Capítulo 43

24 2 0
                                    

Tobias não conseguia acreditar do que seus olhos liam. Aquilo mudava tudo. Absolutamente tudo. Não só seu pai não era filho de Luís, ele era irmão de Bernardo, filho de um homem qualquer. Tobias sentou-se em sua cadeira, assustado. Ele tinha desvendado uma bomba. Seu coração batia a mil por hora.
Ramiro e Bernardo eram irmãos.
Os dois foram separados, tiveram destinos distintos.
E não menos importante.
Bernardo era tio de Angélica!
Tobias sentiu um enjoo subir, e foi incontrolável. Correu para o banheiro e vomitou. Seu nervosismo era tanto que seu corpo só poderia responder de uma forma.
— Tobias! — ouviu a voz de Donatella, correndo até ele, pegando uma toalha e molhando, passando por seu rosto. — Meu amor... o que aconteceu?
— Preciso falar com Miguel.
Quando ela parou de chorar, se levantou devagar. Cada passo que dava era como uma facada em suas costas. Ela não ficaria aqui o dia inteiro chorando. Mudaria sua vida hoje mesmo, sairia daquela casa. Fugiria para longe, para onde Bernardo não poderia lhe achar. Tirou a roupa devagar, sua camiseta saindo com certa dificuldade. Estava grudada em sua pele por conta do sangue seco.
Fez uma careta de dor, quando olhou para o tecido, viu as manchas de sangue em linhas. Se olhou no espelho, virou de costas para ver o tamanho do estrago. Suspirou, a dor estava pior do que suas costas, pelo menos. Isso, porém, era o suficiente para ela gritar de dor quando a água do chuveiro bateu em suas costas.
Depois do banho, ela caminhou até a bandeja de comida. Precisava de forças para fazer o que faria. Comeu o pão devagar, olhou devagar. Realmente seu celular tinha sumido. Ficou atenta aos barulhos da casa, Bernardo não estava ali.
E logo era daria um jeito de não estar também.
Fabiana olhava para os policiais em choque.
— Sou eu sim. Por que?
— Gostaríamos de fazer algumas perguntas, se a senhora nos permitir. — o homem disse. — Meu nome é Rogério e essa é minha parceira Rosa Flor.
Fabiana abriu espaço para eles entrarem. Viu que a jovem policial observava tudo ao redor, como se tivesse procurando alguma coisa.
— No que eu posso ser útil? — ela perguntou.

— Estamos investigando seu tio há alguns anos e estamos fechando o cerco. — Rosa Flor foi direta. — Ele é acusado de envolvimento no tráfico de drogas, formação de quadrilha e assassinato de Iolanda Monteiro.
Fabiana se assustou com as acusações e levou as mãos à barriga, em um instinto de proteção.
— Tráfico? Assassinato?
— Sabemos que pode ser chocante para a senhora, mas gostaríamos de saber tudo que sabe sobre o seu tio.
— Meu tio não fez nada disso, não. Ele é um homem muito bom.
Rosa Flor olhou para um quadro em sua parede, se aproximou e o tocou.
— De onde é esse quadro? — ela perguntou.
— Meu tio me deu, foi um presente de aniversário. — Fabiana respondeu rapidamente.
— Esse quadro é roubado, senhora. — a jovem delegada disse, séria.
Tobias chegou no sítio cantando pneu, assustando Cecília, que mexia em algumas plantas da varanda. Miguel se levantou do sofá ao ouvir o barulho. Tobias passou por Cecília a cumprimentando rapidamente, mas entrou na casa como um furacão.
— O que foi Tobias? — ele perguntou assustado.
— Meu pai e Bernardo são irmão! — disse o homem, ofegante, entregando as cartas a Miguel.
Cecília entrou logo em casa, se colocando ao lado do filho.
— Tobias... — Miguel olhou o homem nos olhos, sua feição em choque.
— Miguel, Bernardo é tio da Angélica. E ele com certeza sabe disso, se ele sabe que Ramiro não é filho do Luís é porque ele sabe de toda a verdade...
— Esse homem é um psicopata. — Cecília falou exaltada.
— A gente tem que falar com Ramiro, não tem mais como adiar. — Miguel falou. — Liga para o tal advogado agora, Tobias!
Miguel entrou no carro de Tobias lendo todas as cartas, o homem ligava para o pai com pressa. Explicou brevemente que algo sério estava acontecendo, e que ele e Miguel estavam indo para sua casa. O primeiro pensamento de Ramiro foi que algo tinha acontecido com Angélica.
— Não temos certeza, mas vamos descobrir. — foi o que Tobias falou antes de desligar.
Angélica desceu as escadas devagar. Lucas não lhe deu bom dia, na verdade nem conseguia olhar na sua cara.

Chão de GizOnde histórias criam vida. Descubra agora