanda sentiu o sangue fugir de suas veias.
— Está ficando louca, só pode.
— Você não vai se casar com esse homem, Angélica, eu não vou deixar. — Ramiro falou firme e bravo.
— Você não tem que deixar, Ramiro, eu tenho 24 anos, eu tomo conta da minha vida.
— Enquanto morar embaixo do meu teto, eu tomo conta da sua vida sim.
Angélica sorriu irônica.
— Eu vou me mudar para a casa dele, não se preocupe.
— E o Miguel? — Fernanda perguntou.
— Estou fazendo isso pensando nele também, é egoísmo deixar ele esperançoso, é melhor ele ficar com a mãe do filho dele.
— Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. — Fernanda sussurrou e deu as costas.
Ramiro pegou Angélica pelos ombros em uma tentativa desesperada de colocar juízo na cabeça da filha.
— Não vai se casar com Bernardo, aquele homem não presta, tenta arruinar sua família há anos, a função dele é arruinar tudo ao redor.
Angélica se desvencilha das mãos de Ramiro e o empurra, o assustando. A ruiva tinha os olhos vermelhos, o rosto marcado pelas lágrimas.
— Chega! — ela gritou. — Chega! Vocês não entendem nada! Não sabem de nada! Eu vou me casar com Bernardo! E o que está feito está feito! Vocês aceitando ou não!
A casa foi tomada por um silêncio, se escutavam os passos firmes da ruiva pela escada, e logo a porta do quarto batendo com força. Dentro do quarto, Angélica agradecia por não ter se rendido ao carinho de seu pai e ter contado tudo. Conseguiu fazer com que ele a estranhasse, assim seria mais fácil sair dessa casa e afastar Bernardo de sua família também.
Tobias entrou no quarto devagar. Seu pai tinha lhe chamado para uma reunião de emergência. O assunto não poderia ter o deixado mais nervoso.

Angélica se casaria com Bernardo. Ele não conseguia acreditar, mas diferente de seu pai, tentaria uma abordagem menos agressiva com a ruiva, algo que a fizesse contar o que estava acontecendo.
Ele encontrou Angélica deitada em posição fetal, seu corpo tão pequeno em contraste com a cama enorme. Tobias se aproximou devagar. Se lembrou do dia em que seus pais lhe contaram sobre essa menina de cabelos vermelhos. Sua mãe tinha certo medo no olhar, medo que ele rejeitasse a ideia, mas Tobias ficou encantado com a possiblidade de ter outra irmã, outra pessoa para ele cuidar e proteger. Quando Angélica nunca veio para casa com eles, Tobias consolou seu pai, mas também escondeu a própria tristeza de pensar que a Princesa Fernanda não teria companhia da Princesa Angélica em seu castelo.
Agora, vendo a ruiva uma mulher formada, com opiniões forte e muita garra, ele percebeu que a princesa na verdade era uma rainha, com suas falhas e virtudes. Ele se sentou devagar na cama, ela tinha os olhos abertos, mas não se virou para encará-lo.
— Veio gritar comigo também? — ela perguntou.
— Não... não vim gritar... vim tentar entender... — Tobias acariciou o pé dela e suspirou. — Porque eu estou tentando... tentando mesmo... mas não faz sentido isso dentro da minha cabeça.
— Não tem que fazer sentido para vocês, só tem que aceitar.
Tobias olhou bem para ela. Se fosse amor, ela lutaria com paixão, tentaria os convencer que Bernardo não era tudo isso que falavam, mas ela simplesmente aceitava as ofensas proferidas ao seu noivo. Não era amor, era outra coisa que a fazia se casar, e aquilo rasgou seu coração. Ele faria de tudo para descobrir o que diabos estava acontecendo com sua irmã.
A semana seguinte passou voando para o desespero de Angélica, era sábado. Dia do chá de bebê.
Ela iria com Bernardo, hoje era o dia de revelar o noivado para sua família antes de sair na mídia. Ela estava terminando de se arrumar. A semana foi tensa dentro da mansão, Ramiro não falava com ela, Fernanda a evitava a todo custo.

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