Naquela manhã, Dakota cansou-se de ter pena se si mesma. Sabia que tinha de conseguir a confiança dos instruendos de forma subtil e ... bem, deixar Calum em paz e esperar que Fleur consiga trabalhar com ele.
Assim, eram 10 da manhã quando Dakota puxa uma instruenda para um canto e avisa:
-Esta noite vão arrancar-vos das camas de madrugada e obrigar-vos a treinos na água. Passa a palavra.
A instruenda estava perplexa mas obedece. Dakota repete aquilo algumas vezes a outros miúdos e agora nota que alguns instruendos a olham de forma estranha. Não sabiam se Dakota estava a testá-los e não podiam todos propriamente acusar Dakota... porque o fariam se afinal ela tinha razão? Dali a umas horas, os instruendos estavam de madrugada a treinar na água, e muitos deles estavam confusos com a dica de Dakota.
Ela tinha feito isto durante alguns dias, e sentia que tinha conquistado a atenção e alguma confiança dos instruendos. No entanto, também notava que Ashton não tem estado no quarto várias noites, e que regressava ao mesmo de madrugada, parecendo sempre ligeiramente bêbedo. Dakota sabia que ele passava estas noites em conversas profundas com Emily, pois já se apercebera que os dois estavam cada vez mais próximos e que Ashton por vezes a defendia.
Dakota não percebia bem a sua própria relação com Ashton: notava que ela estava mais à-vontade junto dele desde que chegou ao bunker e já não temia pela sua vida enquanto dormia. Também começava a acreditar que Ashton estava ali naquele bunker para salvar aqueles miúdos, porque as técnicas de controlo de Emily aparentemente "justas e nada exageradas" o agradavam.
Ela dava por si a questionar-se se se mataria Ashton agora, sabendo o que sabe sobre ele. Provavelmente não: Dakota consegue ver que Ashton não é vingativo e desumano como Marshall, agora que não tentava impressionar o pai.
Talvez ter cortado o contacto tóxico com o pai tenha ajudado Ashton a... florescer e perceber que há mais alternativas de caminho do que seguir as pisadas do pai.
E teria uma prova disso naquela noite, quando Dakota acorda sobressaltada. O seu estômago estava agitado e o corpo doía.
-Dakota?-ela reconhece a voz ensonada de Ashton.-O que se passa?
Ela cobre a barriga, sentindo-se pessimamente e Ashton apercebe-se que parece que vai vomitar pelo que a carrega nos braços para a casa de banho. A rapariga vomita por longos minutos enquanto Ashton segura o cabelo dela para que não se suje. Quando termina, ele ajuda-a a limpar o rosto e transporta-a até à cama, onde a deita.
Ashton consegue ver que Dakota está exausta e agitada pelo que pede, colocando toalhas molhadas na sua testa:
-Dakota, estou a tentar baixar a tua temperatura corporal porque estás a arder em febre mas tens que acalmar.
Ela não consegue, e Ashton insiste:
-Por favor, acalma o teu batimento cardíaco. Encontra... o teu lugar seguro.
Oh, o lugar seguro que Dakota criara para conseguir aguentar as horas de tortura... Ela já não ia lá há algum tempo, e quando o imagina novamente, tudo o que a rodeia desaparece.
Dakota está mentalmente a brincar com Calum e com alguns Legos, não se apercebendo que Fleur e a equipa médica entram no quarto e a examinam.
-Deus, o que se passa?-Emily entra no quarto em pijama.
Fleur, em pânico, tenta retirar Dakota do seu lugar seguro, precisando que lhe assegure que tudo está bem. Quando isso não acontece, Fleur olha Emily com desprezo, sentindo que podia ter algo a ver com isto: Dakota não confiava nela nem um bocadinho e a Diretora sabia disso.
-Receamos que tenha sido envenenada.-o médico afirma.-Aparentemente hoje Dakota almoçou junto dos outros instruendos ao invés de comer no seu quarto e poderá ter a ver com isso. Vamos ter que fazer-lhe uma lavagem ao estômago.
Ashton está claramente agitado com o estado de Dakota e Emily tenta consolá-lo. Ela afirma:
-Ashton, não te preocupes. Vou castigar os instrumentos para que isto não se volte a repetir, está bem?
O homem assente, sem saber muito bem o que pensar: não sabia se Dakota ficaria bem, sequer.
Várias horas passam. Dakota está na enfermaria, a ser vigiada por Fleur, que aperta a sua mão. Isto não passa despercebido a Calum, que entra no gabinete para fazer o habitual curativo.
-Então... Sem música.-Calum comenta finalmente.-Hm... estás de luto ou assim pela instrutora Irwin?
Fleur não responde, tendo demasiado em que pensar de momento. Calum não imaginou que Fleur se desse com alguém como a instrutora Irwin... Pensou mesmo que Fleur compreendesse o que os intruendos sofriam às mãos dos instrutores, pelo que está desiludido. Ele prossegue:
-Não sabia que ela teria amigos neste lugar. Alguns instruendos estão a dar-lhe o benefício da dúvida mas ela não me engana... É apenas uma instruenda que conseguiu enganar o filho do diretor e tornar-se alguém. Agora está a tentar entrar-me nas calças e...
Enfurecida, Fleur espeta a agulha na perna de Calum, fazendo-o calar e sentir bastante dor. Calum está surpreso com a ação e ainda mais por Fleur falar:
-Tu não sabes merda nenhuma.
Calum está algo ofendido com o comportamento da enfermeira e atira:
-Eu? Sei exatamente do que estou a falar. Acho que te julguei mal: pensei que levasses muito a sério a tua missão de cuidar de nós, instruendos, e nos entendesses, mas parece que basta os instrutores darem alguns privilégios ao pessoal médico e esquecem-se subitamente do vosso dever e missão. O que é que a instrutora Irwin te prometeu? Saíres daqui um dia ou assim?
Calum está agora de pé e escapa por centímetros à faca lançada por Fleur, que rosna:
-Desejo que nunca sofras metade do que sofremos porque alguém como tu não sobreviveria. SAI!
Calum obedece, surpreso. Fleur tinha falado de mais, sem dúvida: era claro para ele agora que algo mais unia Fleur e Dakota. Tinham sido ambas instruendas, e isso explicava o facto de Fleur ser ótima com facas e afirmar que tinham passado por muito. Porque raio retornou ao bunker?
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Breaking You (sequela)
Fanfiction[Sequela de Victims of Authorithy] "Observa atentamente. Quanto mais perto estiveres, mais confiante estarás, mais baixarás a guarda e mais fácil será enganar-te. Agora deste-me o mais precioso: a tua atenção. Usá-la-ei contra ti."