Marília POV
O dia tinha sido péssimo, e a noite não seria melhor. Tínhamos tido problemas sérios na filial de Londres, com um dos diretores a desfalcar a empresa em milhares de euros. Maldito! Para onde quer que ele tivesse fugido, eu iria pôr os melhores advogados atrás dele, e apanhá-lo, mesmo que ele estivesse no buraco mais longínquo e fundo da terra.
Entendi que, para analisar todos os estragos que tinham sido feitos, teria de viajar para Londres. Além disso, precisava de encontrar um novo diretor, para a filial, alguém da minha confiança, e com sabedoria suficiente para ajudar a reestruturar o que tinha sido desfalcado.
Planeei um voo para a noite seguinte. Iria de jato, é mais rápido e daria para trabalhar durante o voo. Precisava apenas de preparar a minha ausência aqui, mas confio plenamente em César Menotti, meu braço direito, e homem da minha total confiança.
Não conseguiria resolver mais nada daquele assunto, nessa noite e à distância. Optei por ir para casa, precisava de um banho relaxante, e de colocar algumas roupas na mala, para a viagem. Ficaria pelo menos 2 semanas em Londres.
Desci à garagem da empresa, já passava da meia-noite, entrei no carro e conduzi até casa, subi até ao meu apartamento, deixei os sapatos à entrada de casa e segui direta para a hidro, onde fiquei durante um longo tempo, em total silêncio e só tentando relaxar.
Quando sai, vesti uma lingerie e fiquei assim mesmo, estava sozinha em casa, ninguém me incomodaria. Servi-me de vinho, e sentei-me em frente a uma enorme janela de vidro, de onde conseguia ter uma vista desafogada para a cidade e para o mar.
Havia momentos em que a me sentia muito sozinha, a minha vida era uma coleção de relacionamentos falhados e, amigos, tinha poucos, a minha melhor amiga era Luísa Sonza, crescemos juntas, pela amizade dos nossos pais e por termos estudado juntas desde cedo. De momento, era vivia em França, era uma advogada de sucesso por lá e não nos víamos tantas vezes quanto gostava.
Peguei no telemóvel e vi que tinha algumas mensagens por responder. Algumas eram da minha mãe, Ruth Mendonça, mulher de hábitos simples e muita humildade, esteve ao lado do meu pai na sua ascensão ao sucesso, ao mesmo tempo que era uma mãe carinhosa e atenciosa, comigo e com João, o meu caçula. Viviam os dois no Brasil, terra natal dos meus pais. Tinha muitas saudades deles, e sabia que os visitava poucas vezes mas, o trabalho, era o meu foco e o meu escape para esquecer a minha vida pessoal falhada.
Respondi às mensagens da minha mãe, dizendo-lhe que estava tudo bem, e que viajaria para Londres, que lhe ligaria no dia seguinte para a informação da situação da empresa. Apesar de ser eu a gerir tudo, ela e João, também eram sócios, representados por mim, mas eu gostava sempre de os informar do estado da nossa empresa.
Perdi a noção das horas, e acabei por ver o nascer do sol, da minha janela. A vista deste apartamento foi, sem dúvida, o que me fez apaixonar por ele. Vesti uma roupa de treino, e desci à academia do prédio, onde me exercitei por mais de 1 hora e 30. Rapidamente subi ao apartamento, tomei banho, fiz as minhas higienes, vesti um vestido preto, colado, com sapatos pretos de salto, também, prendi o cabelo num coque, e fiz uma maquilhagem que realçava os olhos, usando um batom vermelho sangue.
- Estás gostosa, Marília - pensei
Coloquei roupas suficientes na mala de viagem, peguei o carro e conduzi até à empresa. Quando cheguei, já havia alguns funcionários no escritório, que me olhavam sempre de forma tímida e receosa. Não me importava que eles não gostassem de mim, não tinham de gostar, tinham de me respeitar e ser eficientes, era isso que queria de todos os meus funcionários.
Quando assumi a empresa, era muito jovem, sem experiência e tive de aprender a impor respeito a todos. Éramos a sede de uma empresa multinacional, com negócios em vários cantos do mundo, se o alicerce da empresa não funcionasse bem, seria a ruína da MendonçaArch.
Falei com Menotti, informei-o da minha ida a Londres e que seria ele a ficar no meu lugar nessas 2 semanas. Ficaríamos em contacto, até porque precisaria do seu apoio no problema de Londres.
Ao final da tarde, sai mais cedo, e conduzi, desta vez, em direção ao pequeno aeroporto, onde o jato me esperava, para irmos em direção a Londres, seria uma viagem relativamente curta.
Acomodei-me um pouco no acento e permiti-me descansar e desfrutar do silêncio que só era interrompido pelo som dos motores, ou comunicações dos pilotos. Decidi então ligar à minha mãe, para matar um pouco as saudades dela e do João, contando-lhes também do que se estava a passar na empresa, e deixando-os descansados de que resolveria o assunto.
Dona Ruth chateou-me, como de costume, pelo meu excesso de trabalho, eu sabia que ela tinha razão, mas a nossa empresa era enorme, e difícil de gerir. Em alguns momentos sentia um peso insuportável sobre os meus ombros, mas não deixaria o trabalho do meu pai em mãos alheias.

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Intenção
FanfictionA poderosa Mendonça é arrancada do seu mundo de negócios, sem aviso, pela pessoa que vai virar a sua vida ao contrário, devolvendo-lhe o desejo de viver além da sua secretária. Uma história em português de Portugal.