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Luke estava mais zangado, confiante e violento: Dakota não saía do seu lado por mais destrutivo que ele fosse e isso dava-lhe conforto e à-vontade para agir como lhe apetecesse; aos olhos dele, era como se ela percebesse porque Luke agia assim e o validasse.

No entanto, Dakota passava mais e mais tempo fora de casa, ora no trabalho, ora no bar, de modo a que não estivesse com ele. Esta situação tinha durado 2 meses e estava tão exausta de todo o álcool, violência e estragos. Nunca em momento algum Dakota levantou a mão a Luke, para o magoar de volta.

"Atende o telemóvel. Mike x"
"Estou a tentar ligar-te há meses!"
"NÃO SEI SE ESTÁS MORTA OU A IGNORAR-ME"
"Atende o telemóvel ou eu toco na merda do botão"

Michael referia-se ao dispositivo que tinha criado para cada um deles, em que tinha um único botão para que carregassem caso fossem capturados. Assim, o próprio nome iluminava-se e todos saberiam que estava comprometido. A regra era fugir para longe, e nunca ir atrás de quem foi capturado. Dakota sabia que Michael era impulsivo o suficiente para causar todo aquele caos pelo que finalmente lhe liga.

-Olá.-ela sussurra.

Era um dia em que Luke tinha saído de casa por algum motivo, e Dakota pôde descansar de toda a agitação. Bem, teoricamente, porque Michael não parecia ter isso em mente.

-Olá?? Estás a gozar comigo, Dakota?-Michael exalta-se.-Não sabia o que se tinha passado contigo nestes últimos meses; se devia carregar no botão; contactar Luke; ir ter contigo!

Ao ouvir o nome dele, Dakota não aguenta e finalmente quebra. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, ao aperceber-se que Michael também ainda via Luke como aquela figura de respeito, carinho e proteção. Michael não sabe bem o que fazer; não se lembrava de alguma vez Dakota ter chorado. Assim, ele questiona, baixando o tom de voz para não stressá-la ainda mais:

-Dakota?... o que aconteceu?

-N-Nada. Só tive um mau dia n-no trabalho. Não t-te preocupes.-ela mente.

-Quero ver-te.

-Hm... Não posso, Michael. Desculpa, estou exausta.-ela sussurra.

-Fá-lo.-Michael pede.-Não quero mesmo tocar no botão e alertar todos mas não me dás alternativa.

Dakota grita de volta:

-Estou farta que continuem a chantagear-me, a fazerem de mim o que quiserem, sem medo que eu retalie porque sabem que vos amo! Não é justo!

Michael tenta processar toda a informação que recebera e volta a pedir, desesperado:

-Dakota, eu não quero magoar-te...

-D-Dizem sempre isso...

-Quem?-Michael quer saber.-Tudo o que eu quero é saber que estás bem mas não estás a permitir-me. Por favor, deixa-me ver-te.

Dakota finalmente cede. Nos últimos tempos era tudo o que sabia fazer: ceder até... Não poder mais. Michael não esconde surpresa ao ver o rosto pisado de Dakota e os seus olhos sem o seu brilho característico. Não conhecia ninguém capaz de deixar Dakota naquele estado.

A raiva é notória na voz de Michael quando pergunta:

-Quem te magoou?

-Caí.-ela mente.

-Não me dês essa merda. Deixa-me falar com Luke.

O coração de Dakota aperta e afirma:

-Ele... está a par da situação.

-E...? O que vai fazer em relação a isso?!-Michael está expectante.

Dakota sente mais lágrimas a escorrer ao dizer:

-Bem, se tudo correr bem hoje vai deixar o lado direito da minha cara igual ao esquerdo.

O silêncio instala-se durante uns segundos. Michael não pensou que Luke alguma vez fosse capaz de tal coisa mas fazia sentido: só alguém que Dakota amasse tanto a poderia deixar naquele estado deplorável.

-Sabia que não ias acreditar em mim.-Dakota confessa.-Não faz mal. Eu também não acreditei inicialmente. Pensei... que fosse só uma vez. Um erro. No entanto, passou a ser todos os dias e....

-Sai.

-O quê?-ela está confusa.

-Arruma as tuas coisas e sai daí agora. Pedes uma carta de recomendação ao teu emprego, despedes-te, e procuras uma nova casa longe daí. Recomeças. Essa situação termina hoje, Dakota.

Ela nega freneticamente e afirma:

-Não posso fazer isso a Luke.

-Tens medo dele.-Michael compreende.

-Não, eu... tenho esperança. Luke é um bom homem mas algumas coisas correram mal e magoaram-no muito.
Tudo o que passamos juntos não desapareceu simplesmente, por isso sei que ele me ama...

Dakota não pretendia contar a Michael que ela e Luke estariam a ser vigiados pelo Governo ou outros instruendos, tendo como consequência a morte da família do namorado - ela queria manter o amigo calmo e seguro. No entanto, Michael queria fazer o mesmo agora pela amiga: ele dá um murro na mesa, irritado com o homem que em tempos admirou. Dakota consegue ver que Michael treme de raiva e lágrimas molham o rosto dele. Ele afirma:

-Não tratamos assim as pessoas que amamos, Dakota! Merda, saímos daquele buraco para o qual nos atiraram quando éramos novos, uma autêntica selva, mas só nos tornamos animais cá fora?

-... Não foi culpa de Luke.-Dakota defende, imaginando o quão traumático deve ter sido ver a família executada de forma tão macrabra.

-Talvez o que o magoou não tenha sido culpa dele mas quebrar-te foi. Luke tinha várias opções para lidar com a situação e escolheu... essa. Como se atreve a magoar a pessoa que nunca duvidou dele? Nunca o deixou ficar mal? Nunca desistiu dele mesmo quando ele desistiu de si mesmo? Não lhe deves absolutamente nada, Dakota. No entanto, ele deve-te a vida.

Ela permanece em silêncio durante uns segundos, pensando nas palavras de Michael. No entanto, ela ouve os passos de Luke no corredor. Ela diz:

-Tenho de desligar. Eu não posso abandonar Luke, especialmente quando precisa mais de mim. Desculpa.

-Sim, como saco de boxe.-Michael ironiza.-Não me peças desculpa. Estás a dececionar-te a ti mesma. Adeus.

Ela desliga a chamada e segundos depois Luke entra em casa. A barba dele estava desleixada e tinha ainda as roupas da noite passada.

-Com quem falavas?-ele quer saber.

-Taylor.

-Hm.-Luke encolhe os ombros.-Ela parece-se bastante com a rapariga com que dormi esta noite. Merda, será mesmo ela?... estava tão bêbedo, não faço ideia.

Breaking You (sequela)Onde histórias criam vida. Descubra agora