Capítulo 38

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Miguel olhava para uma foto dos dois, seus pensamentos voavam apressados para perto dela. Estava esperando Tobias descer de seu apartamento para irem até a casa do avô dele no Morumbi. Eles estiveram buscando nas últimas semanas coisas que Bernardo pudesse usar contra Ramiro para o prejudicar de alguma forma. Era a última barreira que os impedia de tirar Angélica desse caos. Olhava a ruiva pelo seu celular, uma foto tirada na praia, ela usava uma camiseta dele, os cabelos molhados do mar. Nunca esteve tão linda.
Seus pensamentos foram dissipados pelas batidas de Tobias no vidro da caminhonete. O homem entrou depressa, a chuva fina molhando seu casaco.
— Vamos lá, talvez lá a gente ache algumas coisas. — Tobias falou, colocando o endereço no GPS.
— Na casa do seu avô? — Miguel perguntou sem entender.
— É onde meu pai guarda os balanços mais antigos da empresa, todo ano ele passa uma semana na casa revisando documentos, olhando históricos.
— Ramiro parece ser muito organizado, parece que dificilmente algo sairia das mãos dele.
A casa era um estilo colonial, o terreno era enorme como um sítio. Miguel olhava encantado ao redor.
— Eu nem sabia que essa cidade tinha casas assim. — ele falou para Tobias.
O homem sorriu enquanto abria a porta da casa.
— O Morumbi era o refúgio dos ricos que moravam na Paulista, é como Mogi é hoje. — ele explicou. — Antigamente as pessoas vinham para cá para se desligar da cidade, por isso as casas parecem casas de sítio. Meu pai nunca vendeu por causa disso, mas como ele queria uma casa mais moderna, construiu em outro terreno aqui perto.
Os dois entraram na casa, alguns móveis estavam cobertos com lençóis brancos, para evitar poeira. Tobias o guiou até o escritório, era o único local da casa que parecia ser de uso mais contínuo, tendo até um computador.
— Eu vou olhar alguns balanços desde a época que o Bernardo resolveu competir com meu pai, vamos ver se acho algo.
— Certo, eu vou olhando algumas coisas nas gavetas, já peço licença. — Miguel disse sem jeito de entrar tão íntimo na família Viana.

Angélica arrumava duas grandes malas, colocava suas roupas dentro com um peso em seus ombros. Bernardo viria a buscar no domingo de manhã. Já tinha deixado avisado, a pegaria na mansão sem falta para leva-la para a cobertura dele. Preferiu evitar conversar disse com seu pai e Fernanda, apenas de ser muito óbvio o que estava fazendo. Ela esperava ter mais tempo para investigar a vida de seu pai, mas Bernardo voltou antes do previsto.
Aqui iam mais duas semanas embora. Fabiana já estava quase de 5 meses. Tudo estava passando muito rápido. Rápido demais. Mas pelo menos duas questões ela tinha resolvido: o contrato de Caio, que já tinha começado a treinar no time mirim do grande clube, e a escolta nas terras de Miguel, que graças ao dinheiro de Ramiro estava garantida por um bom tempo para proteger as terras de qualquer ação de Bernardo.
A tarde tinha passado devagar para Tobias, que ficou focado em documentos durante o período todo. Miguel tinha olhado diversas gavetas, mas nada achou. Cada uma que abria, descobria mais sobre a vida deles. Árvore genealógica, fotos antigas, até uma foto de Ramiro bebê ele achou. Riu, chamando a atenção de Tobias.
— O que achou de engraçado ai? — ele perguntou, querendo descansar os olhos.
— Uma foto do teu pai bebê. — Miguel falou, mostrando para o amigo.
Tobias pegou a foto e sorriu.
— Tenho uma igualzinha essa.
Miguel se sentou em uma grande poltrona e suspirou cansado.
— Achou alguma coisa aí? — o agrônomo perguntou.
— Não, nada... e você?
— Fotos antigas e uma pilha de cartas de Maria Helena para Constância.
— Minha avó? — Tobias perguntou curioso, indo até a pilha de cartas que Miguel tinha tirado da gaveta.
— Constância era sua avó? — Miguel perguntou.
— Não, era minha bisavó, Maria Helena é a mãe do meu pai. — Tobias olhou as cartas e sorriu. — Que engraçado, acho que meu pai nunca viu isso.
— Estavam naquela última gaveta ali. — Miguel apontou.
— É, ele nunca deve ter visto, nunca gostou de mexer nas coisas do bravo Luís. — Tobias sorriu para Miguel. — Bom, ele nunca gostou, mas eu sou curioso, vou levar essas cartas para casa e ler, vai ser como voltar no tempo.

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