2/ Rosé

829 78 16
                                    

   Eu estava jogada na cama da minha melhor amiga enquanto ela estava na cozinha já que disse que prepararia algo para eu comer, lógico que não neguei... Estava com fome! Ainda era dez da manhã e eu tinha vindo para sua casa às oito. Eu realmente precisava vê-la, mas infelizmente Jisoo não foi tão boa com os conselhos, eu só queria que ela falasse que eu encontraria um jeito para não me casar com um desconhecido, mas ao invés disso ela apoiava...!? Como era possível? Se fosse ao contrário eu iria dizer para ela que iríamos dar uma surra nesse garoto e fazer ele implorar para NÃO se casar com ela.

Bem, o quê eu sei é que meus pais conhecem muito bem a família do tal garoto e acharam incrível fazer nós se casar. Infelizmente meus pais vivem no tempo antigo e acham normal casamento arranjado, sem ao menos se importar com o verdadeiro amor. Mas não significa que só porquê meus pais tiveram um casamento desse jeito e aprenderam se amar que aconteceria comigo. Ainda mais sendo que eu gosto de outra pessoa.

Aos dez anos eu fazia minhas barbies se beijarem bem na frente dos meus pais, vey... Como não perceberam que eu curto outra coisa?

- Fiz chá.

  Encarei minha melhor amiga, me sentando na cama e encostando na cabeceira. Jisoo colocou a xícara no criado mudo ao lado da cama e me entregou o prato com um pedaço de pizza.

- Pizza?

- É! Sobrou de ontem. Eu comprei e não comi tudo.

- Apenas um pedaço?

- Sorry. Mas deixarei o restante para eu almoçar.

  Jisoo tinha feito dezoito anos há uns quatro meses atrás. Ela também fazia nossas barbies se beijarem na frente de qualquer pessoa que tivessem ao nosso lado. Até mesmo fazíamos os príncipes ser rejeitados.

- Como você se sente?

- Triste.

- Queria te ajudar, mas não sei como.

- Não quer fugir comigo?

- Adoraria, mas seria algo complicado.

   O quê seria complicado? Duas garotas que terminaram o ensino médio ano passado e que mal sabe se virar sozinhas fugindo sem rumo? Nada demais... Argh!

- É, você está certa.

- Estarei sempre com você, ok? —Beijou a minha bochecha.

  Queria que ela estivesse sempre comigo, mas não apenas sendo a minha melhor amiga. Droga! Como a Jisoo pode ser tão lerda? Eu já joguei bem na cara dela mil cantadas e falei que queria dar uns pegas nela. Quer ver?

- Quando irei beijar essa boquinha linda, hein?

- Dia 31 de fevereiro. —Falou envergonhada.

- Está muito lon..Nossa! —Bufei. — Você sabe ser cruel.

  Jisoo abriu um pouco a boca indicando que queria um pedaço da minha deliciosa pizza, entretanto eu apenas coloquei o meu dedo dentro da sua boca e ela mordeu... Mordeu forte!

- Poxa! —Choramiguei puxando meu dedinho. — Doeu.

  Conheci a minha adorável Jisoo com sete anos e desde sempre mantemos nossa amizade, o quê não foi difícil já que éramos da mesma escolinha e praticamente vizinhas. Mas aos 14 anos a família dela se mudaram para outro bairro que não era tão perto, mas nem isso impedia da gente se encontrar em qualquer lugar. Nossa amizade começou com uma briguinha já que eu era aluna nova e Jisoo fazia de tudo para ser minha amiga, porém eu só iria falar com alguém daquela escola se me comprasse lanchinhos, por sorte ganhei mil doces, mas Jisoo era a única que não comprou nada para mim, porém mesmo assim ela tentava puxar assunto comigo. Só falei com ela pelo fato da mesma puxar meu lindo cabelinho sem nenhum motivo. Temos uma linda amizade, e tudo era inocente entre a gente, mas aos 12 anos a taradinha aqui começou a dar em cima da melhor amiga. O quê posso fazer? Jisoo já nasceu sendo perfeita. Mas deixando claro; nunca rolou nada entre nós, nenhum beijinho.

  A gente também nunca namoramos e nem falamos sobre gostar de nenhuma pessoa, até mesmo dos garotos ou garotas que tentavam algo com a gente. Sempre evitamos sobre esse assunto, e no fundo eu já sabia que teria que me casar algum dia com alguém que meus pais escolhesse. Foi isso que aconteceu com minha irmã. A Jihyo fugiu junto com a namorada e ela acabou perdendo todo benefício que minha família dava para ela, mas por sorte a família da minha cunhada apoiava e apoia o lindo relacionamento delas. Eu tinha medo de falar a minha preferência sexual para qualquer pessoa, ainda mais se meus pais soubessem já que eles sempre deixaram claro que homem tem que ficar com mulher, e mulher com homem. Eles sentiram tanto nojo da minha irmã que até eu acabei chorando por saber que isso aconteceria comigo.

- Esse chá é delicioso. Amo camomila!

- É bom mesmo. Meu chá favorito.

- Por enquanto, né?

  Juro que tentei não dar meu sorrisinho malicioso, mas poxa... tem coisa que eu não consigo evitar. Acabei levando um tapa na minha testa.

- Quer dormir um pouco? Ainda está cedo. —Kim falou. Eu sabia que ela estava com sono ainda.

- Vou apenas tomar um banho, ok? Preciso relaxar.

- Tudo bem. Eu vou com você.

  Concordei. Desde pequenas pegamos esse costume de tomar banho juntas, então com isso acabamos nunca tendo nenhuma malícia nessa hora já que era normal para a gente, porém uns dois anos atrás eu comecei a ter mãos bobas nessa hora. A otária só sabia rir e desviar de mim.

- Sai daí. —Ela me empurrou pra fora do chuveiro.

- Aff! A parede está gelada, garota.

- Essa água está tão gostosa. —Ela deu um lindo sorrisinho sentindo a água morna em seu lindo corpo.

- Gostosa é apenas você. —A abracei de frente, com o rosto de lado para não molhar.

- Isso é verdade. —Ela retribuiu meu abraço, deixando nosso corpos colados.

 Parece que a minha Kim favorita está ganhando coragem para ficar do jeito que quiser comigo.

  Desci uma das minhas mãos até suas costas e levei até sua bunda, apertando sua nádega.

- Para de ser safada.

- Você gostou já que nem se afastou.

- Tô com preguiça de me afastar, simplesmente.

  Claro que não era isso, e desde a semana passada ela está deixando eu tocar como quiser no corpo dela, isso começou desde que eu falei novamente sobre o assunto do tal casamento estúpido.

  Me afastei dela e permiti a gente ter um banho tranquilo e respeitoso. Jisoo logo achou melhor sairmos do banheiro já que a madame disse que não era eu que pagava as contas.

 Nos vestimos, eu com uma roupa confortável dela, e fomos direto para a cama. Eu apenas usava uma das enormes camisa da minha amiga e um shortinho dela, sem nenhuma calcinha. Já ela colocou um shorts de algodão e um top.

- Chu? Meu medo voltou. —A abracei fechando meus olhos.

- Shh. —Ela mexeu em meus cabelos castanhos. — Tô aqui com você. Tudo ficará bem.

      É, também espero isso.

The feels {Concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora