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Dakota tinha passado a noite no banco de jardim perto da casa dos pais, com o rosto permanentemente molhado pelas lágrimas. Sentiu que tinha deixado o seu coração naquele tapete de entrada por isso não tinha nada por que lutar.

O seu telemóvel continuava a tocar dadas as chamadas de Michael mas sentia-se sem forças para falar com o amigo.

Eram 5 da tarde quando Dakota finalmente se levantou e voltou à porta de entrada da casa dos pais. Ela bate suavemente na mesma, agora mais calma, e afirma:

-Oliver? Valentina? Sou eu outra vez, Dakota. Hm... Não vou ficar por perto ou voltar a incomodar-vos. Ou sequer chamar-vos pai e mãe quando claramente não sou bem vinda aqui. Não faz mal. Nunca mais me voltarão a ver, só queria dizer algo antes de ir.

Dakota não tem sequer a certeza se a estão a ouvir mas prossegue, sentindo necessidade de deixar ir anos e anos de expetativas acumuladas:

-Quem me dera ter algo que pudesse comprovar que sou eu mas tiraram-me tudo: a família, a infância, as memórias. Deixaram-me vazia e esse foi o maior castigo. Pai?... por favor, olha para mim. Só um segundo. Verás que sou eu, eu sei. Por favor.

Dakota aguarda uns segundos mas nada ocorre e olha o chão, derrotada. Ela prossegue:

-Eu compreendo. Não é justo aparecer aqui 17 anos depois e agitar a vida que recompuseram com tanto esforço.   Não queria ir embora sem que soubessem que só sobrevivi no bunker a toda aquela violência, morte, castigos e dor graças a vocês: imaginava o quanto pensariam em mim especialmente no meu aniversário, em como um dia retornaria para vocês e passearíamos juntos, em como me reparariam de todo o sofrimento a que fui sujeita. Agarrei-me a vocês mentalmente sem sequer fazer ideia de quem eram e pensei mesmo que seríamos felizes para sempre 17 anos depois. Eu compreendo que tenham medo de deixar-me entrar: eu tive medo disso a minha vida toda. Merda. Sou uma idiota, desculpem. Não posso sequer pedir-vos que me... aceitem.

Dakota limpa o rosto e ouve sons na casa pelo que sabe que estão a ouvi-la. Ela termina:

-Então... Era isso que tinha para vos dizer e que não podia guardar para mim durante mais tempo. Estava a corroer-me. Bem, amo-vos para sempre mesmo que não me amem e a maior prova disso é que vou deixar-vos viver a vossa vida e afastar-me para que ninguém do bunker venha atrás de vocês. Verifiquei que não estava a ser seguida antes de vir aqui para não vos comprometer mas todo o cuidado é pouco. Hm... adeus. Espero que tenham uma vida maravilhosa... Adoro-vos.

Dakota recompõe-se e afasta-se da porta, apesar de não ter para onde ir. Subitamente a porta voa para trás e um homem gigante caminha até ela. Noutra situação Dakota ter-se-ia defendido mas ela confiava nele.

O homem procura algo no couro cabeludo de Dakota, e depois no seu braço: sinais de nascença. Finalmente ele vira-a para si, e... apercebe-se que é a cara da esposa, uns anos mais nova.

 apercebe-se que é a cara da esposa, uns anos mais nova

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Breaking You (sequela)Onde histórias criam vida. Descubra agora