Dakota acorda com a porta de casa a bater. Ela senta-se na cama e vê Luke sentado na cadeira da cozinha, parecendo não ter qualquer vida dentro de si. Isso preocupou-a bastante, pelo que caminha até ele.
-Luke?... estás bem?-ela questiona.
Ele não lhe responde e Dakota acaricia o seu rosto mas Luke afasta a sua mão e atira:
-Nem sequer sabia se te encontraria aqui. Recebi o voicemail da tua amiga e... merda, estavas mesmo podre de bêbeda quando mais precisei de ti!
-Não, foi apenas uma brincadeira de mau gosto de Taylor. O que aconteceu, Luke?
Ele levanta-se e sai, parecendo completamente saturado. Ele faz a porta bater com força e isso sobressalta-a, especialmente após ter estado fora 4 dias. Dakota não sabe bem o que fazer mas o alarme indica-lhe que tem de ir trabalhar.
As novas roupas que Taylor lhe arranjou faziam-na integrar, sem dúvida, e isso fez Dakota sentir-se um pouco melhor porque era algo que procurou desesperadamente fazer nos últimos meses.
Deixava-a algo confusa como é que no bunker o que importava eram as suas capacidades enquanto que fora dele priorizavam as aparências. As novas roupas estavam a funcionar, pois fizeram com que lhe abrissem as portas várias vezes e a tratassem por madame, algo que nunca conseguira com as roupas desportivas e casuais que usou nos últimos meses, idênticas ao bunker.
Dakota coloca-se atrás do balcão no banco e começa a trabalhar.
-Olá, olá.-ela ouve e reconhece a voz de Taylor.-Uau, parece que tens mais 10 anos... em adição aos 14 que tens.
Dakota sorri e afirma:
-Obrigada pelas roupas. Tinhas razão. Precisas da minha assistência?
-O quê...? Não, claro que não, sou pobre como o raio.-Taylor ri.-Trouxe-te um batido. Então... como está Luke?
-Incrivelmente zangado... nunca o vi assim.
-Bem, claro que está.-Taylor comenta.-Ele apercebeu-se que não é o centro do teu mundo e provavelmente está só a amuar.
-Ele é o centro do meu mundo. Não sei, Taylor, sinto que há algo mais do que esta questão de quem é que manda na relação.
-Não há. É tudo sobre poder e provavelmente pensas que há algo mais a acontecer com Luke porque gerou esta grande tensão mas eu digo-te que é por alguns homens terem a masculinidade frágil. Não cedas.-Taylor ordena, saindo do banco.-Nunca. Homens precisam de ser domados.
Dakota revira os olhos e continua o trabalho. No entanto, não consegue concentrar-se ao recordar a maneira como Luke a tratou. Ele é tudo o que Dakota tem e o seu coração estava tão magoado. Assim, na pausa do almoço, dirige-se rapidamente a casa. Àquela hora Luke provavelmente estaria no seu emprego mas Dakota imaginou que não se sentisse capaz de ir naquele estado.
Quando entra em casa, repara em vasos partidos, livros rasgados, móveis riscados. Dakota pensou tratar-se de um assalto mas ao ouvir a voz de Luke ela relaxa automaticamente. Ela caminha até ao namorado, algo hesitante, uma vez que ele está a partir tudo naquele apartamento, em lágrimas. Umas garrafas de whisky estão vazias e Luke tresanda a álcool.
-...Luke?-ela chama, engolindo em seco.
-Sai.
Dakota abraça o próprio corpo, sem saber muito bem o que fazer. Luke não a magoaria: ele amava-a e estava só irado.
-Não posso deixar-te assim, Luke.-Dakota sussurra.
-Apenas deixa-me aqui a morrer. Por favor.
Dakota está assustada com o estado dele pelo que se torna algo impaciente para que desabafe:
-Vá lá, Luke. Isto não é nada teu.
-... porque eu estou farto de lutar, Dakota!
-Diz-me o que aconteceu. Podemos repará-lo.-ela promete.-A tua família foi rude contigo? Zangaram-se?
O facto de Dakota ter mencionado a família de Luke parece ter dado novas forças ao namorado, que caminha até ela e grita:
-Não te atrevas a mencioná-los, ouviste?!
Dakota está agora pressionada contra a parede e Luke bateu ao lado da sua cabeça com tanta força que formara um buraco na parede. Ela está agora a tremer: era certo que já tinha lutado contra Luke no bunker vezes e vezes sem conta mas agora era diferente pois conseguia ver ódio e mágoa nos seus olhos; ela podia muito bem afastá-lo e manter-se em segurança mas Dakota tinha baixado a guarda junto do namorado e não sabia se podia novamente fazê-la surgir. Luke era parte de si, e amava-o com todas as suas forças.
-Como planeias resolver a situação, hm?-Luke atira, irados.-Agarras nos corpos dos meus pais enquanto eu os abano até os trazer de volta à vida?! Eu tentei fazer isso, Dakota, durante 4 dias, mas eles já estavam frios e tinham perdido muito sangue e... e eles não vão voltar!
Dakota arregala os olhos e engole em seco, finalmente percebendo a dor de Luke.
-Luke...-ela começa mas o namorado volta a gritar.
-Não fales, foda-se! Se eu soubesse eu nunca teria saído daquele buraco atrás de ti, Dakota, porque não queria ser responsável pela morte dos meus pais e irmãos! Uma morte tão macabra e-e... puseram os corpos deles s-sentados à mesa de jantar, amarrados às cadeiras com fita-cola para que não caíssem. A mesa estava coberta de sangue e-e...
Luke afasta-se e cobre o rosto, sentindo-se perder a sanidade mental ao relembrar aquela imagem tão... maldosa. Ele acrescenta:
-... d-deixaram um bilhete, na mesa, a dizer "Bem-vindo a casa, Luke." E-Era a letra da minha mãe. E-Estava assinado por toda a-a minha família. Tento fechar os o-olhos e apagar aquela imagem d-da minha cabeça mas... Não consigo parar de pensar n-no quão confusos e-e assustados estiveram a escrever aquilo, a ver a morte de cada u-um deles, a.... serem castigados por mim!
O homem atira Dakota contra a outra parede, fazendo-a escorregar pela mesma até ao chão. Ela aperta as pernas contra o peito, sem conseguir controlar as lágrimas ao ver o seu namorado completamente quebrado e desorientado.
-Isto é tudo culpa tua! Pensei mesmo que poderíamos fugir do bunker e ter uma vida n-normal mas nunca vão parar de nos perseguir!... nunca te perdoarei, Dakota.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Breaking You (sequela)
Fiksi Penggemar[Sequela de Victims of Authorithy] "Observa atentamente. Quanto mais perto estiveres, mais confiante estarás, mais baixarás a guarda e mais fácil será enganar-te. Agora deste-me o mais precioso: a tua atenção. Usá-la-ei contra ti."