Breaking You (sequela)

13.

[CONTINUAÇÃO]

-Tentador. Levanta-te.-ele ordena mas Dakota apenas pressiona a testa contra a arma.

Ashton agarra-a pelo casaco e levanta-a no ar, de modo a cumprir a sua própria ordem. Dakota tinha o rosto molhado de lágrimas e não era capaz de o olhar, enquanto Ashton não era capaz de não a olhar. Dakota parecia mais saudável e feliz. No entanto, Ashton parecia frio e calculista.

-Como me e-encontraste?-ela soluça e Ashton apercebe-se que não elucidou Dakota acerca do seu plano.-Passaste q-quase um ano a vigiar a casa dos meus pais? Quem faz isso, foda-se? Não tens uma vida agora?!

-Não achei pertinente vigiar a casa durante tanto tempo porque sempre te mostraste bastante reticente acerca de conhecer os teus pais... focar-me na casa deles unicamente para te encontrar era um tiro no escuro e faria com que pudesses andar quilómetros e quilómetros longe daqui sem que eu pudesse detetar-te. Então... contactei os teus pais mal fugiste do bunker e avisei-os, como uma suposta entidade judicial, que os instruendos que fugiram podiam procurar esconder-se junto de famílias cujos filhos estariam desaparecidos há muito tempo, alegando ser a criança roubada. E, caso alguém surgisse junto deles a alegar ser a Dakota Astor, desaparecida há 17 anos, deveriam ligar-me para que pudessemos encaminhar essa pobre alma desorientada para ter o acompanhamento que certamente precisa e pudessem evitar ser alvos de fraude. Bem, e qual é o meu contentamento quando os teus pais me ligam, ao fim de quase um ano, a dizer que alguém surgiu, mas que não devia preocupar-me porque "eras mesmo tu". Pareciam tão felizes.

-Não t-te atrevas a magoá-los.-Dakota rosna, de lágrimas nos olhos.

-Não estás em posição de fazer exigências. Estás arrependida por teres tentado matar-me?-Ashton questiona friamente.-Daí chorares?

-Estou a-arrependida por não te ter morto e por todos os e-estragos que vais causar ao estar v-vivo. Podes torturar-me, matar-me,... mas eu não vou dizer-te onde está Michael, Luke ou Fleur. Não sabemos a localização exata uns dos outros para não nos comprometermos. Sou bem melhor que tu nestes jogos e tu sabes, daí teres acabado quase morto.

Bem, Dakota era a única que sabia a localização de Luke e Michael, mas precisava que Ashton acreditasse naquilo.

-Eu não dou uma merda acerca de onde estão os outros 3.-Ashton diz friamente.

Dakota nunca o tinha ouvido falar assim. Se Ashton não tinha interesse em perseguir os 4 membros responsáveis pela queda da unidade, é porque não estaria a trabalhar com o Governo para os encontrar.

-Então porque estás aqui?-Dakota questiona, irritada com a intrusão.-Estás finalmente livre e estás a perder o teu tempo comigo?!.... oh.

Dakota finalmente compreende a presença de Ashton e isso deixa-o curioso pelo que pergunta, impaciente:

-"Oh"? Mas que merda quer isso dizer?

-Não conseguiste seguir a tua vida e tiveste de voltar a remexer nos assuntos do passado porque não tens nada nem ninguém à tua espera.-Dakota afirma, arrogante.-Fiz com que o bunker fosse destruído, fiz com que o teu pai fosse preso e só Deus sabe onde estará a tua mãe já que era uma instruenda... chamas-lhe pai ou Mr. Marshall?

Ashton está agora visivelmente irritado, provavelmente por ela saber tanto sobre si, e Dakota prossegue:

-Eu ganhei, Ashton. Ele nunca mais sairá de lá; nunca mais magoará ninguém. Eu tive coragem para fazer o que tu não fizeste e devias até agradecer-me mas... gostavas de ser o cachorrinho do papá, não gostavas? Eu conseguia ver isso: querias impressioná-lo, mostrar-lhe que eras igual a ele, que nunca deixarias de o seguir, que...

-Pára de falar!-Ashton grita e volta a apontar-lhe a arma.

Dakota sabe que está a brincar com o fogo mas a dor e a desilusão de Ashton estar vivo é tão grande que não é capaz de controlar as palavras. Ela continuava excelente em manipulação.

-Eu não trouxe a arma com a intenção de te matar mas vou fazê-lo se tiver que o fazer.-ele atira, enervado.

Ashton baixa a arma e parece pensativo acerca do que dizer em seguida. Ele finalmente fala, aborrecido:

-Vai para casa e pergunta aos teus pais quem é Calum. Agora.

Dakota está surpresa:

- Ficaste ainda mais idiota desde a última vez que nos vimos? Porque parece-me ter ouvido que tu vais deixar-me ir embora sem saber se volto para te perseguir e matar, desta vez bem feito.

-Sou o único que posso dizer-te onde Calum está. Vá, desaparece antes que mude de ideias.

Dakota move-se devagar, estando bastante confusa. Ela afasta-se e volta a ouvir a voz dele:

-E se isso não for o suficiente para não me matares, apenas lembra-te que sei onde Fleur está.

Ela volta a olhá-lo, procurando verdade no seu rosto. Dakota encontra o pequeno sorriso confiante de Ashton e atira:

-Estás a mentir.

-Não. Quando estavamos na unidade eu tinha quase a certeza que o teu espírito livre não conseguiria evitar fugir quando tudo no bunker estava a descambar, com todos os ataques internos e externos. Então... eu posso ou não posso ter posto um localizador no colar que te dei como precaução. E qual é a minha surpresa quando realmente foges como eu tinha imaginado mas noto que... Estás em França. Deste o colar a Fleur e agora posso fazer o que bem entender com ela, especialmente tendo em conta que me disseste não saber onde ela está pelo que não podes avisá-la... és uma amiga de merda, hm? Ganhei-te, Dakota.

Dakota fecha os punhos com raiva, querendo acabar com ele ali mesmo, e Ashton consegue ver que finalmente conseguiu atingi-la. Ela afasta-se, sentindo medo, arrependimento, dor, culpa. Numa questão de minutos, tinha perdido todo o controlo e quem o tinha agora era Ashton. Talvez ela nunca o tivesse tido verdadeiramente.